Foram concluídas 1.830 obras até 30 de abril. Ainda assim, número de projetos no papel é três vezes maior do que o total de empreendimentos entregues
Gabriel Castro, de Brasília

A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio
de investimentos do PAC 2 Mobilidade Urbana. (Belo Horizonte - MG,
17/01/2014)
(Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação/VEJA)
No primeiro quadrimestre de 2013, foram inauguradas 796 obras ou empreendimentos do PAC. Um ano depois, em período idêntico, o número passou pra 1.830. Ainda assim, há três vezes mais obras no papel do que inaugurações. A legislação eleitoral veda inaugurações com a participação de autoridades três meses antes da eleições e também restringe o início de novos contratos no período eleitoral. Mas a campanha não limita o andamento de obras já iniciadas – ou seja, a concentração de obras no primeiro quadrimestre não pode ser atribuída a alguma regra da Justiça Eleitoral.
O governo da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) concluiu apenas 15,8% das obras do PAC 2 até 30 de abril deste ano, de acordo com levantamento. Passada a maior parte do mandato, 45,6% dos empreendimentos ainda não foram iniciados: estão em fase preparatória, em contratação, ou em licitação. Além disso, 38,6% das ações estavam em execução em 30 de abril.
O percentual de empreendimentos entregues é de 40,1% no setor elétrico e de apenas 17,2% na área de saneamento. Alguns programas têm 0% de obras concluídas: é o caso das rubricas Cidades Digitais, Cidades Históricas, Equipamentos de Esporte de Alto Rendimento e Infraestrutura Turística.
Das 6.000 creches prometidas pelo governo, somente 379 foram concluídas. Nem mesmo se forem consideradas as obras no papel a meta do governo seria alcançada: há 5.772 empreendimentos listados.
Em transportes, foram 37,3% dos empreendimentos concluídos. O índice de conclusão de obras ficou acima da média geral do PAC nas categorias rodovias (31,1%), aeroportos (33%), ferrovias (29,8%), hidrovias (28,1%) e portos (26,3%).
Exceções aos números medíocres são as rubricas "estradas vicinais", com 100%, Minha Casa, Minha Vida (100%) e Luz Para Todos (57,8%).
O número de obras na matriz do programa mostra, por outro lado, um aumento no número de empreendimentos listados na reta final do governo. Eram 32.959 em abril de 2013 e 48.747 um ano depois.
Os números apontam que, assim como o PAC 1, a maior parte do que foi programado pelo governo será concluída apenas na gestão seguinte. O excesso de burocracia, a falta de planejamento e o entusiasmo propagandístico do governo ajudam a explicar a discrepância entre o que foi programado e o que será entregue pela presidente Dilma, que chegou ao Palácio do Planalto com fama de boa gestora e com o epíteto de "Mãe do PAC".
Resposta – Em nota, o Ministério do Planejamento não contesta os números, mas apresenta uma justificativa: "Não é correto comparar obras por critério de quantidade. Quando se compara por critério de quantidade, faz-se uma equivocada equivalência entre uma hidrelétrica de grande porte e complexidade, como Belo Monte e Jirau com obras de pequeno porte e complexidade, como obras de pavimentação, por exemplo". O Planejamento afirma também que a execução orçamentária alcançou 84,6% do previsto até abril deste ano, dentro do ritmo programado. E que a constante contratação de novos empreendimentos impede a conclusão de parte das obras dentro do período 2011-2014.
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