2 de ago. de 2015

Justiça Federal homologa acordo de operador que delatou Jorge Zelada

Hamylton Padilha passa a integrar o grupo de delatores da Lava Jato.
Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, foi indiciado.

Fernando Castro e José Vianna Do G1 PR e da RPC
O ex-diretor da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, durante depoimento à CPMI da Petrobras (Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara)
Jorge Zelada foi indiciado na 15ª fase da Operação
Lava Jato (Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara)
A Justiça Federal no Paraná homologou um acordo de delação premiada entre o Ministério Público Federal (MPF) e o operador Hamylton Pinheiro Padilha, indiciado pela Polícia Federal (PF) em inquérito da 15ª fase da Operação Lava Jato. O acordo veio à tona na conclusão do inquérito, em que a PF anexou o termo de colaboração e documentos apresentados pelo delator.
O relato e a documentação embasaram o indiciamento de Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de capitais e evasão de divisas. Padilha detalhou como funcionou um suposto esquema para operar pagamentos de propina em um contrato para cessão do navio-sonda Titanium Explorer para a estatal.
Padilha era representante da Vantage Drilling Corp, empresa que negociou o navio com a Petrobras. Ele conta que foi procurado por Raul Schmidt Felippe Júnior – outro operador – que informou que negócio só prosseguiria se houvesse pagamento de propina para Jorge Luiz Zelada, que havia substituído Nestor Cerveró na diretoria Internacional da Petrobras.
Neste encontro, que ocorreu em local público do Rio de Janeiro, Padilha diz que Raul o apresentou a João Augusto Rezende Henriques, que era seria o intermediário de Zelada para as instruções de recebimento de propina. Na ocasião, foi discutida uma dificuldade para operar o pagamento da propina sem despertar a atenção do setor de prevenção de fraudes da Vantage.
  A solução encontrada, segundo Padilha, foi buscar a empresa proprietária do navio para fazer – a Taiwan Maritime Transportation co. Ltd – que afretou o navio para a Vantage negociar com a Petrobras. Para chegar até o acionista controlador da TMT, Hsin Chi Su – também referenciado como Nobu Su -, Padilha conta que precisou da intermediação do CEO da Vantage, Paul Alfred Bragg. O delator afirma, porém, que Bragg não sabia das irregularidades.
O encontro com Nobu Su ocorreu em Nova Iorque, onde Padilha conta que acertou o pagamento de propina diretamente pela TMT, que também é acionista da Vantage. Para concluir o negócio, Nobu Su foi ao Rio de Janeiro, em um encontro arranjado com Padilha no hotel Copacabana Palace.
Ali, Padilha conta que apresentou Nobu Su ao intermediário de Zelada João Augusto Rezende Henriques, para que eles acertassem os detalhes do pagamento da propina. O delator conta que não sabe detalhes da operação.
Comissão
O delator diz que, para receber a comissão, foi assinado um acordo entre uma subsidiária da TMT e a empresa Oresta, de propriedade de Padilha. A Oresta deveria receber U$S 15,5 milhões de comissão pela negociação – o delator afirma ter ouvido Henriques dizer que este também era o valor negociado para a propina que tinha Zelada como destinatário final.
Da comissão, metade deveria ficar com Padilha, e a outra metade deveria ser transferida para Raul. O delator conta, porém, que foi recebido efetivamente apenas U$S 10,8 milhões, em dois pagamentos no ano de 2009 – o restante não foi pago porque a TMT entrou em concordata.
Todos os citados na delação de Padilha, inclusive ele, foram indiciados pela PF no inquérito da 15ª fase da Lava Jato.
Polícia Federal cita acordo de delação premiada de Hamylton Pinheiro Padilha (Foto: Reprodução)Polícia Federal cita acordo de delação premiada de Hamylton Pinheiro Padilha (Foto: Reprodução)

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