8 de mar. de 2018

O disfarce dos ditadores

Os mistérios que rondam a história da falsificação de passaportes brasileiros emitidos para Kim Jong-un e seu pai, Kim Jong-il

Crédito: Wong Maye-E
NOME FALSO Passaportes foram emitidos em 1996, na República Checa. Kim Jong-un usou o nome de Josef Pwag em viagens para o Brasil, Japão e Hong Kong (Crédito: Wong Maye-E)
Isolada do mundo, a Coreia do Norte vive sob uma ditadura pontuada por histórias quase folclóricas. Elas vão desde a obrigatoriedade do corte de cabelo igual ao do líder Kim Jong-un ao dia em que é proibido sorrir por ser a data de falecimento do fundador da nação norte-coreana. Agora, um novo caso envolve o Brasil. O ditador Kim Jong-un e o pai, Kim Jong-il, falsificaram passaportes brasileiros para conseguir vistos em viagens internacionais, segundo noticiado pela agência Reuters. O documento foi emitido em 1996 pela embaixada do Brasil em Praga, na República Tcheca. Os nomes usados: Josef Pwag e Ijong Tchoi, ambos registrados como se tivessem nascido em São Paulo. O Itamaraty informou que está investigando o caso.

Disneylândia
Os passaportes, com dez anos de validade, teriam sido usados para conseguir vistos de pelo menos dois países, de acordo com a Reuters. Também foram usados em viagens ao Brasil, ao Japão e a Hong Kong. Em 2011, uma reportagem do jornal japonês “Yomiuri Shimbun” afirmava que Jong-un já teve um passaporte brasileiro e que, inclusive, havia viajado com o documento para conhecer a Disneylândia de Tóquio. Ainda não há explicação sobre o porquê de os passaportes terem sido emitidos em Praga. Mas não é de hoje que pai e filho se disfarçam para não serem reconhecidos ao redor do mundo. O atual ditador estudou em uma escola em Berna, na Suíça, e fingia ser filho de um chofer da embaixada da Coreia do Norte. Uma fonte de segurança que não quis se identificar disse à agência que a falsificação foi feita não apenas para que pudessem viajar, mas também para garantir uma rota de fuga quando necessário.
O passaporte brasileiro é bastante visado no mercado negro por causa das características da população, com influência de diferentes raças e nacionalidades (confira no quadro). Essa pode ser uma explicação para a escolha dos ditadores em emitir o documento, que venceu em 2006, na tentativa de se passar por brasileiros. Com um passaporte norte-coreano é quase impossível obter visto para o exterior – em parte em função da reciprocidade internacional ao isolamento do país. Mesmo quem consegue visto para entrar na Coreia do Norte é proibido de circular sozinho. Além disso, o próprio governo de Kim Jong-un, empenhado em mostrar a seus compatriotas que vivem em uma grande nação, dificulta ao máximo a saída de suas fronteiras.

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