30 de jun. de 2014

Exército do Iraque intensifica ataque ao município de Tikrit

Segundo as tropas do país, 142 terroristas foram mortos nas últimas 24 horas — metade na cidade natal do ex-presidente Saddam Hussein

Membros das forças de segurança iraquianas celebrar perto dos corpos de militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), que foram mortos durante confrontos, nos arredores da cidade de Samarra
Exército do Iraque celebra conquista de território em Samarra (Reuters)
O Exército do Iraque afirmou neste domingo que 142 terroristas foram mortos nas últimas 24 horas no Iraque, incluindo 70 na cidade de Tikrit, onde os conflitos se intensificaram nos últimos dias. De acordo com as tropas do país, o controle da Universidade de Tikrit está nas mãos das forças armadas.
Tropas apoiadas por helicópteros começaram o ataque o município iraquiano, cidade natal do ex-presidente Saddam Hussein, para tentar retomá-la dos insurgentes que se espalham para as cercanias de Bagdá. Duas testemunhas disseram que viram um helicóptero militar derrubado a tiros e cair próximo a um mercado.
Segundo as forças de segurança, o Exército enviou tanques e helicópteros para combater militantes jihadistas sunitas liderados pelos combatentes do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), uma dissidência da Al Qaeda contrária ao governo sunita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki. A facção, no entanto, se declarou um “califado” islâmico, e pediu às facções do mundo todo que jurem lealdade a ele, de acordo com declaração postada em sites jihadistas e no Twitter no domingo.
A ofensiva foi a primeira grande tentativa do Exército de retomar o território, depois que os EUA enviaram cerca de 300 consultores, a maioria deles das forças especiais, e drones, para ajudar o governo a enfrentar o EILL.
(Com agência Reuters)

29 de jun. de 2014

O abandono de Dilma

Diante da debandada de aliados, o Planalto recorre ao fisiologismo para evitar a implosão da aliança governista. Mesmo com o esforço, partidos da base irão rachados para a campanha

Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br) e Ludmilla Amaral (ludmilla@istoe.com.br)
Quando Dilma Rousseff assumiu o comando do País, quase quatro anos atrás, ela reunia o apoio de 17 partidos, o que lhe assegurava votos favoráveis no painel eletrônico da Câmara de pelo menos 306 dos 513 deputados. Era a maior base aliada de um presidente em início de mandato desde a redemocratização. Às vésperas da campanha pela reeleição, o quadro de alianças nem de longe lembra aquele desfrutado pela então presidenta recém-eleita. Em queda nas pesquisas e com a popularidade em xeque, Dilma Rousseff assiste a uma debandada de partidos da sua coligação. O primeiro a pular fora da nau governista foi o PTB, que chegou a participar de um jantar no Palácio da Alvorada oferecido por Dilma e saiu de lá com a promessa de selar a aliança, mas pegou de surpresa a todos no Planalto ao anunciar o rompimento às vésperas da convenção do PT. Depois, veio o anúncio do apoio de Sérgio Cabral, aliado histórico de Dilma no Rio de Janeiro, a Aécio Neves (PSDB), principal candidato de oposição.
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APOIO PELA METADE
Partidos garantem o maior tempo de tevê à candidatura de Dilma.
Mas a divisão nas legendas é irremediável, o que beneficia candidatos de oposição
Na última semana, para evitar a deserção de novas legendas, o que lhe custaria preciosos minutos na televisão durante o horário eleitoral, o governo teve de recorrer ao fisiologismo e ao velho e surrado toma lá dá cá. Só que, desta vez, Dilma precisou aprimorar o método. Para agraciar o PR, fez uma das maiores concessões a um aliado desde que assumiu o poder: trocou o comando de dois ministérios, o dos Transportes e o de Portos, setores considerados fundamentais para o andamento dos projetos de infraestrutura do governo. Com isso, César Borges deu lugar no Ministério dos Transportes a Paulo Sérgio Passos. Como compensação, assumiu a Secretaria de Portos, na vaga deixada por Antônio Henrique Silveira. Até então, Dilma resistia a promover alterações nas áreas, mas teve de ceder temendo uma defecção de partidos ainda maior e de olho no tempo de tevê durante a eleição. Contabilizados os apoios oficiais de PMDB, PR, PDT, Pros, PSD e provavelmente o do PP, Dilma terá 11 minutos e 25 segundos em cada bloco de 25 minutos na propaganda eleitoral, cerca de 45% na fatia do tempo.
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Com as concessões aos aliados, o governo almejava em primeiro lugar assegurar o maior naco de tempo na televisão. Conseguiu. O outro objetivo, no entanto, que era o de contar com o apoio da máquina partidária, ou seja, com o trabalho e o esforço de prefeitos e governadores dessas legendas para reeleger Dilma, dificilmente será alcançado. O PR, por exemplo, segue dividido na campanha, uma vez que grande parte dos deputados federais promete declarar apoio a Aécio Neves (PSDB). Na prática, mesmo se rendendo ao preço imposto pela cúpula do PR, Dilma não conseguirá a adesão das lideranças regionais do partido.
O mesmo deve ocorrer no PP, cuja convenção foi conturbada e parou na Justiça. O presidente da legenda, Ciro Nogueira (PI), precisou usar o poder do cargo para atropelar a maioria dos integrantes do partido que discursava na convenção a favor do apoio ao candidato tucano Aécio Neves. Nogueira suspendeu a discussão sob ataques dos companheiros que gritavam palavras como “vendido” e “ditador”. Ainda que tenham garantido o tempo de televisão do PP a Dilma, os progressistas convivem com um racha irremediável. No Rio Grande do Sul, a candidata Ana Amélia (PP) anunciou que a decisão de dar palanque ao tucano Aécio Neves independe do diretório nacional.
A maior fonte de dor de cabeça para Dilma durante as eleições, porém, deve ser o PMDB. O cenário de provável segundo turno vem incentivando a revoada de peemedebistas da linha de frente da campanha da presidenta, mesmo com a legenda compondo formalmente a chapa presidencial. Embora tenham indicado, por decisão da maioria, o nome de Michel Temer para vice-presidente, setores expressivos do PMDB dificilmente entrarão de corpo e alma na campanha de Dilma. Há, entre as lideranças do partido, quem acredite que manter certa distância do PT é saudável para os planos futuros do próprio partido. Outros peemedebistas de peso decidiram já pelo rompimento total. Foi o caso do PMDB fluminense, que resolveu apoiar Aécio Neves (PSDB). O tucano vai subir no palanque do governador Luiz Fernando Pezão, cujo padrinho político é o ex-governador Sérgio Cabral, que já foi muito próximo da presidenta (leia reportagem na pág. 38).
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Os problemas do PMDB com Dilma se estendem pelo Brasil. No Rio Grande do Norte, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, será apoiado pelo PSDB, pelo PSB e pelo PSC. Todos com candidatos próprios e opositores de Dilma. Eles serão convidados a pedir votos para Alves no Estado e o único acordo é que o presidente da Câmara não pedirá votos para eles diretamente em respeito à aliança nacional com o PT. No Paraná há outro enrosco. A candidatura da senadora Gleisi Hoffmann depende do apoio do PMDB. Mas o partido quer lançar o senador peemedebista Roberto Requião afinado com o PSB, por considerar suas chances de vitória superiores às de Gleisi.  Em São Paulo, é o vice-presidente da República, Michel Temer, quem turbina pessoalmente a candidatura de Paulo Skaf (PMDB), que vai disputar o Palácio dos Bandeirantes contra o candidato petista Alexandre Padilha.
Nos bastidores, tem sido cada vez mais difícil para a presidenta esconder o incômodo com a debandada e o racha dos aliados. Especialmente porque tudo o que Dilma não queria era se tornar refém do “toma lá dá cá” com os partidos. O que se viu com muita clareza na última semana é que nem mesmo quando cede às chantagens – e o faz negociando cargos públicos – o governo consegue o apoio esperado. Na quarta-feira 25, quando recebia adesão oficial de uma surpreendente maioria do PSD de Gilberto Kassab, a presidenta não conseguiu conter a indignação. Em entrevista, disparou contra as legendas que abandonaram seu projeto de reeleição. “Tem uma espécie de esperteza que tem vida curta. A política que aprendi a praticar ao longo da vida, desde a minha juventude, que me levou inclusive à prisão, implica construir relações que sejam baseadas, não em conveniências, mas em convicções”, disse ela. O discurso é correto. Pena que, na prática, o PT não só não abandonou como aperfeiçoou essas práticas, combatidas fervorosamente pelo partido antes de ascender ao poder.
Foto: Ailton Freitas/Ag. o Globo, Ueslei Marcelino/Photo Agência/Futura Press; José Cruz/ABR; Alan Marques/Folhapress; Ueslei Marcelino/Photo Agência/Futura Press 

28 de jun. de 2014

'Lei da Palmada' entra em vigor

Após mais de dois anos de tramitação e de ser rebatizada de "Menino Bernardo", a legislação passa a valer

lei da palmada Caberá ao Conselho Tutelar analisar os casos e definir as medidas de punição. O objetivo é coibir maus-tratos e violência aos filhos
FOTO: JOÃO LUÍS
Brasília. Crianças e adolescentes passaram a ter, ontem, uma série de novos direitos, garantidos com a publicação no Diário Oficial da União (DOU) da chamada "Lei da Palmada", também intitulada lei "menino Bernardo", em homenagem ao garoto Bernardo Boldrini, assassinado no Rio Grande do Sul.
Por meio de alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a legislação busca coibir maus-tratos e violência contra menores ao determinar que pais não podem impor castigos que resultem em sofrimento ou lesões ais filhos.
Além das punições já previstas pelo Código Penal, o projeto determina que os responsáveis pela criança ou adolescente que adotem condutas violentas sejam encaminhados para programas de proteção à família, tratamentos psicológicos ou psiquiátricos, e a cursos de orientação. Também há previsão de receberem advertência legal.
Caberá ao Conselho Tutelar analisar os casos e definir as medidas de punição, assim como encaminhar as crianças a tratamentos especializados.
Após mais de dois anos de tramitação no Congresso, a proposta foi aprovada no início do mês no Senado, sob forte articulação do governo. A ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, com o aval do Palácio do Planalto, e o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) chegaram a prometer veto ao termo "sofrimento físico".
A mudança ocorreu na redação da proposta, acatando sugestão da senadora Ana Amélia (PT-ES), que apresentou uma emenda colocando a redação em tópicos. Dessa forma, reduz-se a possibilidade da presidente vetar apenas o termo polêmico, sem alterar o teor, mantendo castigos físicos que resultem em lesão como crime.
Veto parcial
Apesar dos acordos costurados no Congresso, a presidente não vetou o trecho que gerava insatisfação na bancada evangélica. Ela retirou da legislação, contudo, a parte que determina punição, com multa, de profissionais da saúde, educação ou assistência social que se omitirem de casos suspeitos ou confirmados de maus tratos, deixando de comunicá-los às autoridades.
Em sua forma original, o texto determinava aplicação de 3 a 20 salários-mínimos neste caso. O veto ainda pode ser derrubado pelo Congresso. Tanto na votação no Senado, quanto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a apresentadora Xuxa Meneghel esteve presente, o que foi considerado determinante pela base governista.

26 de jun. de 2014

Suárez leva maior gancho da história das Copas: nove jogos após mordida

Atacante não joga mais no Mundial e está banido por quatro meses de qualquer
atividade ligada ao futebol. Suspensão vale a partir do jogo contra a Colômbia

Por Rio de Janeiro
Luis Suárez surpreendeu o mundo do futebol ao voltar aos gramados menos de um mês após operar o joelho. Em um período menor ainda, ele jogou por terra a chance pela qual lutou de forma tão árdua. A mordida em Chiellini no confronto com a Itália acarretou uma suspensão por nove jogos, além de ser banido por quatro meses de qualquer atividade ligada ao futebol. É o maior gancho da história da Copa do Mundo. O "recorde" anterior era do italiano Mauro Tassotti, suspenso por oito partidas por ter quebrado o nariz de Luis Henrique, da Espanha, em 1994.

O atacante terá de cumprir os nove jogos de suspensão em jogos da seleção uruguaia, o que deve tirá-lo até de jogos da Copa América de 2015. De acordo com a chefe de comunicação da Fifa, Delia Fischer, após os quatro meses Suárez poderá disputar amistosos com a seleção e atuar normalmente pelo Liverpool, seu clube na Inglaterra. As transferências, entretanto, não são afetadas por esse banimento por quatro meses.

Fora da Copa do Mundo, o jogador uruguaio pode recorrer. Porém, de acordo com o artigo 124 do Código Disciplinar da Fifa, o efeito suspensivo do recurso só é aplicável ao pagamento da multa de 100 mil francos suíços (cerca de R$ 250.000). A punição já vale para a partida das oitavas de final, entre Uruguai e Colômbia, sábado, no Maracanã. O Comitê Disciplinar enquadrou o jogador nos artigos 48 (conduta antidesportiva) e 57 (comportamento ofensivo e fair play) do código.  O afastamento de qualquer atividade relacionada ao futebol por quatro meses é regulada pelo artigo 22 do Código Disciplinar.
Chiellini Suarez italia x uruguai (Foto: Reuters)Chiellini reclamou com árbitro, mas Suárez não foi expulso durante o jogo entre Itália e Uruguai (Foto: Reuters)


O lance da mordida em Chiellini aconteceu aos 35 minutos do segundo tempo. Depois de cruzamento na área, Suárez fingiu que disputaria a bola com o zagueiro, mas mordeu o ombro esquerdo do italiano. O árbitro mexicano Marco Rodríguez nada viu e não puniu o uruguaio.

Essa não é a primeira vez que Luis Suárez está envolvido em um caso de mordida em um companheiro de profissão. Quando ainda jogava pelo Ajax, da Holanda, o uruguaio mordeu o atacante Bakkal, do PSV, em 2010. No ano passado, o jogador do Uruguai repetiu o ato jogando pelo Liverpool contra o zagueiro sérvio Ivanovic, do Chelsea. Por ser reincidente, pegou dez jogos de suspensão. Todos os casos anteriores foram levados em consideração para a aplicação da pena.

- Esse comportamento não pode ser tolerado em nenhuma competição, muito menos na Copa, com os olhos do mundo voltados para a competição - afirmou Claudio Sulser, presidente do comitê disciplinar da Fifa, em comunicado lido no briefing diário promovido pela Fifa no auditório do Maracanã.
De acordo com o jornal uruguaio "Ovación", a estratégia de defesa dos uruguaios baseou-se na argumentação de que não houve mordida, mas apenas um choque casual de jogo, sem poder precisar exatamente se no ombro, na nuca ou no pescoço do defensor italiano. Além disso, a defesa sugeriu que o defensor italiano já tinha uma lesão no ombro.
Ainda segundo a publicação uruguaia, foram apresentados vídeos, fotos e textos jurídicos para defender o jogador, que ficou em Natal e não deu qualquer tipo de declaração. Já o diário “El Observador” informou que uma carta de 17 páginas foi apresentada ao tribunal.

Nada disso, porém, serviu para convencer o comitê formado por 19 integrantes, muitos deles de países sem grande tradição no futebol. O presidente é o suíço Claudio Susler, o vice é Kia Tong Lim, de Singapura. E os demais são de Venezuela, Paraguai, Congo, Estados Unidos, África do Sul, Argélia, Eslovênia, Irlanda do Norte, Tonga, Equador, Panamá, Ilhas Cayman, Ilhas Cook, Paquistão, Suécia e Austrália.

25 de jun. de 2014

O fim do luto na Apple

A empresa finalmente consegue superar a morte de Steve Jobs, seu icônico fundador. Com uma gestão menos centralizadora, Tim Cook faz parcerias incomuns e promove uma avalanche de lançamentos

Lucas Bessel (lucasbessel@istoe.com.br)
Steve Jobs, o homem que, ao lado de Steve Wozniak, fundou a Apple em uma garagem californiana, em 1976, não era adepto do meio-termo nem acreditava muito em diplomacia. Para ele, pessoas eram gênios ou idiotas e produtos eram uma porcaria ou maravilhosos. Isso rendeu a Jobs – morto em 2011 – adoradores e detratores em proporções similares. Com o tempo, esse traço de personalidade tornou-se parte tão importante dentro da estrutura da empresa que marca e produtos ficaram vinculados à sua imagem.
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LIDERANÇA
O presidente da Apple, Tim Cook, sobre a imagem de seu antecessor,
Steve Jobs: ele deixa a criação para quem sabe
Hoje, quase três anos depois da morte de seu guru, a gigante da tecnologia, cujo valor de mercado se aproxima dos US$ 500 bilhões, finalmente conseguiu seguir em frente. Isso ocorreu de forma gradual, sem grande alarde, mas os efeitos são expressivos. No ano fiscal de 2010, as vendas da Apple somavam US$ 65 bilhões. Em 2013, já haviam pulado para US$ 171 bilhões. Para manter o ritmo, a empresa agora aposta em um novo tipo de gestão, muito menos centralizadora, liderada por Tim Cook, o sucessor de Jobs. Também prepara uma onda de lançamentos (confira quadro), alguns dos quais seriam impossíveis com Jobs no comando, e realiza parcerias incomuns, como a compra da Beats, distribuidora de música e fabricante de equipamentos de áudio do rapper americano Dr. Dre.
Jobs interferia diretamente em cada design, centralizava decisões e, frequentemente, ordenava mudanças drásticas quando os produtos já estavam em fase avançada de desenvolvimento. Cook é o oposto. Quando analisa uma ideia, ele faz tudo “muito calmamente”, como explicou Jonathan Ive, chefe de design da Apple, ao jornal americano The New York Times. Enquanto Jobs almoçava quase todos os dias com Ive, incluindo alguns sábados e domingos, Cook se reúne com ele apenas três vezes por semana. Na maioria das vezes, o atual presidente não opina sobre os detalhes de cada lançamento. Desinteressado? Não, de acordo com funcionários da Apple. “Essa análise demorada mostra que ele sabe que o produto é muito importante”, diz Ive.
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PRIMÓRDIOS
Jobs, o sonhador, e Wozniak, o engenheiro, fundaram a
Apple em uma garagem na Califórnia, em 1976
De fato, para a Apple, nada é mais importante do que o produto. É ele que cria uma legião de “applemaníacos” ao redor do mundo. “Inovação é o que fez a Apple se diferenciar dos seus concorrentes e é isso que o consumidor espera em todos os lançamentos”, disse à ISTOÉ Laura Garcia Miloski, diretora de estratégia da consultoria Interbrand no Brasil. Só que, nesse aspecto, a companhia vinha deixando a desejar. As últimas versões do iPhone, que responde por cerca de 60% das vendas da empresa, chegaram a virar piada por causa da pequena evolução apresentada em relação ao aparelho antecessor. Mas tudo deve mudar com a chegada do iPhone 6, que terá telas maiores – uma antiga demanda dos consumidores – e, segundo os rumores mais recentes, display com vidro “inquebrável”. Jobs, que refutava a ideia de um smartphone grandalhão, também não ficaria muito feliz com a versão “barata” do computador iMac apresentada nesta semana. Com preço de US$ 1.099 nos Estados Unidos, ele tem processador mais lento e menor capacidade de armazenamento. Para o fundador da Apple, baratear um produto em detrimento de suas funções era algo impensável, ainda que isso prejudicasse as vendas.
Já o “fator encantamento”, um dos grandes responsáveis pelo sucesso da companhia, deve ficar por conta do lançamento do chamado iWatch, o longamente aguardado relógio inteligente da companhia. Muitos analistas acreditam que, junto com o iPhone 6, ele será responsável por bater recordes de vendas. A Apple também aposta nisso. Recentemente, a companhia dividiu suas ações (7 por 1), tornando-as mais acessíveis ao investidor comum. É a preparação para as novidades dos próximos meses, cruciais para o futuro da companhia.
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Fotos: Divulgação; Jeff Chiu/AP Photo, Kimberly White/REUTERS

23 de jun. de 2014

Marco Civil da Internet entra em vigor com expectativa de levar mais segurança ao usuário

Regras foram discutidas por três anos no Congresso Nacional

Marco Civil da Internet entra em vigor com expectativa de levar mais segurança ao usuário Carlos Macedo/Especial
Direito à privacidade está entre as garantias ao usuário Foto: Carlos Macedo / Especial
Quase dois meses após ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff, entrou em vigor nesta segunda-feira, dia 23, o Marco Civil da Internet brasileira. A lei que define novas regras para o uso da web no país foi discutida por três anos no Congresso Nacional antes de ser publicada no Diário Oficial, no dia 24 de abril.

Um dos principais pontos da nova legislação é a questão da neutralidade da rede, que garante a mesma qualidade e velocidade do tráfego independentemente do tipo de navegação contratada pelo usuário. Outro direito garantido é à privacidade, já que informações pessoais e registros de acesso só poderão ser vendidos se o usuário autorizar expressamente a operação comercial.


Entenda os principais pontos e o que mudará a sua forma de navegar na web:
Como a regra da neutralidade pode melhorar a minha navegação?O princípio da neutralidade diz que a rede deve ser igual para todos, sem diferença quanto ao tipo de uso. Assim, ao comprar um plano de internet, você paga somente pela velocidade contratada e não pelo tipo de página que vai acessar. Ou seja: você poderá acessar o que quiser, independente do tipo de conteúdo, com igual velocidade. Os provedores não poderão ter acordo com determinado site para carregá-lo mais rápido, prejudicando algum concorrente.
As empresas ainda poderão vender planos com velocidades diferentes?Sim, as empresas que fornecem acesso (como Vivo, Claro, TIM, NET, GVT, entre outras) poderão continuar vendendo velocidades diferentes, como 1 Mbps, 10 Mbps e 50 Mbps, por exemplo, assim como fazem hoje. A diferença é que as provedoras não poderão bloquear o acesso a determinados serviços e aplicativos, assim como vender pacotes segmentados por conteúdo - só para redes sociais ou só para e-mail, por exemplo.
Como posso ter certeza de que meu direito de privacidade vai ser mantido?O Marco prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. Somente por meio de ordens judiciais, para fins de investigação criminal, será possível ter acesso a esses conteúdos. O texto determina que as empresas desenvolvam mecanismos para garantir, por exemplo, que os e-mails só serão lidos pelos emissores e pelos destinatários da mensagem.
A que posso recorrer se me sentir lesado?Os Procons, a Justiça e o Minsitério Público são instâncias recomendadas para buscar seus direitos. Após averiguação, se ficar comprovado que houve descumprimento da lei, as empresas poderão ser penalizadas com advertência, multa, suspensão e até proibição definitiva de suas atividades. Ainda existe a possibilidade de penalidades administrativas, cíveis e criminais.
Mas não existirá mais marketing direcionado para as coisas que eu gosto?Isso vai depender as permissões que você liberar. As empresas de acesso (como Facebook e Google) não poderão espiar o conteúdo das informações trocadas pelos usuários na rede sem prévia autorização.
Como posso excluir um conteúdo da web?A exclusão de conteúdo só pode ser solicitada por ordem judicial – assim, não fica a cargo dos provedores a decisão de manter ou retirar do ar informações e notícias polêmicas. Portanto, o usuário que se sentir ofendido por algum conteúdo no ambiente virtual terá de procurar a Justiça, e não as empresas que disponibilizam os dados. A exceção fica por conta da divulgação não autorizada na internet de conteúdo sexual. Nesses casos, o participante ou seu representante legal deve enviar uma notificação para o provedor de aplicações (como Facebook e Google), que tem de tornar esse material indisponível. 
Não vou mais ter liberdade de expressão na internet?Sim, terá. Conteúdos publicados pelos usuários só serão retirados, obrigatoriamente, após ordem judicial. As entidades que oferecem conteúdo e aplicações serão responsabilizadas por danos gerados por terceiros apenas se não acatarem a ordem judicial. Por isso, a liberdade de expressão deverá ser fortalecida na web, pois vai acabar com a censura privada, em que aplicações na internet acabam sendo obrigadas elas mesmas a julgarem se determinadas opiniões devem permanecer no ar ou não, mediante notificações que recebem dos ofendidos.

* ZERO HORA

21 de jun. de 2014

O perigoso caminho do odio

Debate pautado pela raiva, xingamentos e divisão entre pobres e ricos prejudicam o debate político e afastam ainda mais o eleitor da campanha presidencial

Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br)
É natural que partidos e candidatos testem os limites da campanha eleitoral antes de seu início. Explorar o debate em torno de temas que mais cativam o eleitorado ajuda os marqueteiros a calibrarem a estratégia para a disputa nas urnas em outubro. Seria razoável, portanto, uma discussão ampla em torno das tantas demandas sociais reivindicadas pelas ruas desde junho de 2013. Mas o que se vê até agora é um embate agressivo apoiado em argumentos rasteiros e pautado pelo ódio, com acusações e xingamentos mútuos. No equívoco de tomar o desejo geral de mudança pelas vaias e xingamentos à presidenta Dilma Rousseff na abertura da Copa, PT e PSDB passaram a jogar literalmente para a torcida. Sequestram o necessário debate em torno de planos concretos de governo e se arriscam num jogo que não convence o eleitor.
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"A elite brasileira está conseguindo fazer o que nós
nunca conseguimos: despertar o ódio de classes"
Luiz Inácio Lula da Silva
O vale-tudo começou no submundo da internet, viralizou pelas redes sociais afora até desembarcar nos estádios... e nos palanques. No fim de semana passado, dois atos partidários sintetizaram essa campanha do ódio: a convenção nacional do PSDB, que confirmou Aécio Neves como candidato à Presidência, no sábado 14, e a convenção estadual do PT, no dia seguinte, que oficializou o nome de Alexandre Padilha na corrida pelo governo de São Paulo. No evento petista, o ex-presidente Lula aproveitou o clima para apostar em dividir o País ideologicamente: “A elite brasileira está conseguindo fazer o que nós nunca conseguimos: despertar o ódio de classes”. Na convenção tucana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elevou o tom.“Não queremos mais os corruptos, os ladrões que ficam empulhando o Estado. Esses nós não queremos”, bradou, para um coro eufórico de cinco mil militantes. Além de Aécio e FHC, discursaram o ex-governador José Serra e o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, que no dia 1º de maio – Dia do Trabalhador – disse que Dilma deveria estar no presídio da Papuda em Brasília com os demais condenados do mensalão. “Vamos enfrentar um governo que o povo nem vaia mais, esculhamba, como aconteceu no jogo do Brasil”, declarou na convenção tucana.
No domingo, no ato de apoio a Padilha, o ex-presidente Lula acusou os adversários de semearem o ódio e alegou que a presidenta Dilma Rousseff é vítima do preconceito de uma elite conservadora. “Se em 2002 fizemos uma campanha da esperança contra o medo, agora é a da esperança contra o ódio”, disse, em referência ao slogan da campanha que o levou ao poder. Para o ex-presidente, essa será uma campanha perigosa, com “boa dosagem de debate ideológico”. “Não será uma simples campanha de quem vai fazer mais metrô, mais ponte, mais médicos”, afirmou. O candidato do PSB, Eduardo Campos, considerado a terceira via na polarização entre tucanos e petistas, também não poupou o governo. Chamou os petistas de “raposas que já roubaram o que tinham para roubar”. O socialista tinha sido uma das primeiras vítimas da campanha do ódio, ao ser chamado de “playboy mimado” em texto publicado na página oficial do PT. 
Após a troca de ofensas, Aécio pôs panos quentes, mas criticou o PT por resgatar a velha cantilena da luta de classes. “Não vamos cair nessa armadilha do debate que apequena a política, do nós contra eles, da disputa de classes”, disse. E divulgou nota em nome da Executiva Nacional do PSDB conclamando a militância a não responder às ameaças e agressões. Para o presidenciável, os petistas “tentam atribuir a uma ‘elite conservadora’ o desejo de mudança” e ignoram “que cerca de 70% dos brasileiros ouvidos pelas pesquisas de opinião exigem uma nova maneira de governar”. “A perspectiva de perder o poder está levando o PT a aumentar a agressividade e a intolerância no seu discurso, apostando cada vez mais na divisão do País”, concluiu.
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"Não queremos mais os corruptos, os ladrões que ficam
empulhando o Estado. Esses nós não queremos"
Fernando Henrique Cardoso
É de se notar que discursos feitos para a militância em eventos partidários tendem a alcançar um tom de agressividade maior do que os dirigidos à população em geral. O governo, na toada que vem adotando nos últimos meses, culpa a grande mídia por extravasar o palavrório partidário para o resto da sociedade – como se fosse possível simplesmente desconhecer as ofensas. Já a oposição acha que a responsabilidade é da militância virtual, incentivada a propalar o ódio pelos candidatos e sua entourage. Ao ponderar sobre as vaias à Dilma no Itaquerão, dizendo que não vieram apenas “da elite branca”, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reiterou o argumento petista. Disse que o governo tem sofrido uma “pancadaria diária” na imprensa. “Essa história de que somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar pegou na classe média, na elite, e vai descendo, porque não conseguimos fazer contraponto.”
Carvalho ecoou argumentos usados pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice. Em texto com pinta de peça acusatória, publicado no site do partido, chamou colunistas de diferentes veículos de comunicação de “profetas do apocalipse”, “arautos do caos” e “pit bulls”. “Suas pregações estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade a maldizer os pobres. São contra as cotas sociais e raciais, as reservas de vagas para negros nos serviços públicos, as demarcações de terras indígenas, o Bolsa Família, o Prouni e tudo mais”, acusou. O petista coordena as redes sociais do partido. É justamente no ambiente da internet que os ataques recíprocos ganham volume, por meio da circulação de notícias falsas, boatos, vídeos com paródias e ofensas de ambos os lados, alimentando um ciclo vicioso que empobrece o debate e decepciona o eleitor.
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"No Itaquerão não tinha só elite branca, não. No metrô vi muito
moleque que não tinha nada a ver com elite branca gritando palavrão"
Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência
Na quinta-feira 19, pesquisa CNI/Ibope indicou nova queda na popularidade de Dilma, de 36% para 31%. A consulta foi feita entre os dias 13 e 15, depois das vaias e dos xingamentos no Itaquerão. Dos entrevistados, 39% votariam na presidenta, enquanto 21% apoiariam Aécio Neves e 10% o pernambucano Eduardo Campos (PSB). A pesquisa confirmou ainda o grande número de indecisos. Votos brancos e nulos somados aos que não sabem ou não responderam atingem 21% e 30%, no primeiro e no segundo turno, respectivamente. Esse índice, porém, pode aumentar em consequência da campanha do ódio. Especialistas garantem que a radicalização afasta o eleitor do processo eleitoral. “Essa disseminação do ódio mútuo e a polarização excessiva entre certo e errado não colaboram com o debate político e afastam o eleitor”, avalia o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP. Concorda com ele o sociólogo Aldo Fornazieri, ligado ao PT. “O eleitor quer saber quem vai resolver o seu problema, e não ficar entre as trocas de acusações”, diz.
O cientista político Gaudêncio Torquato, da USP, acha que o eleitor não cai mais nas fórmulas batidas pelos marqueteiros, especialmente no campo petista, que insiste em polarizar ricos e pobres, nós e eles. “Esse é um discurso do passado”, afirma. Ele lembra que o mesmo PT que acusa o PSDB de disseminar o ódio, também incentivou o ódio como arma política ao longo de sua história. “Lula tenta recuperar o apoio das massas, pois percebe que a oposição, especialmente os tucanos, tem chances reais de vencer em outubro”, afirma. David Fleischer, professor da UnB, corrobora a avaliação de Torquato. “A campanha está se tornando cada vez mais polêmica, porque o Aécio está subindo nas pesquisas”, afirma. “Isso vai incrementar ainda mais o ódio do PT e ao PT.”
Com reportagem de Ludimilla Amaral
Fotos: Juliana Knobel/Frame; Marlene Bergamo/Folhapress

20 de jun. de 2014

Outono termina com registro de temperaturas negativas na Serra

Sexta-feira (20) deve ser de sol com nuvens em todas as regiões de SC.
Em Florianópolis foi registrado 5,3°C no início da manhã.

Do G1 SC
Serra registrou temperaturas negativas na manhã desta quinta  (Foto: Paulo Marcelo Adamek/VC no G1)Serra registrou temperaturas negativas na manhã
desta sexta (Foto: Paulo Marcelo Adamek/VC no G1)
O outono termina com muito frio em Santa Catarina. O último dia da estação registrou temperaturas negativas na região serrana de Santa Catarina. Em Urupema fez -5,1°C no início da manhã desta sexta-feira (20). Já em  Bom Jardim da Serra a temperatura mais baixa foi de -4,9°C e São Joaquim fez -4,6°C.
Florianópolis marcou 5,3°C e Criciúma, no Sul, 4,1ºC. Estas são as menores temperaturas do ano registradas nas cidades. Na quinta (19) foi registrada a temperatura mais baixa do ano no país: -7,7ºC em Urupema.
"A sexta-feira será outro dia de sol e nuvens em todas as cidades sendo que poderemos ter nevoeiros isolados de manhã cedo", afirma Leandro Puchalski.
Segundo a Epagri/Ciram, as temperaturas máximas nesta sexta devem ficar em torno de 20ºC no Oeste, 19ºC no Norte e na Grande Florianópolis, 18ºC no Vale do Itajaí, 16ºC no Sul e 15ºC na Serra.

18 de jun. de 2014

Barroso é o novo relator do mensalão

Caberá ao novo ministro analisar os pedidos de trabalho externo dos condenados pelo STF
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Brasília. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi escolhido ontem como novo relator da Ação Penal 470, o processo do mensalão. O processo foi redistribuído após o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, renunciar à relatoria. A partir de agora, caberá a Barroso analisar os pedidos de trabalho externo dos condenados. Os benefícios foram cassados pelo presidente, que vai se aposentar da Corte no final deste mês.
As defesas dos condenados que tiveram trabalho externo cassado aguardam que os recursos contra a decisão de Barbosa sejam julgados pelo plenário do STF. No início deste mês, em parecer enviado ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a revogação da decisão que cassou o benefício de trabalho externo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também condenado no processo do mensalão.
Segundo o procurador, o entendimento de que não é necessário o cumprimento de um sexto da pena, firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, é acertado. Para Janot, não há previsão legal que exija o cumprimento do lapso temporal para concessão do trabalho externo a condenados em regime semiaberto.
No mês passado, para cassar os benefícios, Barbosa entendeu que Dirceu, Delúbio e outros condenados no processo não podem trabalhar fora por não terem cumprido um sexto da pena em regime semiaberto. Com base no entendimento, Dirceu nem chegou a ter o benefício autorizado para trabalhar em escritório de advocacia em Brasília.
Na decisão, assinada ontem, em que renunciou ao processo, Barbosa disse que advogados passaram a atuar politicamente no processo, por meio de manifestos e insultos pessoais. Ele citou o fato envolvendo Luiz Fernando Pacheco, advogado do ex-deputado José Genoino. Na semana passada, Barbosa determinou que seguranças retirassem o profissional do plenário.

17 de jun. de 2014

Espaço conectado a laser

Em feito inédito, Estação Espacial Internacional usa feixe de luz para transmitir vídeo à Terra e mostra como pode ser o futuro das conexões de dados fora dos limites do planeta

Lucas Bessel (lucasbessel@istoe.com.br)
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Confira como funciona essa tecnologia.
Um vídeo de pouco mais de 30 segundos, em alta definição, transmitido do espaço para a Terra com uma mensagem singela: “Olá, mundo”. Assim a Agência Espacial Americana (Nasa) comemorou, na semana passada, o primeiro envio de dados a laser feito entre a Estação Espacial Internacional (ISS) e um observatório nos arredores de Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos. O feito mostra como pode ser o futuro da internet fora do nosso planeta. Ele também é crucial para a ISS, que coleta uma quantidade cada vez maior de dados e precisa transmiti-los com agilidade. “Foi incrível ver esse magnífico raio de luz chegando ao planeta a partir de um pequeno gerador na ISS”, comemorou Matt Abrahamson, gerente da missão na Nasa.
A ISS orbita a Terra a uma altitude de 370 km e sua velocidade em relação ao solo é de 28.000 km/h. Por isso, acertar um pequeno feixe de luz em um ponto específico do planeta foi um grande desafio (confira quadro). A recompensa, no entanto, valeu a pena. A transmissão do vídeo, que levaria dez minutos pela tradicional conexão por rádio, levou apenas 3,5 segundos com a conexão a laser. Agora, a agência americana vai começar estudos para expandir esse tipo de tecnologia a missões mais distantes, como aquelas que exigem robôs na superfície de Marte.  
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16 de jun. de 2014

Fifa quer tornar tecnologia do gol mais clara

Recurso foi utilizado pela primeira vez em Copas no jogo entre França e Honduras

Terra
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A Fifa quer tornar mais clara a tecnologia na linha do gol, especialmente as imagens mostradas para o público nos telões dos estádios, anunciou Delia Fischer, chefe de comunicação da organização, nesta segunda-feira no Rio.

"Trabalhamos para fazer com que seja mais claro", explicou a responsável pela comunicação da Fifa.

Durante a partida entre França e Honduras (3-0), no domingo em Porto Alegre, um chute do atacante francês Karim Benzema bateu na trave. A bola correu sobre a linha do gol, bateu no goleiro Noel Valladares e entrou.

Uma primeira sequência em câmera lenta, divulgada na tela do estádio, mostrou que a bola não havia entrado no gol depois de bater na trave com a menção "no goal". Segundos mais tarde, outra sequência mostrou que o goleiro havia empurrado a bola para trás da linha do gol e que, portanto, ele era válido, com a menção "goal".

Este intervalo de tempo entre as duas sequências provocou um breve momento de confusão no estádio, especialmente com "um público que, diferentemente do da Inglaterra, que utiliza um sistema similar, não está familiarizado com a tecnologia na linha de gol", explicou Delia Fischer.

O lance que valeu o segundo gol francês na partida marcou a primeira vez que um gol foi validado com o apoio da tecnologia na história do futebol internacional.

A Fifa trabalhará agora para fazer com que as imagens sejam mais claras, em coordenação com a empresa encarregada da tecnologia do gol.

15 de jun. de 2014

Eletrizados... pela nação

Torcida brasileira dá espetáculo na largada da Copa do Mundo no País, embala a vitória da Seleção e mostra que será a grande protagonista deste Mundial

Débora Crivellaro (debora@istoe.com.br)
Faltam cerca de 30 minutos para o início da festa de abertura da Copa do Mundo e dona Irene está recostada na bancada do banheiro feminino, no terceiro andar da Arena São Paulo. Enquanto reclama da água rarefeita das torneiras, a auxiliar de limpeza comenta que, apesar de estar tão perto da celebração, não poderá assistir ao espetáculo que acontecerá a poucos metros dali e será visto por milhares de pessoas ao vivo e 3,5 bilhões pela tevê. “O encarregado não nos deixa sair daqui”, diz ela, para logo depois abrir um sorriso confiante. “Mas vou dar um jeitinho, afinal, sou brasileira.” O orgulho e a alegria de dona Irene são os mesmos que contagiaram a população nos últimos dias e culminaram com o ensolarado 12 de junho de 2014. Tão ansiado e tão temido. Nestes sete anos de preparação para o Mundial no Brasil, o País foi açodado por críticas – pertinentes – de mau uso dos recursos públicos e de construção de obras de utilidade duvidosa. O período de preparação da competição terminou, aos 47 minutos do segundo tempo, para usar o jargão do futebol, com menos da metade do que foi programado entregue. E o mês de junho, exatamente um ano depois das manifestações históricas de 2013, em que se questionava, entre outras coisas, a validade da Copa no Brasil, chegou com o gosto amargo da dúvida: como a população acolherá este Mundial? Se havia alguma incerteza, ela foi completamente dissipada nos primeiros raios da manhã da quinta-feira 12, quando o País acordou verde e amarelo para receber e se exibir para o mundo.
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MATURIDADE
Empurrado pelos 62 mil torcedores presentes à Arena
São Paulo, que não pararam de incentivar, o time de
Felipão conseguiu reverter o placar desfavorável
A cidade de São Paulo, temida pela Seleção Brasileira pela decantada impaciência da torcida, deu o pontapé inicial na competição e foi a capital da abertura. Tudo fluiu muito bem, apesar dos problemas, que não foram poucos (leia na pág. 60). Nas primeiras horas da manhã, nos arredores da Arena São Paulo, no bairro de Itaquera, praticamente uma cidade com mais de 200 mil habitantes na zona leste da capital paulista, os moradores enfeitavam as ruas, à espera do grande jogo. Um pouco em cima da hora, é verdade, como que esperando para ver se a Copa ia acontecer mesmo. Apesar de as portas do estádio só abrirem às 13 horas, os felizardos que portavam ingressos para Brasil x Croácia começaram a se dirigir para a Arena por volta das 10 horas. Cerca de 90% das 62 mil pessoas que assistiram à partida ao vivo optaram pelo transporte público, segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos – o “Expresso da Copa”, que saía da Estação da Luz e demorava apenas 19 minutos, ou o metrô, que desembocava na estação Arthur Alvim. A festa já se iniciava no trajeto. Em cada torcedor, um sorriso colado ao rosto, como se ainda não acreditassem no que estava por vir e eles teriam o privilégio de presenciar. Sessenta e quatro anos depois da primeira edição, em 1950, iria começar uma Copa do Mundo no país do futebol.
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FESTA
A torcida não parou um só minuto durante o jogo de abertura.
A alegria de sediar um Mundial depois de 64 anos
estava presente no rosto de todos
A massa verde e amarela chegava às portas da Arena São Paulo e, sem se importar com o forte calor que fazia, confraternizava com os torcedores de outras nacionalidades, que, muitas vezes com dificuldade, mas contaminados pelo bom humor dos brasileiros, se esforçavam para se comunicar. Valia de tudo: faixa com escritos em português, fantasias ou algum símbolo da Seleção nacional. “Em meia hora, fiz amizade com holandeses, argentinos e uruguaios”, dizia o administrador Felipe dos Santos, 24 anos, de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que iria assistir ao jogo com um grupo de amigos. Havia pequenos grupos de samba, muita gente caracterizada e até um boneco do argentino Maradona com a bandeira do Brasil. Muita gente ainda tentava comprar ingresso para o jogo, em vão. Nada tirava o humor da multidão. Nem quando os portões se abriram e as filas, para as lanchonetes, por exemplo, começaram a se avolumar. Nem as falhas de sinalização de assento. Nada. “Hoje tudo é festa, fico o tempo que for aqui, numa boa”, falava a carioca Silvia Fernandes, 39 anos, que veio ao jogo com o marido e um casal de amigos e esperava pacientemente na quilométrica fila de uma das lanchonetes para ser atendida. Os torcedores presentes, que representavam todos os brasileiros, tinham se colocado no papel de anfitriões. E anfitrião não reclama, contorna os problemas e acolhe os convidados.
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ESTRELA
Neymar beija a bola diante do juiz japonês Yuichi Nishimura: dois gols já na estreia
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UMA SÓ VOZ
Hulk, Luiz Gustavo, Fred, Paulinho e David Luiz:
“Hino Nacional” à capela imprimiu ainda mais emoção à festa
Deu 15h15, começou a celebração de abertura, protocolar e despretensiosa como é de praxe em Copas do Mundo, e a Arena ainda não estava completamente cheia. Até que a organização desmontou a parafernália do cenário e, finalmente, surgiu o gramado, o verdadeiro palco da festa. Minutos depois, aparecem os três goleiros da Seleção – Jefferson, Victor e Júlio César – para se aquecer. Neste momento, a mística da torcida nacional, aquela capacidade de emocionar e provocar arrepios que só o brasileiro é capaz de produzir, entrou em cena. Os três jogadores foram ovacionados pelo público, insistentemente. Comovidos, se abraçaram demoradamente, num gesto que provocou uma aclamação ainda maior. Começava ali o show da torcida brasileira, o maior legado que essa Copa irá deixar. Para nós e para o mundo (leia reportagem sobre a recepção dos brasileiros às seleções na pág. 68).
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RITUAL
Jogadores inauguraram uma nova forma de entrar em
campo nesta Copa: em fila, com a mão no ombro
Quando a Seleção Brasileira finalmente entrou em campo, todos em fila indiana com a mão nos ombros, inaugurando um novo ritual, os olhos marejados dos jovens jogadores entregaram que os vestiários não ficaram imunes à emoção das arquibancadas. O capitão Thiago Silva estava chorando. Depois explicou por que estava tão emocionado. “Foram minhas as palavras finais e pedi ao grupo para jogarmos por nosso técnico, que havia perdido dois parentes queridos nos últimos dias.” Não à toa, Neymar correu para Luiz Felipe Scolari para comemorar seu primeiro gol. A temperatura subiu definitivamente na hora do “Hino Nacional” brasileiro. Milhares de pessoas, vestidas com as cores do País, a mão no peito, os olhos fechados, e cantando, da forma mais potente que conseguiam, o hino à capela. Até o mais gélido croata derreteu nesse momento. Nos dois telões do estádio, as câmeras se detinham no rosto dos jogadores e passeavam pelo público das arquibancadas. A emoção era uma só. No gramado, os 11 perfilados, a comissão técnica, a enorme torcida, os telespectadores da tevê, os frequentadores das fun fests espalhadas pelas cidades brasileiras. Todos com uma enorme sensação de pertencimento e orgulho. A Copa havia dado certo, sim. Manifestações violentas eram sufocadas pelos gritos de “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
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POLÊMICA
Fred cai e o árbitro marca um pênalti duvidoso.
Alheios, os jogadores e as arquibancadas vibram
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Eletrizada pela torcida, embalada pela emoção, a Seleção não desmoronou quando, aos 10 minutos do primeiro tempo, o lateral Marcelo fez um gol contra, inaugurando o placar do Mundial para a Croácia. Maduro, o time de Luiz Felipe Scolari, capitaneado pelos jovens Neymar e Oscar, ambos de 22 anos, os melhores em campo neste jogo de estreia, resistiu à pressão até o gol do camisa 10 e astro do time, aos 29 minutos. Durante esses longos 19 minutos de placar desfavorável, a torcida lançava gritos e hinos de apoio, numa manifestação constante de confiança. Ao contrário do que fez com a presidente Dilma Rousseff e os representantes da Fifa presentes (leia na pág. 56). Veio o intervalo, o segundo tempo, Fred caiu na área aos 23 minutos, o árbitro japonês Yuichi Nishimura enxergou um pênalti e Neymar converteu. A Arena explodiu em festa com a vitória parcial. Carregado pela vibração do torcedor o time fez 3x1, com Oscar. A tônica do jogo foi a emoção. Ao marcar, o jovem meia do Chelsea (ING) se jogou no chão e caiu no choro. Pai recente, e alvo de muitas críticas por suas últimas atuações, ele comemorava sua redenção nos braços da torcida.
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VIBRAÇÃO
Torcedores comemoram o terceiro gol do Brasil na Fun Fest
armada em Copacabana (RJ): 17 mil pessoas estavam presentes
O papel das arquibancadas foi tão decisivo que, durante a tradicional coletiva de imprensa pós jogo, Felipão pediu a palavra para elogiar. “Os torcedores que estiveram aqui foram fantásticos, incríveis... Foi inacreditável o apoio que recebemos em São Paulo”, afirmou, em mais uma declaração que confirmava o que até o mais pessimista enxergou: O ‘Dia D’ da Copa foi um sucesso. E irá deixar saudades. Enlevados pelo que haviam acabado de presenciar, centenas de torcedores que haviam assistido à partida na Arena São Paulo entoavam o hino nacional nos vagões da estação Bresser-Mooca do metrô. Essa será a tônica deste Mundial. Super craques em campo, grandes embates, jogos emocionantes, surgimento de novos ídolos, seleções muito bem armadas. Mas, o maior espetáculo virá das arquibancadas e do povo nas ruas.
(Em tempo: Dona Irene, a auxiliar de limpeza, conseguiu assistir ao jogo...)
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Foto: João Castelano/Ag. Istoé,Vanderlei Almeida/AFP Photo; Buda Mendes/Getty Images; Frederic Jean/Ag. Istoé, Adrian Dennis/AFP Photo; Silvia Izquierdo/AP Photo

13 de jun. de 2014

Após gols na estreia do Brasil na Copa, Neymar é capa em jornais pelo mundo

Decisivo na vitória da seleção brasileira por 3 a 1 contra a Croácia na abertura do Mundial, camisa 10 é destaque em manchetes de jornais internacionais nesta sexta

Por Rio de Janeiro
Neymar mostrou mais uma vez que está em grande fase. Em sua estreia em Copa do Mundo, o camisa 10 marcou duas vezes na vitória do Brasil sobre a Croácia por 3 a 1, na Arena Corinthians, em São Paulo. Como não poderia ser diferente, o jogador do Barcelona foi manchete em diversos jornais pelo mundo nesta sexta-feira.
O periódico italiano "La Gazzetta dello Sport" destacou em sua capa que a atuação de Neymar foi melhor do que a da própria seleção brasileira. O francês "L'Equipe" foi mais enfático e, em letras garrafais, escreveu: "Neymar Superstar". Já o inglês "Daily Express" afirmou que "Neymar fez a festa começar".
capas Jornais pelo mundo estreia brasil e croácia copa do mundo (Foto: Reprodução)Neymar é destaque nos principais jornais esportivos pelo mundo nesta sexta-feira (Foto: Reprodução)

Os espanhóis "Mundo Deportivo", "El Mundo" e "El País" também repercutiram os dribles e os gols marcados pelo jogador do Barcelona. Entretanto, os impressos não deixaram de citar o pênalti sobre Fred, marcado pelo árbitro Yuichi Nishimura aos 23 minutos do segundo tempo, quando a partida ainda estava empatada em 1 a 1.
Após a vitória na estreia da Copa do Mundo, o Brasil volta a campo pelo Grupo A na terça-feira, contra o México, às 16h, no estádio do Castelão, no Ceará.

12 de jun. de 2014

Vandalismo na Copa não será tolerado, diz Dilma

A presidenta reiterou que o Brasil é um país aberto a manifestações, mas condenou atos que atinjam o direito dos que querem usufruir do Mundial

Agência Brasil
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Na véspera da abertura da Copa do Mundo, a presidenta Dilma Rousseff disse que os brasileiros podem ser orgulhar da forma como o país chegou ao Mundial e citou obras de infraestutrura. Ela reiterou que o Brasil é um país democrático e aberto a manifestações, mas condenou atos que atinjam o direito dos que querem usufruir do Mundial.

“Somos um país democrático, nós respeitamos o direito das pessoas de se manifestar. No entanto, não teremos a menor contemplação com quem achar que pode praticar ato de vandalismo ou atingir o direito da maioria de assistir e usufruir da sua Copa do Mundo”, afirmou hoje (11) a presidenta, em discurso na cerimônia de inauguração do primeiro trecho do metrô de Salvador.

“Vocês podem ter orgulho de como entramos na Copa. Estamos entregando todos os estádios, todos os aeroportos, nossa rede de comunicação é das mais modernas do mundo”, acrescentou.

A exemplo do que fez na noite de ontem (10), no pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, a presidenta negou que tenham sido investidos em estádios recursos que deveriam ter sido aplicados nas áreas de educação e saúde. Segundo Dilma, tais afirmações são feitas “por uma desinformação” ou em uma tentativa de “politizar uma coisa que não deve ser politizada”.

De acordo com a presidenta, também não é verdadeira a afirmação de que o Brasil não quer a Copa. “Tenho certeza de que isso não é verdade. Vejo cada vez mais a recepção às seleções e a alegria do povo brasileiro com a nossa seleção”, disse ela.

11 de jun. de 2014

Na TV, Dilma usa Copa para atacar adversários

Foi mais uma exibição da presidente-candidata, que criticou os "pessimistas". Oposição promete ir ao TSE para pedir punição por propaganda eleitoral antecipada

Gabriel Castro, de Brasília
Dilma Rousseff faz pronunciamento sobre a Copa no Brasil
Dilma Rousseff faz pronunciamento sobre a Copa no Brasil (Reprodução)
Dilma Rousseff, a presidente-candidata, fez nesta terça-feira um discurso em cadeia de rádio e televisão para comemorar a chegada da Copa do Mundo - e, claro, se promover utilizando as prerrogativas do cargo. Dilma falou por dez minutos e fez afirmações que suscitaram críticas imediatas de opositores.
Ignorando as muitas obras que não ficaram prontas a tempo (e as que ficaram às custas de muito dinheiro desperdiçado), ela celebrou o início do torneio esportivo e atacou os críticos, que chamou de "pessimistas". "Os pessimistas diriam que não teríamos Copa porque não tínhamos estádios. Os estádios estão aí, prontos. Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos. Praticamente dobramos a capacidade dos nossos aeroportos", disse ela.
Dilma também se dirigiu aos insatisfeitos com os elevados gastos do governo com a realização da Copa: "É preciso olhar os dois lados da moeda. A Copa não representa apenas gastos, ela traz receitas para o país", afirmou, antes de dizer que os jogos geram negócios e criam empregos.
A presidente também tentou adaptar seu discurso para agradar o coro preocupado com os casos de corrupção que podem se proliferar diante dos gastos com o torneio mundial. Ela disse que as despesas estão sendo fiscalizadas pelos órgãos de controle, e que eventuais autores de irregularidades serão punidos rigorosamente.
Dilma Rousseff não perdeu a oportunidade de listar alguns de seus programas de governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A reação da oposição foi imediata: o PSDB anunciou que vai pedir que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) puna a presidente por propaganda eleitoral antecipada.
Candidata - Dilma passou esta terça-feira em "modo" candidata: de manhã, ela foi à convenção do PDT que referendou o apoio do partido à reeleição da presidente. De tarde, ela esteve em outra convenção, do PMDB, que, apesar de dividido, também assegurou a continuidade da aliança com o PT no plano nacional. Em ambos os casos, Dilma utilizou a retórica de candidata para fazer ataques à oposição e afirmar que só o PT pode manter o Brasil nos trilhos.
(Com Estadão Conteúdo)

10 de jun. de 2014

Com 59% dos votos, PMDB decide manter apoio a Dilma

Convenção nacional decidiu apoiar a aliança nacional com o PT, apesar de 39% de votos dissidentes

Terra
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O PMDB decidiu nesta terça-feira, por 398 (59,14%) votos a 275 (40,86%), pela manutenção da aliança com o PT em nível nacional. O vice-presidente Michel Temer permanecerá na chapa da petista Dilma Rousseff, que tentará a reeleição em outubro.

O resultado demonstra a força da dissidência do PMDB, com 275 votos contrários à aliança com o PT. Após a divulgação do resultado, Temer disse que não há derrotados ou vencidos na votação e prometeu mais espaço para o partido em um eventual segundo mandato.

“Essa convenção não tem vencedores e vencidos. Tem um único vencedor que é o PMDB. Sempre tivemos divergência, mas sempre tivemos uma unidade daquele PMDB que quer trazer o maior número de deputados e senadores para o Congresso”, disse.

O peemedebista prometeu que o partido não será apenas um aliado, mas "o próprio governo. “Creio que nós vamos ter uma presença muito ativa. Porque vocês sabem que nós somos os fiadores da democracia deste País e vamos continuar sendo. Nós teremos uma participação muito efetiva. Não seremos apenas aliados, seremos o próprio governo”, disse Temer.

Ontem, o vice-presidente foi à Câmara dos Deputados pedir votos em diferentes reuniões de grupos do PMDB. O aliado de Dilma não se mostrou preocupado diante da perspectiva de pelo menos 30% de votos contrários. "Se eu tiver 51%, está ótimo", disse.

Após a convenção, Temer considerou que o partido sai fortalecido da convenção e que a chapa deve sair vitoriosa. Ele disse que o PMDB deve brigar por uma presença mais forte em ações sociais e políticas de saúde e educação - o partido quer uma candidatura própria em 2018.

O mal-estar com o PMDB se agravou neste ano na Câmara, quando a bancada da legenda anunciou sua independência e articulou a criação de um bloco envolvendo partidos da base aliada descontentes. No Rio de Janeiro, peemedebistas criaram um bloco de apoio ao tucano Aécio Neves, pré-candidato à Presidência.

9 de jun. de 2014

Militares são atacados no Complexo da Maré

Patrulha foi alvo de disparos e tijolos quando passava perto de uma festa na favela Nova Holanda. O conjunto de favelas fica entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, principal rota de passagem de turistas que saem do Galeão

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outros policiais militares ocupam o Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio
Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outros policiais militares ocupam o Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio (Maurício Fidalgo/Futura Press)
Militares da Força de Pacificação foram atacados nas proximidades de uma festa na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, na madrugada desta segunda-feira. Criminosos arremessaram tijolos, bombinhas de festa junina e pedras em uma patrulha que passava pelo local. Também foram feitos disparos por bandidos que estavam em cima de lajes na região, de acordo com comunicado divulgado pelo Exército.
O incidente ocorreu perto do CIEP Elis Regina. Militares chegaram a efetuar disparos de avertência para o alto. Antes disso, a tropa respondeu com munição de baixa letalidade. De acordo com o comunicado do Exército, "os militares realizaram as ações previstas nas regras de engajamento, empregando o princípio da proporcionalidade e progressividade das ações, buscando evitar danos à população civil e à própria tropa".
Os militares ordenaram o encerramento da festa por volta de 4 horas da manhã desta segunda-feira. Não houve feridos. O conflito foi mais um incidente entre moradores e militares no Complexo da Maré. Desde o fim de março, a Maré está ocupada pela Força de Pacificação. Os militares tentam estabilizar a região antes da instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no segundo semestre. O conjunto de favelas fica entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, principal rota de passagem de turistas que saem do Aeroporto Internacional do Galeão.

8 de jun. de 2014

PT se articula para salvar André Vargas da cassação

Em público, partido defende uma punição exemplar para o deputado. Nos bastidores, porém, a história é outra, mostra reportagem de VEJA desta semana

Robson Bonin
ESTRATÉGIA - Câmara dos Deputados, terça-feira (3), 19h40. No canto do plenário, André Vargas negocia com petistas uma maneira de retardar o processo de cassação
ESTRATÉGIA - Câmara dos Deputados, terça-feira (3), 19h40. No canto do plenário, André Vargas negocia com petistas uma maneira de retardar o processo de cassação (Cristiano Mariz)
Nas últimas semanas, André Vargas vem procurando pessoalmente cada um dos integrantes do Conselho de Ética para clamar por misericórdia. Ele sabe que o período eleitoral aumenta consideravelmente o seu risco de cassação e pede apenas que os colegas engavetem o processo até as eleições. Se conseguir arrastar seu julgamento para depois de outubro, o deputado acredita que escapará da pior das punições. “O Vargas me pediu ajuda. Mas, em ano eleitoral, você acha que alguém vai ser louco de livrar a cara dele?”, diz o vice-presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). E completa: “Eu disse que ajudo, desde que não me prejudique, porque, por mais que você queira ajudar, tem hora que não dá. É ele ou eu, né?”. É exatamente essa a aposta do parlamentar. Sem a pressão das urnas, o ex-vice-presidente da Câmara já ouviu de alguns dos membros do conselho que sua punição será branda, no máximo uma advertência pelo “mau comportamento”. Afinal, ele não é o único que tem amizade com criminosos, não é o único que usa jatos emprestados de empresários, não é o único que se aproveita do cargo para encher os bolsos de dinheiro viabilizando negócios escusos no governo.    

7 de jun. de 2014

Invasão estrangeira

Mais de 800 mil fanáticos por futebol já começaram a chegar ao Brasil para embalar a Copa do Mundo. Quem são eles, como se prepararam e o que farão durante a maior competição esportiva do planeta

Mariana Brugger (marianabrugger@istoe.com.br) e Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br)
Quando começa uma Copa do Mundo? A resposta óbvia, e correta, é no momento em que abre oficialmente a festa de abertura e, em seguida, a bola rola, com o jogo inaugural, tradicionalmente capitaneado pelo país anfitrião. Mas um Mundial de futebol se inicia bem antes disso. Quando chegam os atores da competição, as seleções e as torcidas dos países envolvidos na disputa, que colorem e transformam a atmosfera das cidades-sede com sua vibração. Ainda há poucos times no País – até a sexta-feira 6, haviam chegado oito delegações –, mas, se depender dos estrangeiros que já estão aqui e daqueles que chegam nas próximas semanas, a Copa do Brasil, que se inicia protocolarmente no dia 12 de junho, às 17h, com Brasil e Croácia, na Arena São Paulo, já está a todo vapor. “Turistas de 186 países vêm nos visitar e serão 30 bilhões de espectadores em todos os jogos, no mundo todo”, diz o ministro do Turismo Vinícius Lage. Segundo a Fifa, foram vendidos pouco mais de 2,9 milhões de ingressos, 40% deles para torcedores de fora. Levantamento recente do Ministério dos Esportes revela que serão mais de 800 mil pessoas vindas do exterior durante a competição. “Sendo que meio milhão virá pela primeira vez ao Brasil por conta da Copa do Mundo. Isso alavanca a economia nacional”, afirma o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes. A expectativa é que gastem cerca de R$ 2,5 bilhões por aqui.
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MAPA-MÚNDI
Quarta-feira 4: torcedores de nacionalidades diferentes que já
chegaram do Exterior para o Mundial se confraternizam
na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro
O fato de ser a primeira Copa realizada no continente americano no século 21 colaborou também para uma grande procura. Os sul-americanos, por exemplo, se valem da proximidade para assistir ao Mundial, da maneira que for possível. No Chile, uma caravana gigantesca foi organizada para partir de Santiago, cruzar a Cordilheira dos Andes e estacionar em Cuiabá, onde a seleção realiza sua primeira partida contra a Austrália, na sexta-feira 13. Serão entre 800 e 3200 carros dirigindo em comboio por cinco dias, percorrendo 800 quilômetros diários. “Fazemos de tudo para ver o Chile ser campeão. Somos uma torcida apaixonada e aventureira”, diz Alberto Schmidt, chefe de operações do grupo. São esperados até 70 mil chilenos no Brasil durante a competição, quatro mil vindos somente do grupo de Schmidt.
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Igualmente apaixonada, a torcida alemã desembarcará em peso por aqui. Segundo o Consulado da Alemanha no Rio de Janeiro, são esperados, pelo menos, 20 mil alemães no país para participar do Mundial. Recente levantamento do site de pesquisas de passagens aéreas Skyscanner confirma o dado. Os alemães ocupam o terceiro lugar do ranking dos países que mais enviarão torcidas para cá, perdendo apenas para os norte-americanos e os argentinos. “A torcida alemã é a mais simpática e feliz. O torcedor grita e cria expressões para se referir aos jogadores da equipe adversária”, afirma Harald Klein, o cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro. O web-designer alemão Sami Jaafar, de 28 anos, economizou durante dois anos para ver a Copa. No dia 7 de julho, ele desembarca no Rio de Janeiro sonhando com uma final entre o Brasil e a Alemanha. Sami não comprou ingresso para ir ao Maracanã, porque achou o preço “um absurdo”. Mas também porque prefere sentir o clima das ruas. Ele pretende quer assistir aos jogos em telões ao ar livre, de preferência, na Praia de Copacabana, tomando caipirinha e vendo mulheres bonitas. Ele não teme nem os protestos, nem a criminalidade: “Em 2006, a mídia internacional também disse que a Copa na Alemanha seria perigosa por causa dos hoolligans e dos neo-nazistas. Mas o clima não poderia ter sido melhor”. Sami vai viajar com um amigo – o único que não se assustou com os preços. Os dois vão ficar hospedados em Copacabana, a cinco minutos da praia, num apartamento alugado através de uma agência de viagens berlinense.
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Com pouca tradição futebolística, os americanos surpreenderam já na compra de ingressos. Foram 196.838 entradas vendidas para eles, segundo a Fifa, perdendo apenas para o Brasil. “Estou certa de que vocês verão milhares de americanos se produzindo com todos os tipos de fantasias e roupas típicas”, afirma Liliana Ayalde, a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil. A esperança dela se confirma no grupo de Kimberly Kallansrude, 20 anos. Ela e outros quinze amigos vieram ao país para fazer um intercâmbio e resolveram esticar a estadia para aproveitar a Copa do Mundo. Para fugir dos preços altos, se hospedaram no Albergue Bonita, em Ipanema, zona sul do Rio. “Vamos assistir só ao início da Copa, mas estamos muito empolgados.” Conhecida por sua neutralidade em assuntos políticos, a Suíça terá 6 mil torcedores por aqui. “A torcida suíça é um pouco como o time, cheia de potencial, mas nem sempre ciente das suas capacidades. É como uma pessoa tímida, que só se revela de verdade quando está à vontade”, diz o suíço Claudio Baumann, que mora no País há dois anos e já recepciona vinte conterrâneos para o Mundial.  A gelada Rússia também fará parte da festa. Com QG da torcida montado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o torcedor que não conseguir entrar no Maracanã no domingo 22 para assistir a partida contra a Bélgica não ficará sem lugar para brindar. O russo Euan Kay, 24 anos, ainda tem esperança em conseguir sua entrada. “Eu não poderia perder uma Copa no Brasil. A melhor parte do futebol é que ele une as diferenças entre os povos.”
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Essa pluralidade é apontada justamente como a chave do sucesso do Mundial. “O Mundial é aquele momento em que fingimos assistir a um duelo de nações, que será resolvido no campo esportivo”, afirma o sociólogo Ronaldo Helal, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Diferenças à parte, o historiador e pesquisador André Couto aponta algumas semelhanças entre os grupos de torcedores. “Os latinos costumam ser mais apaixonados, festivos e coloridos. Os ingleses são eufóricos, apesar de causar preocupação com a violência dos hooligans. Os portugueses são frios, mas pode ser que o bom momento do Cristiano Ronaldo mude essa percepção. E a Holanda costuma ter as mulheres mais bonitas.”
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Rahima Ayla Dirkse, 20 anos, é uma ilustre representante da beleza holandesa. Há quatro anos, enquanto Wesley Sneijder marcava o segundo gol da vitória da Holanda contra o Brasil na Copa do Mundo da África do Sul, seu avião pousava em Salvador. Foi só colocar o pé fora do aeroporto Luís Eduardo Magalhães para perceber uma cidade calada. Foi nesse momento que ela se deu conta: o País do futebol tinha sido eliminado justamente pela sua seleção. “Era um baixo astral, todo mundo chorando. Futebol não tem essa mesma força onde eu moro”, diz. Ela queria ver a festa na cidade – um dos principais motivos de sua segunda visita ao Brasil. “Foi naquele dia que decidi que voltaria para a Copa do Brasil”, afirma a estudante de Farmácia, de 20 anos, que hoje mora em Groningen, cidade universitária localizada ao norte da Holanda. Dito e feito. Rahima convenceu seus pais e os três voltam a Salvador. A família Dirkse vai desembarcar mais uma vez na Bahia, estado onde seu país faz o primeiro jogo, contra a Espanha, na sexta-feira 13. O trio, que só chega ao Brasil no dia 5 de julho e ainda não possui ingressos, tem esperanças de ver os jogos do time laranja nas fases eliminatórias.
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Uma coisa é certa: os holandeses esperam transformar o Brasil em uma grande nação laranja. Em São Paulo, eles preparam uma grande caravana para o jogo do dia 23, contra o Chile. Cerca de 500 holandeses que estão acampados num clube na zona sul paulistana acompanharão, a partir das 8h, a “Oranje March” - percurso tradicionalmente feito por um ônibus laranja de dois andares cercado por uma multidão que segue a seleção do País durante os campeonatos internacionais. Na primeira parte do trajeto, caminharão ao lado do veículo do local onde estão as barracas até o metrô mais próximo. Do fim da linha até o estádio, voltarão a se juntar ao coletivo até um terreno perto da Arena São Paulo, onde festejarão até o início do jogo, às 13h. “No resto do ano somos normais, mas durante os jogos viramos loucos. Vestimos roupas cor de laranja e fazemos maluquices ao som dos nossos gritos de guerra”, diz a acampante holandesa Dorinda Hovenga.
Com o Papa Francisco ao seu favor, e o melhor ataque da competição – Messi, Di Maria, Aguero e Higuaín –, a passional argentina está confiante. Na base do GPS, uns poucos contatos e alguma sede de aventura, um trio de jovens portenhos sairá de Buenos Aires de carro nesta semana e chegará antes de a bola começar a rolar.“Vamos parando em casas de amigos e hostels. Levamos até barraca para acampar”, diz o programador David Sadrinas. Os três amigos têm certeza de que essa é a Copa deles. “A próxima é na Rússia, a seguinte no Catar, tudo muito longe”, afirma o analista de crédito Santiago Pascale. Eles mostram, satisfeitos, os ingressos adquiridos em sites como eBay e Mercado Livre. Apesar de a revenda ser proibida, não se intimidaram em gastar até US$ 500 dólares em cada entrada. Sonhar é grátis, mas, ir à Copa, definitivamente não. “Estourei todos os cartões de crédito. Para voltar, a cada parada pedirei um depósito na conta aos pais”, diz o analista Francisco Mora.
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Se há torcedores que viajam na base do improviso, outros são extremamente meticulosos. Como o inglês James Connaughton, de 25 anos, que começou a guardar dinheiro e fazer os planos para a viagem em 2007, quando soube que o Brasil receberia a Copa de 2014. Mesmo sem saber se a Inglaterra se classificaria, ele estava decidido a realizar um sonho de infância e assistir ao maior torneio do mundo no país que, para ele, é “a casa do futebol”. Pela internet, James estudou as 12 cidades-sede em busca de uma base onde pudesse conciliar os jogos com praias e baladas. Acabou se decidindo por Natal, onde deve passar duas semanas em uma pousada, na companhia de outros cinco amigos. “Vi que Natal é uma cidade pequena, menos caótica, mais segura e com mais chances de ter sol e calor nesta época do ano”, diz, já imaginando os roteiros que programou para os dias sem futebol: passeios de buggy pelas dunas de Genipabu e uma esticada à Praia da Pipa.Na última semana da viagem, passa por Recife e termina no Rio, onde se, tudo sair como o esperado, poderá ver sua Inglaterra disputar uma oitava-de-final em pleno Maracanã. Para aproveitar ao máximo a experiência, matriculou-se num curso particular intensivo de português. A Football Association (FA) e a Federação dos Torcedores de Futebol britânica estimam que cerca de 10 mil ingleses devem viajar ao Brasil. As casas de câmbio britânicas mostram isso – aumentou em 1000% a demanda pela moeda brasileira em Londres. Outro hóspede europeu de Natal é o italiano Davide Bizzoto, 39 anos, que terminou com a namorada, que viria com ele, mas não desistiu do sonho de acompanhar sua seleção no Brasil. “Essa será a melhor copa de todos os tempos”, diz ele, que ficará na Praia do Pipa.
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Na terra dos atuais campeões mundiais, a crise econômica e taxas de desemprego na casa dos 25%, estão fazendo o sonho de ver ao vivo o bicampeonato ser cancelado pela grande maioria dos torcedores espanhóis. A dificuldade até virou mote para o comercial de um dos patrocinadores, que pediu aos espanhois para cortar e enviar ao time “seus corações”, os escudos de suas camisas da seleção. O caro souvenir foi costurado e transformado em uma bandeira que acompanhará os jogadores pelo Brasil. Para alguns poucos, no entanto, as passagens e entradas nos estádios estão garantidos e o uniforme pode continuar intacto. É o caso do jornalista Ángel Rubiano, 29 anos. “Estrear na Copa vendo a seleção jogando no Maracanã é sensacional!”, diz ele, que terá como base a cidade do Rio de Janeiro. Apesar de saber que não vai ser fácil para a Espanha, ele se diz otimista. “Esse time nos deu duas Eurocopas e a última Copa. Não tem como estar pessimista com eles.” Nem todos os espanhóis, no entanto, estão tão esperançosos. “Somos um dos favoritos, mas ganhar vai ser muito difícil porque estamos um pouco abaixo do que éramos em 2010”, diz Miguel Riera Menendez, que chegou sozinho ao Brasil para acompanhar os jogos de seu time no Rio e em Curitiba e ficará hospedado em casas de amigos e em hotéis. O argelino Mohamed Kellala também veio sozinho, apesar de uma caravana do seu País estar trazendo 2,1 mil compatriotas, segundo a embaixada. Além de acompanhar todos os jogos da Argélia na primeira fase, Kellala pretende conhecer outras atrações brasileiras, como as obras do arquiteto Oscar Niemeyer. Primeiro o esporte, depois o turismo. Afinal, nada mais divertido para esses torcedores do que uma partida de futebol. Durante uma Copa. E no Brasil.
Com Cristiane Ramalho, de Berlim (ALE); Janaina Cesar, de Bassano del Grappa (ITA); Lucas Moretti, de Croningen (HOL); Maria Luisa Cavalcanti, de Londres (ING); Rachel Costa, de Madri (ESP); Samuel Rodrigues, de Buenos Aires (ARG) e Paula Rocha
Foto: Felipe Varanda/Ag. Istoé, Lucas Moretti; Nicole Ris; Macarena Dias Bradley; Karime Xavier / Folhapress; Renato Gianturco, Imago/ZUMAPRESS.com); Ana Rojas; Viola Scheurer, João Castellano; Bruno Poppe; Rafael Danielewicz