Em público, partido defende
uma punição exemplar para o deputado. Nos bastidores, porém, a história
é outra, mostra reportagem de VEJA desta semana
Robson Bonin
ESTRATÉGIA - Câmara dos Deputados, terça-feira (3), 19h40.
No canto do plenário, André Vargas negocia com petistas uma maneira de
retardar o processo de cassação
(Cristiano Mariz)
Nas últimas semanas, André Vargas vem procurando pessoalmente cada
um dos integrantes do Conselho de Ética para clamar por misericórdia.
Ele sabe que o período eleitoral aumenta consideravelmente o seu risco
de cassação e pede apenas que os colegas engavetem o processo até as
eleições. Se conseguir arrastar seu julgamento para depois de outubro, o
deputado acredita que escapará da pior das punições. “O Vargas me pediu
ajuda. Mas, em ano eleitoral, você acha que alguém vai ser louco de
livrar a cara dele?”, diz o vice-presidente do Conselho de Ética,
deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). E completa: “Eu disse que ajudo,
desde que não me prejudique, porque, por mais que você queira ajudar,
tem hora que não dá. É ele ou eu, né?”. É exatamente essa a aposta do
parlamentar. Sem a pressão das urnas, o ex-vice-presidente da Câmara já
ouviu de alguns dos membros do conselho que sua punição será branda, no
máximo uma advertência pelo “mau comportamento”. Afinal, ele não é o
único que tem amizade com criminosos, não é o único que usa jatos
emprestados de empresários, não é o único que se aproveita do cargo para
encher os bolsos de dinheiro viabilizando negócios escusos no governo.
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