“Se receber de vocês, cidadãos de Israel, um claro mandato… Hoje declaro minha intenção de aplicar, com um futuro governo, a soberania de Israel sobre o Vale do Jordão e a parte norte do mar Morto”, declarou Netanyahu, em entrevista coletiva em Ramat Gan, perto de Tel Aviv.
O Vale do Jordão representa cerca de 30% da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. Netanyahu disse querer anexar as colônias judaicas, o correspondente a 90% do território do Vale, “mas não vilarejos, ou cidades árabes como Jericó”.
Este plano não afetará “um único palestino”, garantiu o premiê, que disse querer aproveitar o plano de paz a ser anunciado pelos Estados Unidos para anexar outras colônias.
Esse plano será “uma oportunidade histórica e única de aplicar nossa soberania sobre nossas colônias em Judeia e Samaria e em outros lugares-chave para nossa segurança, nosso patrimônio e nosso futuro”, alegou Netanyahu.
A poucos dias das legislativas de abril, Netanyahu já havia prometido anexar os assentamentos judaicos em Judeia e Samaria, nome bíblico da Cisjordânia ocupada.
Apesar de violar o Direito Internacional, a colonização (ocupação), por parte de Israel, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental se manteve sob todos os governos israelenses desde 1967. Nos últimos anos, com o impulso de Netanyahu e de seu aliado em Washington, ela se acelerou.
O projeto do líder do Partido Likud (direita) foi recebido como um novo golpe pelos palestinos.
“É uma violação flagrante do Direito Internacional. É um roubo de terra flagrante. É limpeza étnica. Destrói não apenas a solução de dois Estados, mas qualquer chance de paz. Isso muda a situação”, denunciou à AFP Hanan Achraui, da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
“A Palestina está sendo erradicada”, continuou.
Guardiã dos lugares santos muçulmanos em Jerusalém Oriental, a Jordânia advertiu nesta terça que a promessa de Netanyahu “levará toda região à violência”.
“A Jordânia denuncia a intenção de Netanyahu de aplicar a soberania de Israel ao Vale do Jordão e à parte norte do mar Morto”, porque “levará toda região à violência”, afirmou o chefe da diplomacia jordaniana, Ayman Safadi, segundo um comunicado de sua pasta.
“Qualquer decisão de Israel de impor suas leis (…) na Cisjordânia ocupada” não terá valor jurídico em nível internacional, mas “será devastadora para um relançamento potencial das negociações, para a paz regional e para a própria essência da solução de dois Estados”, declarou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.
A Arábia Saudita qualificou a declaração de Netanyahu de “uma escalada muito perigosa contra os palestinos, que representa uma flagrante violação da carta da ONU e dos princípios da lei internacional”.
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Cortejando o eleitorado das colônias judaicas (partidário da anexação da Cisjordânia), Netanyahu está lado a lado de seu rival mais próximo, o ex-chefe do Estado-Maior do Exército, Benny Gantz, líder do partido de centro direita Azul e Branco.
Segundo analistas, o premiê israelense, que deverá ser ouvido no próximo mês pela Justiça sobre “corrupção” e “sonegação”, joga sua vida política nestas eleições.
A alguns dias das últimas legislativas, em abril, que não resultou na formação de um governo, levando assim a este novo escrutínio, Netanyahu já tinha prometido anexar as colônias judaicas na Cisjordânia ocupada.
Se a colonização por Israel da Cisjordânia e de Jerusalém oriental foi seguida por todos os governos israelenses desde 1967, a mesma se acelerou nos últimos anos com o impulso de Netanyahu e de seu aliado em Washington, Donald Trump.
Atualmente, mais de 600.000 israelenses mantêm uma coexistência conflituosa com cerca de três milhões de palestinos na Cisjordânia ou em Jerusalém oriental.
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