Mas apenas dois disparos foram fatais: um na cabeça e outro no abdômen
Mohammed Merah, morte na quinta-feira depois de um cerco policial ao seu apartamento que durou cerca de 30 horas (Reuters)
Uma autópsia preliminar revelou nesta sexta-feira que Mohammed Merah, o autor confesso de sete assassinatos na França e morto na quinta-feira depois de um cerco policial de mais de 30 horas, foi atingido por cerca de vinte disparos, de acordo com informações divulgadas pelo jornal francês Le Figaro.
Uma fonte judicial consultada pelo site Le Parisien adiantou os primeiros resultados da autópsia, que revelam apenas dois disparos fatais: um deles atingiu o lado esquerdo da testa e o outro atravessou o abdômen. Ainda não se sabe, contudo, qual dos dois disparos foi o primeiro a atingir o assassino.
Além disso, os resultados revelam que o corpo de Merah estava "crivado de balas", a maioria na região dos braços e das pernas. A análise também confirmou que o jovem ainda estava vivo quando se atirou pela janela do banheiro em que estava escondido, no apartamento onde morava, em Toulouse. O corpo de Merah ainda se encontra no Instituto Médico Legal de Bordeaux, onde mais testes serão realizados nesta sexta-feira, entre eles o de toxicologia.
Horas antes da invasão de quinta-feira, os policiais atiraram bombas de efeito moral contra o apartamento de Merah e cortaram a energia elétrica no quarteirão, com o intuito de fazer pressão psicológica sobre o suspeito. De acordo com o ministro do Interior francês, Claude Gueant, a intenção das autoridades era capturar Merah vivo.
Família - Paralelamente à autópsia, a polícia prossegue o interrogatório com a família do assassino. Na noite de quinta-feira, a custódia policial sobre a mãe, irmão e cunhada de Merah foi prorrogada. Na França, a custódia policial para casos de terrorismo pode durar até quatro dias - nesse caso, até domingo de manhã.
Os investigadores procuram pistas para saber se Merah teve um cúmplice, repsonsável pelo armamento que o assassino usou em Toulouse e em Montauban. O procurador François Molins garantiu que a investigação “vai se concentrar em encontrar qualquer cúmplice que o tenha convencido a cometer tais crimes e que possa ter fornecido meios para isso”.
Fontes próximas à investigação afirmaram que o irmão mais velho de Mohammed, Abdelkader Merah, ignorava quaisquer planos criminosos do caçula. Contudo, testemunhas do caso o descreveram como comprometido com a causa islâmica, o que levanta dúvidas sobre seu papel na radicalização de Merah. Além disso, na quarta-feira, policiais encontraram explosivos em seu carro.
Em entrevista ao jornal Le Monde, o chefe da Direção Central dos Serviços de Inteligência Interiores (DCRI), Bernard Squarcini, afirmou que Abdelkader não tem traços de personalidade parecidos com os de Mohammed. A autoridade também ressaltou que, durante as negociações com a polícia, o assassino de Toulouse tentava isentar sua família de qualquer culpa: “Eu não confio no meu irmão, eu nunca disse a ele o que eu estava fazendo; ou à minha mãe”.
Histórico - Merah trabalhava como mecânico e havia tentado entrar na Legião Estrangeira da França em 2010. Conforme o site da revista Le Point, Merah, francês de origem argelina, foi expulso da corporação em seu primeiro dia e atualmente trabalhava como serralheiro em Toulouse, no sul da França - cidade onde ele matou um adulto e três crianças de uma escola judaica.
O jovem procurou grupos islâmicos radicais com os quais também estava envolvido seu irmão, que foi preso nesta quarta-feira. Merah, que afirmou pertencer à Al Qaeda, fez duas viagens à fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em 2010 e 2011, para se integrar a grupos combatentes de talibãs em uma região onde atua o Movimento dos Talibãs do Paquistão (TIP), informou o jornal Le Monde.
A Justiça e a polícia da França acreditam que o assassino de Toulouse realmente agiu sozinho, como ele mesmo havia dito na quarta-feira.
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