Os mistérios que rondam a história da falsificação de passaportes brasileiros emitidos para Kim Jong-un e seu pai, Kim Jong-il
NOME FALSO
Passaportes foram emitidos em 1996, na República Checa. Kim Jong-un usou
o nome de Josef Pwag em viagens para o Brasil, Japão e Hong Kong
(Crédito: Wong Maye-E)
Isolada do mundo, a Coreia do Norte vive sob uma ditadura
pontuada por histórias quase folclóricas. Elas vão desde a
obrigatoriedade do corte de cabelo igual ao do líder Kim Jong-un ao dia
em que é proibido sorrir por ser a data de falecimento do fundador da
nação norte-coreana. Agora, um novo caso envolve o Brasil. O ditador Kim
Jong-un e o pai, Kim Jong-il, falsificaram passaportes brasileiros para
conseguir vistos em viagens internacionais, segundo noticiado pela
agência Reuters. O documento foi emitido em 1996 pela embaixada do
Brasil em Praga, na República Tcheca. Os nomes usados: Josef Pwag e
Ijong Tchoi, ambos registrados como se tivessem nascido em São Paulo. O
Itamaraty informou que está investigando o caso.
Disneylândia
Os passaportes, com dez anos de validade, teriam sido usados para
conseguir vistos de pelo menos dois países, de acordo com a Reuters.
Também foram usados em viagens ao Brasil, ao Japão e a Hong Kong. Em
2011, uma reportagem do jornal japonês “Yomiuri Shimbun” afirmava que
Jong-un já teve um passaporte brasileiro e que, inclusive, havia viajado
com o documento para conhecer a Disneylândia de Tóquio. Ainda não há
explicação sobre o porquê de os passaportes terem sido emitidos em
Praga. Mas não é de hoje que pai e filho se disfarçam para não serem
reconhecidos ao redor do mundo. O atual ditador estudou em uma escola em
Berna, na Suíça, e fingia ser filho de um chofer da embaixada da Coreia
do Norte. Uma fonte de segurança que não quis se identificar disse à
agência que a falsificação foi feita não apenas para que pudessem
viajar, mas também para garantir uma rota de fuga quando necessário.
O passaporte brasileiro é bastante visado no mercado negro por causa
das características da população, com influência de diferentes raças e
nacionalidades (confira no quadro). Essa pode ser uma explicação para a
escolha dos ditadores em emitir o documento, que venceu em 2006, na
tentativa de se passar por brasileiros. Com um passaporte norte-coreano é
quase impossível obter visto para o exterior – em parte em função da
reciprocidade internacional ao isolamento do país. Mesmo quem consegue
visto para entrar na Coreia do Norte é proibido de circular sozinho.
Além disso, o próprio governo de Kim Jong-un, empenhado em mostrar a
seus compatriotas que vivem em uma grande nação, dificulta ao máximo a
saída de suas fronteiras.
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