Por Márcio Cotrim
Quase
todos os países possuem Forças Armadas. No continente americano, só a
Costa Rica as extinguiu, nos anos 1950, e, apenas em algumas pequenas
nações, elas também não existem. As forças desarmadas, que representam o
poder civil, amplamente majoritário, é que dirigem o destino dos países
democráticos.
Essa
peculiar condição tem dado, ao longo dos anos, pretexto para agudas
discussões. Há quem diga, por exemplo, que elas custam caro e, em
contrapartida, formam um contingente cujo objetivo precípuo é estudar
guerra e suas decorrências e nem sempre aplica esses conhecimentos
porque não há guerra a guerrear. Contudo, uma cabal justificativa:
defende a existência delas com “Si vis pacem, para bellum” “Se queres a
paz, prepara-te para a guerra”.
Em sua estrutura operacional, os militares estão organizados em patentes, cada qual com seu berço próprio, quer ver?
Patente
vem do latim patere, tornar público, indicando em que grau se encontra o
militar na hierarquia. Já soldado tem berço no italiano soldato,
aquele que recebe soldo.
Cabo,
por sua vez, se origina do latim caput, cabeça, no sentido de que é
“pessoa que chefia”. Hoje em dia, o cabo não manda muito, mas pode
consolar-se lembrando que Napoleão Bonaparte era chamado, com afeto, de
le Petit Caporal, o pequeno cabo. Ele foi cabo no exército numa época em
que muitos já começavam a carreira militar com patente de oficial
recebida por méritos de parentesco, ou até de pura e simples compra,
imagine você.
Sargento
vem do latim servire, servir, atender, ajudar. De início, sua atividade
era mais a de um criado, posição relativamente parecida com a de hoje.
Tenente tem berço no latim tenere, manter, segurar, firmar. É alguém de
confiança que garante a manutenção do lugar, da situação, do cargo na
ausência do seu titular.
Capitão
vem do latim caput, cabeça, aquele que manda em sua tropa. Major também
tem origem no latim major (pronunciava-se máior), aumentativo de
magnus, grande. Coronel vem do italiano colonello, o indivíduo comandava
uma colona, ou seja, uma coluna de soldados. Atualmente, o coronel tem
atribuições bem mais elevadas do que comandar uma coluna.
General
vem do grego gignomai, eu nasço, passando pelo latim genere, gerar,
referente à liderança da tribo inteira, chegando a geral em português,
espanhol, inglês e francês. Já generalíssimo é um posto em geral
associado a republiquetas — caso do ditador Rafael Leônidas Trujillo,
manda-chuva da República Dominicana, uma espécie de fazenda de sua
propriedade, a começar pelo nome que deu à capital do país, Ciudad
Trujillo...
Outras
patentes como marechal, anspeçada, comodoro, furriel, ordenança,
brigadeiro e almirante vão merecer menção e explicação em outra coluna,
mas desde já fica a lembrança de que, em todos os níveis aqui
enunciados, seus titulares são gente idealista a serviço da pátria — com
as devidas exceções que confirmam a regra…
ARSENAL — Essa
palavra tem seu berço no árabe dar as-sina’ah e no italiano arzenale,
literalmente casa de manufatura, local onde são guardados petrechos de
guerra ou onde os navios atracam para recebê-los. O nome foi usado pelos
venezianos no século 16, para uma praia onde se fazia carga e descarga
de navios, e ficou consagrado como fábrica de armas e munições de
guerra, e também centro de construção e reparo dos navios de guerra.
Construído e pronto, o navio é incorporado a uma esquadra, da qual faz
parte a mostra de armamento, que nada tem a ver com armas, e sim com
armação. A armação corresponde à expressão armar um navio, provê-lo do
necessário à sua utilização, e quem faz isso é o armador. Um dos mais
conhecidos armadores do mundo foi o provedor de navios e navegador
Américo Vespucci, cuja influência foi maior que a do próprio descobridor
do Novo Mundo e que passou a ser conhecido como América, em vez de
Colúmbia, como seria de maior justiça a Cristóvão Colombo. Aliás, muita
gente que viaja aos EUA diz que vai à América, grande bobagem, pois se
esquece de que nesse continente existem mais de 50 países. Coisas de
desinformados e deslumbrados…
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