Vieira de Souza foi preso no dia 19 de fevereiro, na Operação Ad Infinitum – fase 60 da Lava Jato -, por suspeita de lavagem de dinheiro. Aloysio foi alvo de busca e apreensão porque foi beneficiário de um cartão de crédito ligado à conta suíça. O cartão teria sido entregue ao ex-ministro no Hotel Majestic, em Barcelona, em 2007, com um saldo de US$ 275 mil.
A Procuradoria da República afirma que o operador do PSDB manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual ele é beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas até 2017.
A Lava Jato identificou “a existência, ainda, de diversos outros registros de solicitação da emissão de diversos outros cartões de crédito e de viagem, e respectivas recargas, todos os quais vinculados à conta” mantida por Paulo Vieira de Souza no exterior.
Os procuradores destacaram, na manifestação à Gabriela, uma comunicação de 5 de julho de 2016, encaminhada por uma funcionária do Banco Bordier. Na mensagem, há uma solicitação de crédito em dois cartões vinculados a conta mantida em nome do Grupo Nantes. Os cartões, segundo a investigação, foram entregues na casa de Paulo Vieira de Souza em São Paulo.
Os procuradores identificaram ainda registros do uso de cartões de crédito em 2011 e 2012. A Lava Jato detectou 7 recargas, datadas de 21 de junho de 2011, 11 de dezembro de 2012 e 12 de dezembro de 2012, a cinco diferentes cartões de crédito emitidos em nome de Paulo Vieira de Souza e de sua ex-esposa Ruth Arana de Souza, totalizando CHF 175.000,00 (R$ 650 mil atualmente).
O que a Lava Jato quer de cada alvo?
Ruth Arana de Souza: esclarecimentos sobre os cartões emitidos a partir das contas mantidas em nome da offshore Groupe Nantes, informando, sobre cada um dos cartões discriminados (4950 1801 1398 6907 e 4950 1801 1404 5943), o real usuário, a data de emissão, a data de cancelamento, o local e data de entrega, a relação de todos os usos no Brasil e no exterior (data, valor, estabelecimento), o volume total de operações por ano, e todos os documentos que comprovem o alegado;
Aloysio Nunes Ferreira Filho: para que preste esclarecimentos sobre o cartão de número 8029 000 031 344 emitido a partir das contas mantidas em nome da offshore Groupe Nantes, informando, o real usuário, a data de emissão, a data de cancelamento, o local e data de entrega, a relação de todos os usos no Brasil e no exterior (data, valor, estabelecimento), o volume total de operações por ano, e todos os documentos que comprovem o alegado. Ainda, para que informe se já se hospedou no Hotel Majestic em Barcelona, na Espanha, indicando a(s) data(s) e o(s) propósito(s).
Defesa
Responsável pela defesa de Paulo Vieira de Souza, Santoro Advogados considera importante esclarecer:
1. É falsa a acusação segundo a qual o Ministério Público da Suíça investiga ou investigou possíveis ligações entre Paulo Vieira de Souza e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Portanto, carecem de fundamento probatório as referências de membros da Força Tarefa da Lava Jato, feitas com o único intuito de confundir e criar uma narrativa de condenação, a qual intoxica as redes sociais com o que se convencionou chamar de “fake news”.
3. O relatório da Procuradoria da Suíça cita as declarações prestadas por Mércia Ferreira Gomes, as quais jamais foram comprovadas pelo Ministério Público Federal de São Paulo, o Ministério Público Federal de Curitiba, a Polícia Federal ou o próprio Ministério Público da Suíça.
4. A falta de provas nesta acusação é evidente. Como também é evidente a falta de provas sobre a existência de um suposto bunker onde Paulo Vieira de Souza guardaria dinheiro, do qual ninguém conhece sequer o endereço.
Brasília, 22 de fevereiro de 2019.
Santoro Advogados”
O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Investe São Paulo, disse que ainda “não teve acesso às informações” da Operação Ad Infinitum, a fase 60 da Lava Jato. Segundo o tucano, o delegado da Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência nesta terça, 19, “foi muito cortês”, mas não revelou a ele os motivos da diligência. “O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há.”
Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta do operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.
Com a palavra, a Odebrecht
“A Odebrecht tem colaborado de forma eficaz com as autoridades em busca do pleno esclarecimento dos fatos narrados pela empresa e seus ex-executivos. A Odebrecht já usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente.”
Com a palavra, a Camargo Corrêa
“A Construtora Camargo Corrêa foi a primeira empresa de seu setor a firmar um acordo de leniência e, desde então, vem colaborando continuamente com as autoridades.”
Com a palavra, a Andrade Gutierrez
A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A companhia assumiu esse compromisso público ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia.
Com a palavra, PSDB
“O PSDB de São Paulo esclarece que não é parte no processo em questão e não mantém qualquer tipo de vinculo com o sr. Paulo Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou terceiros a fazê-lo em seu nome. Os recursos recebidos pelo partido, em período eleitoral ou não, foram doados de maneira absolutamente legal e declarados à Justiça Eleitoral, respeitando a legislação vigente.”
“A Executiva Nacional do PSDB não foi informada sobre os detalhes do caso, mas reitera seu apoio e confiança na justiça brasileira, em vista dos esclarecimentos prestados pelo ex-senador Aloysio Nunes”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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