Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação
(antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da
reportagem e utilize o espaço de comentários ou envie um e-mail para g1seguranca@globomail.com. A coluna responde perguntas deixadas por leitores no pacotão, às quintas-feiras.

O
antivírus ainda é sinônimo de "segurança no computador" (e também no
celular) para muitas pessoas, mas, com uma variedade de produtos no
mercado - pagos e gratuitos -, há sempre a dúvida sobre qual programa é
melhor. A coluna Segurança Digital vez ou outra volta para responder
essa pergunta, já que o cenário muda com o passar do tempo e as dúvidas
voltam a chegar.
Resumindo o que esta coluna já afirmou
várias vezes, o "melhor antivírus" depende das suas necessidades, do seu
conhecimento e do orçamento que você tem disponível.
A
primeira pergunta é se vale a pena pagar por um antivírus. Em geral, a
resposta é não. Pagar por um programa aumenta as escolhas e dá direito
ao suporte técnico. Programas pagos também trazem acessórios ou
ferramentas extras como parte de uma "suíte" de segurança. Porém, não há
muita diferença na proteção em si. Se você não tomar alguns cuidados
básicos ao navegar na web, não importa quanto você pagou pelo antivírus -
ele vai deixar alguma coisa passar.
Antes de comprar um antivírusSupondo
que você tenha dinheiro, sua primeira prioridade deve ser abandonar o
Windows pirata. Muita gente usa o Windows pirata no Brasil e isso não é
nada bom para a segurança. Em certos casos, a atualização automática do
Windows é desligada para evitar que o computador pare de funcionar
repentinamente por causa do sistema antipirataria. Não instalar as
atualizações do Windows é péssimo para a segurança - pior do que ficar
sem antivírus. Isso não é aceitável. Pagar por um antivírus com o
Windows pirata é mais ou menos como comprar a fechadura sem ter a porta.
Em
seguida, o dinheiro deve ir para a aquisição de um disco rígido externo
ou pen drive com espaço suficiente para você guardar uma cópia de
segurança dos seus arquivos. Isso vai permitir que você recupere seus
dados no caso de um ataque de um vírus de resgate (que impede totalmente
o acesso aos seus arquivos) e também no caso de uma falha de hardware
no seu computador, que é uma função que o antivírus simplesmente não
tem. Tudo isso tem a ver com a segurança dos seus dados, então não
adianta pensar só no antivírus.
Se você ainda tem dinheiro, aí você pode considerar a aquisição de um produto antivírus.
A escolha do antivírusEm qual computador o antivírus será usado?
Essa
é uma pergunta muito relevante hoje. Tablets e notebooks de baixo
desempenho serão significativamente comprometidos por um antivírus, com
lentidão e duração de bateria reduzida.
Se você vai usar o
antivírus em uma máquina dessas, dê preferência para soluções leves,
como o Windows Defender (incluso no Windows 7 em diante) ou
experimente antivírus que ofereçam integração com serviços de análise em
nuvem para diminuir o impacto no seu sistema. Essa segunda opção é
interessante se você tem um computador ou notebook de baixo desempenho
que não vai ficar muito tempo desconectado da internet, mas não é
indicada se o acesso à internet em sua região é limitado, se você vai
levar o computador para locais sem acesso à rede ou se vai depender de
franquia de dados.
Também é importante refletir um pouco
sobre o seu conhecimento. Você consegue se adaptar a qualquer antivírus?
Alguns programas são difíceis de usar. Teste alguns produtos ou procure
por imagens da interface e veja qual é mais intuitivo para você.
Quanto à eficácia do antivírus em si, confira o
site do AV-Comparatives
e dê preferência para os produtos que ficaram com o selo "Advanced+".
Todos os produtos com essa tarja tiveram alto desempenho nos testes do
laboratório, que estão entre os mais completos do mundo.
Tenha
muito cuidado com "testes" de antivírus oferecidos por outros sites de
internet, mesmo os que se dizem especializados em tecnologia. A maioria
dos testes não é conduzida de maneira adequada, muitas vezes porque o
número de pragas testada é muito baixo. O AV-Comparatives tem um site em
tempo real, o que significa que pragas digitais novas são verificadas
assim que encontradas, o que é mais parecido com a realidade a qual seu
computador fica exposto.
Vale dizer: não há diferença
exata entre "antivírus" ou "antimalware" . Um antivírus é capaz de
remover qualquer tipo de praga digital e não apenas os "vírus". Porém,
alguns produtos escolhem não detectar programas meramente indesejados
que podem ser identificados como pragas por outras soluções. Mas
qualquer produto buscará remover pragas que roubam senhas de banco e
vírus de resgate, por exemplo. A diferença, claro, está na eficácia, mas
é para isso que serve o teste do AV-Comparatives.
A coluna traz
aqui duas listas resumindo os resultados de três testes ("teste do mundo
real", "teste de detecção de arquivo" e "teste de remoção"). Estão
listados apenas produtos com Advanced+ em ao menos uma
dessas categorias; quanto mais selos "Advanced+" um antivírus conseguiu,
claro, melhor ele é. Cuidado ao utilizar produtos com pontuações ruins
(Standard ou Tested) nos primeiros dois testes.
Antivírus Advanced+ 2015 com versões grátis (ordem alfabética):- Avast [Advanced+ / Advanced / Advanced+]
- AVG [Advanced+ / Standard / Advanced+]
- Avira [Advanced+ / Advanced+ / Advanced+]
- Bitdefender [Advanced+ / Advanced+ / Advanced+]*
- Panda [Advanced / Advanced+ / Advanced]
-
Tencent [Advanced+ / Advanced / não testado] (antivírus com histórico
de práticas ruins para obter pontuação mais elevada em testes)
Demais produtos:- Bullguard [Standard / Advanced+ / Advanced]
- Emsisoft [Advanced+ / Advanced+ / Advanced]
- eScan [Advanced / Advanced+ / Advanced]
- Eset [Advanced+ / Advanced+ / Advanced]*
- Kaspersky Lab [Advanced+ / Advanced+ / Advanced+]*
- Lavasoft [Standard / Advanced+ / Advanced]
*
Estes produtos também receberam Advanced+ no teste heurístico, que
avalia a capacidade do antivírus de detectar pragas que ele não
"conhece" ainda. Poucos produtos foram testados nessa categoria, então
confira o site do AV-Comparatives.
E os acessórios?A
maioria dos "acessórios" dos antivírus é dispensável. Isso inclui
firewalls, "navegadores seguros" e outros "mimos" oferecidos
principalmente a quem paga pelo produto. O pesquisador Tavis Ormandy do
Google recentemente encontrou brechas de segurança em uma extensão da
AVG para o Chrome, nos navegadores seguros da Avast e da Comodo e no
gerenciador de senhas embutido na suíte de segurança da Trend Micro.
Isso
não significa que as soluções dessas empresas são ruins (AVG e Avast
têm o selo Advanced+ no AV-Comparatives, por exemplo), mas mostra como
não vale muito a pena considerar esses recursos na hora de decidir qual
antivírus adquirir.
O que as empresas de antivírus sabem
fazer é antivírus. Em geral, há outros produtos melhores para
desempenhar as outras funções "extras" que um produto oferece. Outros,
como firewalls, em geral não valem a pena. O firewall embutido no
Windows é suficiente para quase todo mundo.
E para Android? E outros celulares?Versões
recentes do Google Play automaticamente bloqueiam e removem e
aplicativos malicioso, então o próprio sistema já tem um antivírus
embutido de certa forma, não sendo necessário um antivírus se você
apenas instala apps do Google Play.
Porém, diferente de
como é no computador, alguns antivírus oferecem certos acessórios
realmente interessantes, como rastreamento do aparelho, otimização e
gerenciamento de processos para simplificar certos ajustes de
desempenho. Dito isso, esses extras já não têm muito a ver com o
antivírus em si. Em geral, ajustes oferecidos por programas de
otimização podem ser acessados diretamente pelo sistema do celular, sem
um aplicativo de terceiros, e os desenvolvedores dos sistemas de
celulares (Google, Apple e Microsoft) oferecem serviços de rastreamento
também.
No celular, a questão da duração da bateria é ainda mais grave, então o antivírus precisa ter um impacto bem baixo no sistema.
Em
outros sistemas como Windows Phone e iOS, não é possível instalar
aplicativos fora da loja oficial oferecida pela desenvolvedora
(Microsoft e Apple, respectivamente), então um antivírus em si não faz
sentido, exceto para cumprir alguma política em empresas que podem
sofrer ataques mais direcionados e necessitam de uma visibilidade maior
sobre seus dispositivos.
OS XExistem
códigos maliciosos que rodam no OS X, o sistema operacional usado nos
computadores da Apple, como Mac Pro e Macbook. Em geral, eles são muito
raros e o sistema possui proteção embutida contra as praga mais comuns,
mas você precisa ter cuidado ao navegar na web e especialmente ao
digitar a senha de administração (root).
Resumindo-
Se for gastar dinheiro, compre primeiro um Windows original e um disco
externo ou pen drive para guardar uma cópia de segurança dos seus
arquivos.
- Considere as limitações do hardware em que o produto será usado
- Considere o seu conhecimento e qual produto parece mais intuitivo. Isso é preferência pessoal.
- Considere os produtos com melhor desempenho em testes (Advanced+).
- Ignore os acessórios e funções extras. Dê atenção ao recurso principal: o antivírus.
- Para celular, no iOS e Windows Phone não há necessidade de antivírus
-
Não é preciso instalar um antivírus no Android se você apenas utiliza o
Google Play ocasionalmente. Se você gosta de testar muitos aplicativos
novos e de instalar apps de outras lojas, instale um antivírus.
- Tenha cuidado na web mesmo se você utilizar um computador da Apple com OS X. O antivírus é dispensável; a cautela, não.
Imagens: Divulgação e Windows Defender (Reprodução)