30 de nov. de 2013

Maduro aperta cerco ao comércio e congela preços de aluguéis

Presidente da Venezuela chama empresários de "capitalistas parasitas" que tentam sabotar a economia do país

O presidente venezuelano Nicolás Maduro
O presidente venezuelano Nicolás Maduro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que a partir de sábado a fiscalização sobre as empresas suspeitas de manipular preços ficará ainda mais rigorosa. Maduro afirmou que a política de 'linha dura' com lojistas faz parte de uma agressiva "ofensiva econômica" pré-eleitoral contra a inflação em seu país, a mais alta de todo o continente americano — e que beira os 55% ao ano. "Não estamos brincando. Estamos defendendo os direitos da maioria, sua liberdade econômica", disse o presidente nesta sexta-feira, alegando que irregularidades de preço foram encontradas em quase todas as 1.705 empresas inspecionadas pelo governo desde o começo do mês.
Maduro, herdeiro político do caudilho Hugo Chávez, iniciou neste mês uma teatral onda de fiscalizações - muitas vezes com transmissão pela TV - para forçar as empresas a reduzirem preços. Ele alega que "parasitas capitalistas" estão tentando sabotar a economia venezuelana.
Nesta sexta-feira, o discípulo chavista também baixou um decreto que impõe um teto aos aluguéis comerciais a algo em torno de 40 dólares por metro quadrado. A intenção é reduzir os custos dos comerciantes e, consequentemente, os preços de produtos no país. O documento também proíbe o pagamento de aluguel em moeda estrangeira.
Baseando-se em estudos de caráter duvidoso, o governo alega que milhares de lojas vêm praticando reajustes de preço irregulares, com até 1000% de margem sobre os custos dos produtos. Maduro afirmou ainda que mais de 100 comerciantes foram presos durante o período de fiscalização.
Cartilha bolivariana - Nos seis meses em que está no poder, Maduro seguiu a cartilha bolivariana e, em vez de reconhecer a falência do sistema econômico, atribui os problemas a "guerra econômica" tramada por inimigos externos.
Entre 2002 e 2012 foram expropriadas 1.168 empresas - a maioria venezuelanas. Os últimos dados do Banco Central da Venezuela, de julho, mostraram que a escassez de alimentos fabricados por empresas estatais  dobrou entre 2007 e 2013.  A falta de azeite, açúcar, farinha de trigo e farinha de milho atingiu os patamares de 78%, 67%, 63% e 62%, respectivamente. Há seis anos esses níveis estavam em 53%, 25%, 14% e 5%, o que evidencia a piora dos últimos anos.
O El Universal destaca ainda que tal realidade — redução do parque industrial e, consequentemente, da capacidade de produção — transformou a Venezuela em um país que precisa importar 70% de seu consumo.
Natal — O comércio do país, diferentemente de outros anos, não se preocupa este ano com enfeites e ainda não decidiu se estenderá o horário de funcionamento em dezembro, como é de praxe. Os comerciantes, segundo o El Universal, estão mais preocupados em receber a visita do comando militar de fiscalização do que felizes com o período de altas vendas que se aproxima. Há inúmeras restrições sobre importação e comercialização de produtos.
Além de as lojas de telefonia do City Market, centro comercial da capital, terem sido fechadas, as lojas de roupas, calçados, eletrodomésticos e eletrônicos estão com pouco estoque e mostruário. A compra de produtos por pessoa também está sendo controlada.

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