12 de jun. de 2013

Sem ação do BC, dólar sobe 0,7% e ultrapassa os R$ 2,15

Frustração do mercado em relação a encontro entre Dilma e Mantega é uma das justificativas para a subida

AE
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Em um dia de ajustes após a frustração com a ausência de novas medidas cambiais por parte do governo, os investidores voltaram a comprar dólares na sessão desta quarta-feira, 12. Com direito a uma corrida no fim dos negócios, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,70%, a R$ 2,1520, depois de alcançar a máxima de R$ 2,1570 (+0,94%), na última hora da jornada. Na mínima, logo após a abertura, a divisa foi a R$ 2,1250 (-0,56%).
Segundo operadores, a puxada à tarde reflete um movimento do mercado para testar a disposição do Banco Central (BC) em agir para conter a valorização da divisa norte-americana. No pregão anterior, a autoridade monetária atuou no câmbio por meio de dois leilões de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), quando a moeda norte-americana chegou ao patamar de R$ 2,16.
Apesar de a expectativa de novas medidas para limitar a alta do dólar não ter saído do radar, houve nesta sessão um "ajuste à expectativa que não se concretizou ontem", nas palavras de um operador, referindo-se ao encontro do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com a presidente Dilma Rousseff. O encontro havia sido cercado de especulações de que o governo anunciaria alguma medida relacionada ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente em operações cambiais. Em reação, o dólar recuou na terça-feira, 11. "Não saiu nada da reunião, então os investidores voltaram a comprar dólares hoje", disse outro profissional da área de câmbio.
Além disso, o fato de o dólar em relação ao real ficar descolado de outras moedas com forte relação com commodities chamou a atenção dos operadores. Isso foi visto como um motivo adicional para a autoridade monetária agir - o que não ocorreu. "O real está entrando em um nível perigoso, o que se soma ao fato de a nossa moeda estar bem descolada. O mercado sabe que o BC está olhando para isso e pode atuar", avaliou operador de um grande banco à tarde.
Outro profissional acredita que o BC pode até lançar mão de um leilão de venda à vista, se for necessário. "O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem comentado em entrevistas que o Brasil tem fortes reservas para conter a alta do dólar, o que pode ser visto como uma disposição para o governo lançar mão de um leilão de dólar spot (venda à vista)", destacou.
Outro operador ponderou que o movimento especulativo ficou mais evidente nesta sessão, porque o fluxo foi reduzido. "Como o mercado está sem muita liquidez, não é preciso comprar muitos lotes para puxar a cotação para cima."  Perto das 17h30, a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 1,562 bilhão. O dólar pronto na BM&F teve alta de 0,55%, a R$ 2,1490, com apenas dois negócios. No mercado futuro, o dólar para julho era cotado a R$ 2,1610, em alta de 0,93%.

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