1 de jan. de 2015

Um ano para barrar a corrupção

O País tem a chance histórica de combater os malfeitos e punir corruptos e corruptores. Se falhar a classe política pode cair em total descrédito

Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br)
O tema pautou as eleições e ocupou boa parte da agenda legislativa e do noticiário no ano que passou. Agora, ganha status de política pública. Nenhum desafio será maior em 2015 que o combate à corrupção. Dele depende a retomada do crescimento e a própria garantia de governabilidade da presidente Dilma Rousseff. Declarações populistas que lhe renderam votos na campanha não surtirão efeito sem medidas concretas. Ao que cabe à chefa do Executivo, a cautela na escolha de ministros e assessores deve ser redobrada. Assim como evitar curvar-se ao fisiologismo político e, ao menor sinal de negociatas, varrer da Esplanada os responsáveis. Escudada em índices de aprovação do primeiro mandato, Dilma ainda resiste a cortar na carne. Também não dá sinais de que vá desaparelhar e reforçar o papel dos órgãos de controle, como CGU e COAF.
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ELE IMPÕE RESPEITO
O juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, tornou-se
símbolo do combate implacável à corrupção
O ato mais aguardado para o início do ano virá das mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que prometeu apresentar até o final de fevereiro a denúncia contra os políticos envolvidos no escândalo do “petrolão”. É porvável que o total de políticos envolvidos supere em muito os 28 nomes indicados pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Mas de nada valerão tais suspeitas se o procurador-geral não apresentar provas robustas de que parlamentares, governadores e ministros foram destinatários da propina paga por contratos superfaturados da Petrobras. De uma denúncia bem feita dependerá a abertura da ação penal no STF.
A oposição se articula para, na volta do recesso, pressionar por investigações de potencial ainda mais explosivo, como dos empréstimos do BNDES, os investimentos dos fundos de pensão e os contratos de grandes obras.
Mais importante que comissões de inquérito, é imperativo a aprovação de uma reforma política profunda, que reveja os atuais mecanismos de financiamento eleitoral – origem de todos os descalabros do sistema político.

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