4 de nov. de 2015

Marin é extraditado e já está nos Estados Unidos

Cartola, acusado de corrupção na Fifa, está proibido de falar com Ricardo Teixeira e Del Nero

Estadão Conteúdo
Marin_Agência-Brasil_483x303.jpg
 
José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foi extraditado de Zurique para os EUA e, se aceitar um acordo com a Justiça americana, ficará proibido de manter qualquer tipo de contato com Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero até o fim do julgamento, o que promete levar anos. Nesta terça-feira, o brasileiro embarcou em um voo na cidade suíça, colocando fim a mais de cinco meses de prisão, desde 27 de maio. Ele já está nos EUA. Viajou na classe econômica, acompanhado de dois policiais.

Ao desembarcar em Nova Iorque, Marin foi levado diretamente para uma delegacia. Depois, seguirá para sua primeira audiência na Corte do Brooklin. Graças a um acordo pré-estabelecido com o FBI, o brasileiro vai permanecer em prisão domiciliar, em seu apartamento na Quinta Avenida, e terá de pagar fiança milionária, estimada em R$ 40 milhões.

Marin foi o último entre os sete cartolas da Fifa presos em maio a ter seu caso avaliado pelos suíços. Foi a negociação para sua prisão domiciliar que acabou atrasando uma definição sobre o brasileiro que, em junho, havia entrado com recurso na Suíça para não ser extraditado. Enquanto isso, seus advogados se lançaram em um diálogo com o Departamento de Justiça para garantir que, em uma ida aos EUA, o ex-presidente da CBF receberia certos privilégios.

Pelo entendimento, Marin continuará a se declarar inocente e o processo vai seguir seu trâmite durante 2016. Mas ele aceita "colaborar" com a investigação e coloca uma parte significativa de seus bens nas mãos da Justiça. Isso vai incluir até mesmo uma garantia assinada por sua esposa. Por enquanto, Marin não teria obrigações de delatar ninguém. Mas a Justiça americana garante que, assim que ele desembarcar nos EUA, voltará a colocar o assunto sobre a mesa. Um dos focos dos americanos é o de traçar o envolvimento de Kleber Leite, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

PROIBIÇÃO

Com as investigações continuam, Marin ficará impedido de manter qulquer tipo de contato com Del Nero, Teixeira ou Kleber Leite, da Klefer, um dos parceiros da CBF. Se violar esse princípio, irá imediatamente para uma cadeia em Nova Iorque. A meta dos investigadores é a de impedir que Marin possa repassar informações do processo aos ex-companheiros de comando na CBF. Marin foi o vice-presidente de Teixeira e, de forma constante, consultava o dirigente em Miami sobre os destinos da entidade.

Já Del Nero, atual presidente da CBF e que não deixa o Brasil desde que voltou daquele Congresso da Fifa em que Marin foi preso, era o homem que acompanhava diariamente as atividades de Marin e foi escolhido como o sucessor do dirigente. Aos advogados suíços, Marin não conseguiu negar que os fatos apontados no indiciamento são falsos. Num primeiro encontro ainda na prisão no início de junho, o brasileiro se dizia inconformado com as acusações e o fato de ele estar preso. Mas, na reunião seguinte e ao ser confrontado com o ato de acusação, Marin mudou radicalmente de tom. Sua frustração teria sido com o comportamento de J.Hawilla, da Traffic, o empresário que o gravou em uma conversa pedindo propinas para a Copa do Brasil.

Seus advogados nos EUA optaram por sair em busca de um acordo, no mesmo padrão que vingou para Jeff Webb, o ex-vice-presidente da Fifa. O cartola entregou relógios de luxo, propriedades, carros e até o anel de noivado de sua esposa. Mas o acordo esbarrava em outro problema: quem pagaria a conta da fiança. O ex-dirigente indicou que não estaria disposto a arcar sozinho com a conta da fiança, que pode chegar perto de US$ 10 milhões.

A Justiça na Suíça também colaborou e aguardou por um acordo entre Marin e os americanos, antes de dar sua posição. Isso porque, se os suíços o extraditassem pelas vias legais, Marin chegaria aos EUA eventualmente sem um acordo, deixando-o em uma posição de maior vulnerabilidade. Por isso seu processo levou mais de cinco meses e acabou sendo o último dos sete cartolas presos em maio a ser tratado.

Com todos esses aspectos solucionados, a Justiça suíça então convocou Marin para uma audiência na terça-feira passada e o questionou se ele estaria disposto a ir voluntariamente aos EUA. A resposta foi 'sim'.

Nenhum comentário: