Conheça as mansões milionárias, equipadas de piscinas, quadras de esportes e tudo de melhor que um abrigo particular pode oferecer, onde delatores acusados de operar propinas e desviar milhões da Petrobras ficarão presos


Cumpre lembrar que as colaborações possibilitaram que os integrantes da Lava Jato pudessem elucidar crimes impossíveis de serem desvendados, não fossem os testemunhos de quem atuou ativa e pessoalmente no coração do esquema. Seria um colossal contrassenso colocar em questão a importância dos acordos. Mas o risco de um retrocesso no combate à impunidade é inegável quando o benefício é desproporcional ao ilícito cometido e aos danos provocados à sociedade.

Beneficiado pelo acordo de delação premiada, Cerveró teve a pena reduzida para três anos. E é na residência em Itaipava que ele deve cumprir um ano e meio no regime domiciliar. O imóvel fica na Estrada Neusa Brisola, 800, tem 5.000m2, piscina, cascata e integra o conjunto de bairros que compõe a região de Petrópolis. O município tem cerca de 300 mil habitantes e fica a 1h30 da capital fluminense. O preço das casas varia de R$ 400 mil a R$ 10 milhões. O local se destaca por ser uma das regiões mais tranquilas do estado.
Modéstia não é o ponto forte de Sérgio Machado. Réu confesso de ter desviado mais de R$ 70 milhões da empresa para irrigar as contas de integrantes do PMDB, ele vai continuar desfrutando de uma vida de rei. O delator cumprirá uma pena de dois anos e três meses em prisão domiciliar, o que não será exatamente um castigo. A remissão de seus erros será no luxuoso Bairro Dunas, que fica no litoral de Fortaleza. A mansão de 3.000m² possui quadra poliesportiva, piscina e garagem para 10 carros. Como parte do pacote de bondade por ele ter desvelado o esquema de desvio de dinheiro, terá permissão para receber advogados, agentes de saúde e 27 familiares.

Se dois dos três réus anteriores precisaram amargar o sofrimento de passar meses e até ano em uma cela, o mesmo ainda não ocorreu com gerente executivo de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco. Até agora, tem se mantido ileso das acusações a que lhe são imputadas. Seu advogado se orgulha de repetir a proeza. “Nunca foi preso”, limitou-se a comentar o assunto o advogado Antônio Figueiredo. Barusco é suspeito de receber pelo menos US$ 100 milhões em propinas. As denúncias são de funcionário da Petrobras. Segundo eles, entre 1979 e 2010, o ex-gerente teria recebido dinheiro de fornecedores da estatal para fechar contratos.

O lobista Fernando Baiano, apontado pela Justiça como operador de propinas do PMDB, foi condenado a 16 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção. Mas, também com a delação, já cumpre pena em seu apartamento de 800 m², na avenida Vieira Souto, no Rio, – um dos metros quadrados mais caros do Brasil. Terá de devolver pouco mais de R$ 2 milhões. Seu apê é avaliado em R$ 12 milhões. Desde que foi para casa, faz valer seu direito de dar festas regadas a vinhos caríssimos para amigos. A vida pode nunca mais ser como antes. Mas só a impressão de que o crime pode ter compensado já é desalentador para pessoas de bem. Péssimo para o avanço na direção de uma sociedade realmente mais justa.
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