29 de abr. de 2012

Sem chefe ficou melhor

Comandado por um interino que não age sem o aval do Planalto, o Ministério do Trabalho interrompe a onda de criação de sindicatos fantasmas e mostra resultados

Adriana Nicacio
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ELE MANDA
O ministro Gilberto Carvalho é quem dita as normas no Trabalho,
enquanto o ex-titular Carlos Lupi (à cima) perde influência
Na noite da quarta-feira 18, enquanto sete mil trabalhadores de Belo Monte decidiam paralisar as atividades no Pará, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, recebia em Brasília informações detalhadas sobre o andamento da assembleia. Naquele mesmo momento, o ministro interino do Trabalho e Emprego, Paulo Roberto dos Santos, cumpria burocraticamente sua agenda ao receber em seu gabinete o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE). “Não posso nomear, demitir ou assinar nada sem perguntar para o Palácio do Planalto. Estou tampando buraco”, queixou-se o ministro a um colega pedetista. Esse é o atual retrato do Ministério do Trabalho. Desde que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, foi obrigado a pedir demissão da pasta, desgastado por denúncias de criação de sindicatos fantasmas e pelo envolvimento num esquema de repasses ilegais para ONGs, o órgão passou a ser monitorado pelo Palácio do Planalto. Paulo Roberto toca as tarefas de rotina, porém, sem maiores poderes. A interferência política se diluiu, os escândalos desapareceram e Gilberto Carvalho, que sempre foi muito próximo do movimento sindical, vem lidando com as principais questões trabalhistas.

A fórmula, a julgar pelos resultados, tem sido mais exitosa do que a anterior. A desenfreada criação de sindicatos fantasmas foi estancada. O ponto eletrônico, cuja implantação foi adiada várias vezes, tornou-se realidade, mesmo com a oposição das entidades patronais. O nível de emprego formal no País cresceu em março com a criação de 145 mil postos de trabalho. Também saíram do papel as unidades móveis do Trabalho em cinco Estados: Rondônia, Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná.

Ciente de que perdeu poder político, o PDT se movimenta para indicar o sucessor definitivo de Lupi. Mas, embora o deputado Paulo Pereira (PDT) tenha reunido as assinaturas das centrais sindicais em favor do deputado Brizola Neto (RJ), a nomeação ainda não saiu por resistência de Carlos Lupi. Ele tenta manter seu poder por meio de Paulo Roberto dos Santos e do secretário de Políticas Públicas de Emprego, Carlo Roberto Simi. Na prática, porém, perdeu espaço. A presidenta Dilma Rousseff nutre simpatia por Brizola Neto, mas já não tem pressa na nomeação porque Gilberto Carvalho tem se saído bem. No último mês, o ministro passou a coordenar a Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção, um espaço para aprimorar as condições de trabalho nos canteiros de obras do País. Ao reclamarem da intervenção de Carvalho, os pedetistas foram advertidos por um assessor de Dilma: “Cuidado, em time que está ganhando não se mexe.”
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