20 de mar. de 2012

Internet móvel dobra no Brasil

Por Murilo Roncolato

De 2010 para 2011, o número de acessos à internet pelo celular cresceu quase 100%; tendência é de crescimento ainda maior

FOTO: Nicky Loh/Reuters

SÃO PAULO – O uso da internet por celular dobrou entre 2010 e 2011, pulando do patamar de 20,6 milhões para 41,1 milhões de acessos à banda larga móvel. Os dados fazem parte do mais recente balanço feito pela Huawei em parceria com a Teleco, que projeta que esse número deve subir para 73 milhões até o final deste ano.

Com dados atualizados no início do ano, a Anatel estimou ainda que em janeiro já havia 45,1 milhões de acessos que, no mês seguinte, saltou para 47,2%. Esse crescimento se deve principalmente a uma revisão da Anatel que gerou o aumento de 4 milhões de um ano para o outro.

O crescimento nacional (quase 100%) é maior do que o da média internacional, contabilizado pela UIT em 26,2%. Fazendo as contas, isso representa 24,1 acessos a cada 100 habitantes. O País fica bem atrás da média dos países desenvolvidos, que é de 56,5. Mas, no ano passado, ineditamente, o Brasil, com seus 21 acessos/100 habitantes superou a média do resto do mundo, na época de 17 acessos/100 habitantes.

Até o final de 2011, smartphones eram 36,9% de todos os aparelhos celulares vendidos no mundo (no Brasil, essa proporção é de 2 smartphones para cada 10 celulares). Sobre vendas, houve um aumento de 68% (94,1 milhões, em 2010; 157,8 milhões, em 2011). O estudo credita esse aumento no fim do ano aos lançamentos do iPhone 4S, pela Apple, e da linha Galaxy, pela Samsung. .

Os smartphones, no entanto, ainda são 18,9% do total de celulares no Brasil. Os de tecnologia 2G são a maioria, com 80,4% do total.

Por um perspectiva histórica, muito desse aumento se deve ao aumento de cobertura. Em 2010, a fração de municípios com acesso era 23,1%; em 2011, subiu para 48,5%. Em termos de população, o alcance da banda larga móvel saiu de 72,6% para 84%. Na mão contrária, a competição nessas cidades ainda é muito baixa. Da área coberta, apenas 12,6% dos municípios possuem duas operadoras ou mais oferecendo o serviço.

O que atravanca. Para Eduardo Tude, presidente da Teleco, os preços dos planos e dos aparelhos ainda é a maior barreira para a expansão do acesso móvel no País. Em média, no Brasil, o custo de um plano (500MB) de internet para celular é de R$ 56,20. No México (pela Movistar) é R$ 26,82; e na Argentina, R$ 30,17 (América Móvil).

Para pacotes de 2 GB, o Brasil cobra em média R$ 84,90. Enquanto isso, no Reino Unido, encontra-se a mesma quantidade de dados por R$ 44,06; e Portugal por R$ 45,70.

O preço dos aparelhos celulares também cresceu. No final de 2011, em média, o custo para se ter um smartphone aumentou 27,4% de um trimestre para o seguinte. Em comparação com modelos de celular mais simples (não 3G), os aparelhos por aqui custam quase quatro vezes mais.

Como exemplo, o estudo pegou o preço do Galaxy Ace em diferentes países. No Brasil, o aparelho é encontrado por R$ 910, enquanto no México sai por R$ 472, no Chile por R$ 507 e na Argentina por R$ 437 (menos da metade do valor brasileiro).

Segundo a Anatel, o País fechou fevereiro com 247,6 milhões de linhas de telefones celulares ativas (2,4 milhões a mais no mês). Agora, em média, são 126,4 habilitações para cada 100 habitantes.

Receita de dados. Um indicativo de que os padrões de acesso no Brasil se aproximam dos países desenvolvidos é a porcentagem da receita oriunda de dados, em contraposição à de voz. A tendência é de que a voz seja cada vez menos importante para as operadoras, e dados se tornem o serviço mais valoroso. No Japão, a receita média de dados passa de 50% da total, nos EUA é cerca de 40% e na Europa, 30%. Ainda segundo o estudo, no Brasil, os dados representam 20,9% da receita bruta total; tendo a Vivo na liderança, com 26,1% do total da receita (um aumento de 39,1% em relação a 2010).

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