Ministro disse que violação é inconcebível e inaceitável
Denúncias foram reveladas no programa Fantástico, da TV Globo, de domingo (1º). Foto: Agência Reuters “Convoquei o embaixador dos Estados Unidos ao meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro, dos fatos constantes, dos documentos revelados, das violações das correspondências da senhora presidenta”, ressaltou Figueiredo, que conversou com Shannon por volta das 9h por cerca de uma hora. Em seguida, o ministro se reuniu com Dilma.
Na reunião com Shannon, Figueiredo disse que as suspeitas sobre o Brasil envolvendo riscos à democracia e solidez do Estado Brasileiro são inadmissíveis. “O Brasil é um país democrático, um Estado sólido, em uma região democrática e sólida, que busca a convivência com seus parceiros de forma amistosa. Não se pode admitir, nem em sonho, que é um país de risco ou problemático”, disse.
Figueiredo assegurou que a conversa com Shannon foi dura e o tom claro. “Foi uma conversa que ele [Shannon] entendeu o que foi dito. As coisas, quando têm de ser ditas de forma clara, são ditas de forma clara. Ele tomou nota de tudo o que eu disse”, ressaltou o ministro.
“Hoje é feriado [Dia do Trabalho] nos Estados Unidos, mas ele [Shannon] se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca, para que eles nos enviem por escrito [as explicações sobre as denúncias]. Eu quero que o governo dos Estados Unidos dê as explicações, não necessariamente o embaixador. Nós estamos esperando a resposta. Na minha conversa, ficou claro que esperamos uma resposta ainda esta semana”, disse Figueiredo.
Em seguida, o ministro ressaltou que: “A violação é inconcebível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de prática a é incompatível com a parceria estratégica entre os países. O governo brasileiro quer prontas explicações”.
Senado vai instalar CPI para investigar espionagem contra Dilma
O Senado deve instalar nesta terça-feira (3) CPI (comissão parlamentar de inquérito) para investigar a espionagem realizada pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) no Brasil. A comissão foi criada há mais de um mês, mas só deve ser efetivamente instalada depois das denúncias de que a presidente Dilma Rousseff foi alvo direto das investigações da agência americana.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) deve ser eleita para presidir os trabalhos da CPI - que terá que investigar se houve, de fato, ações de espionagem sobre o governo e cidadãos brasileiros.
Os senadores também articulam aprovar voto de censura contra o governo dos Estados Unidos pelas ações de espionagem da agência americana que teriam atingido a presidente. Líder do governo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) apresentou o pedido de voto de censura nesta segunda-feira (2). O plenário tem que aprová-lo para que seja formalmente encaminhado ao governo dos Estados Unidos, o que deve ocorrer na terça.
"O voto de censura é o que o parlamento tem de mais forte na relação diplomática. A minha indignação vai além à solidariedade ao governo. Nós brasileiros precisamos ser respeitados. A título de manter um certo equilíbrio mundial, não se pode tudo", afirmou Braga.
Senadores se revezaram na tribuna da Casa hoje para criticar a espionagem americana. Braga disse que o governo do presidente Barack Obama tem que responder por "atos da nação", mesmo que seu governo não esteja diretamente envolvido na espionagem.
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