13 de abr. de 2012

Demóstenes chega ao Senado: "provarei que sou inocente"

"O que tem que ser feito judicialmente está sendo feito. Aqui, eu quero provar minha inocência no mérito", disse o Senador

Terra

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Prestes a dar satisfações ao Conselho de Ética sobre uma suposta quebra de decoro parlamentar, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse que vai provar sua inocência no processo que pode cassar seu mandato. "O que tem que ser feito judicialmente está sendo feito. Aqui, eu quero provar minha inocência no mérito. Eu o farei, e provarei que sou inocente", disse ele ao chegar ao Senado Federal na manhã desta quinta-feira.

A situação de Demóstenes começou a se complicar após a divulgação de gravações telefônicas que indicavam uma relação próxima entre ele e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O parlamentar pediu desfiliação do DEM após o partido anunciar que abriria um processo que poderia resultar em sua expulsão.

O processo contra o senador foi aberto na terça-feira pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Valadares acatou o pedido logo após assumir o comando do Conselho. A representação para investigar a suposta sociedade de Demóstenes com o bicheiro Carlos Cachoeira, atualmente preso, foi feita pelo Psol.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

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