17 de jul. de 2012

Greve no serviço público federal recebe adesão de novas categorias


Por Lucas Marchesini, Rafael Bitencourt e Bruno Peres | De Brasília



A onda de greves no serviço público federal cresceu e ganhou novas adesões ontem, mas o Palácio do Planalto informou que não intervirá nas negociações conduzidas pelo Ministério do Planejamento. Os servidores vão engrossar o movimento hoje com uma marcha na Esplanada dos Ministérios. E a Central Única dos Trabalhadores (CUT) reforçará o coro dos descontentes ao visitar o acampamento armado pelos sindicalistas em Brasília.
Cerca de 35% dos funcionários de dez agências reguladoras, além do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), cruzaram os braços ontem, informou o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências).
O contingente parado representa 2,5 mil dos 7 mil servidores do DNPM e das agências nacionais de Vigilância Sanitária (Anvisa), Águas (ANA), Telecomunicações (Anatel), Cinema (Ancine), Energia Elétrica (Aneel), Saúde Suplementar (ANS), Transportes Aquaviários (Antaq), Transportes Terrestres (ANTT), Petróleo (ANP) e Aviação Civil (Anac).
Trabalhadores eletricitários de 14 empresas do grupo Eletrobras também pararam ontem, informou a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU). Apenas a área operacional da estatal permanece em atividade.
Essas categorias se juntaram aos servidores de 95% das 57 universidades e 38 institutos federais de educação, cujas atividades estão paralisadas há quase 60 dias. Os dois centros federais de educação tecnológica (Cefets) também estão com os serviços interrompidos, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).
Os professores foram os únicos grevistas a receber uma proposta de reajuste salarial do governo até o momento. A Andes, entretanto, ainda não respondeu oficialmente, embora tenha divulgado nota recusando a proposta. Assim, cada instituto e universidade deverá fazer assembleia nos próximos dias para decidir se aceita ou não os aumentos de até 45% sugeridos pelo Planejamento na semana passada. A Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) "está otimista" quanto à resposta da categoria, informou o Planejamento.
A Controladoria Geral da União (CGU) e a Secretaria do Tesouro Nacional, que já paralisaram as suas atividades na tarde de 10 de julho, pretendem repetir a dose amanhã. Na semana passada, 1,2 mil servidores aderiram ao movimento. Segundo o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical), a gestão da dívida pública, emissão de títulos e as transferências governamentais serão prejudicadas com a paralisação. Na CGU, trabalhos "como a fiscalização dos contratos da Construtora Delta com a União ficarão parados", informou a assessoria de imprensa.
Nesta semana haverá marchas unificadas de todos os servidores em greve. Além disso, o Sinagências realizará piquete em frente ao Congresso Nacional. Os grevistas devem acampar no local. O Ministério do Planejamento informou que a próxima reunião com a Condsef será amanhã. O Sinagências disse que deve se encontrar com a pasta na quinta-feira, mas tenta antecipar a agenda.
As negociações entre governo e servidores públicos federais não devem passar pela Secretaria-Geral da Presidência. O ministro Gilberto Carvalho não pretende receber os representantes das categorias que estão paralisadas por aumento salarial.
A Secretaria-Geral explicou que as negociações salariais são feitas no âmbito do Ministério do Planejamento, não sendo atribuição da secretaria essa discussão. A justificativa é de que eventual participação da Secretaria-Geral em diálogos com movimentos sociais, inclusive sindicais, ocorre para os entendimentos de acordos sociais, não para reajustes de salários.

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