As escutas mostram conversas entre o senador e o contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da máfia dos caça-níqueis de Goiás
Demóstenes Torres (Agência Brasil)
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski negou o pedido de liminar feito pela defesa do senador Demóstenes Torres (GO) para anular o inquérito contra o parlamentar. Gravações da Polícia Federal revelam conversas entre o senador e o contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da máfia dos caça-níqueis de Goiás. Com a decisão de Lewandowski, a investigação contra Demóstenes continua.
A reclamação foi protocolada na terça-feira pelo advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. No pedido, ele argumenta que a competência do Supremo foi usurpada, pois Demóstenes Torres só poderia ser investigado pelo STF por ter foro privilegiado. A investigação em que foram autorizadas as escutas telefônicas das ligações feitas por Cachoeira estava sob os cuidados da Justiça Federal de primeira instância.
Lewandowski solicitou informações aos juízes federais da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Goiás e da Vara Única da Subseção Judiciária de Anápolis (GO), que autorizaram escutas telefônicas envolvendo o senador.
“O ministro só negou a suspensão do processo, não disse se as provas são válidas ou inválidas”, afirmou o advogado do senador. Ele disse ainda que está estudando o processo contra Demóstenes no Conselho de Ética e entregará a defesa no último dia do prazo, 25 de abril.
Acusações - O parlamentar foi atingido pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As autoridades desmontaram uma extensa rede criminosa comandada por Cachoeira. Foram presos policiais militares, civis e federais que participavam do esquema. Mas a maior surpresa veio de conversas entre Demóstenes e o contraventor, interceptadas pelos investigadores. Além de ter recebido do criminoso um presente de casamento no valor de 30 000 dólares, o senador foi flagrado pedindo auxílio financeiro e negociando o uso de um jatinho de Cachoeira.
O chefe da quadrilha também aparece negociando recursos com comparsas e, em vários trechos, cita o nome do parlamentar. Cachoeira chega a falar em "um milhão do Demóstenes". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF a abertura de um inquérito contra o parlamentar. A corte acatou o requerimento.
(Com Agência Estado)
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