Com um investimento milionário, PT, PSDB e PSB planejam mobilizar 90 mil ativistas da internet. Eles podem ser os grandes cabos eleitorais numa eleição em que a guerra digital será decisiva para a vitória nas urnas
Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br)
Embora a internet já tenha sido um campo de
batalha importante em 2010, na expectativa dos marqueteiros dos
principais partidos, a guerra pelas redes sociais na campanha
presidencial deste ano será ainda mais acirrada e poderá ser decisiva
para o triunfo eleitoral. Se é verdade que a propaganda na tevê conserva
sua importância e mantém-se como destino preferencial dos gastos dos
candidatos, no meio político existe também a convicção de que a
internet está destinada este ano a se tornar o espaço prioritário para o
eleitor resolver dúvidas, confrontar propostas e, numa função ativa que
só as redes sociais permitem, combater no corpo a corpo pelo candidato
de sua preferência. Hoje, 105 milhões de pessoas têm acesso à internet
no Brasil e cada uma delas costuma passar em média duas horas por dia
conectada à rede. Na internet, o brasileiro já faz compras, tira diploma
universitário e até se casa com ajuda das redes sociais. É muito
provável também que a internet seja usada pelo eleitor para definir seu
candidato presidencial. A partir dessa percepção, a pré-candidata à
reeleição Dilma Rousseff (PT) e os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e
Eduardo Campos (PSB) já começaram a montar seus bunkers digitais.
Num esforço para capturar o voto desses brasileiros, os comitês do PT, PSDB e PSB programam um investimento total de R$ 30 milhões e planejam mobilizar uma massa de 90 mil militantes eletrônicos até outubro. Com uma verba estimada em R$ 12 milhões, o PT inicia nas próximas semanas as oficinas de preparação de 1.200 coordenadores de redes sociais de 18 Estados. Através deles, o partido pretende organizar uma massa de 20 mil internautas bem conectados, capazes de disparar mensagens que podem alcançar o computador de 20 a até 40 milhões de pessoas em poucos minutos, operação que, bem coordenada, pode alterar os ânimos do eleitorado nas horas difíceis de uma campanha. Em 2010, quando a perspectiva de uma vitória no primeiro turno não se confirmou, criando uma decepção com consequências imprevisíveis entre os eleitores de Dilma, o PT voltou a caminhar através de uma “onda vermelha” organizada em plenárias de militantes que ocuparam boa parte da rede. “A internet representará, em 2014, pelo menos 30% da campanha,” atesta Alberto Cantalice, vice-presidente do partido e coordenador da mobilização digital.
Num esforço para capturar o voto desses brasileiros, os comitês do PT, PSDB e PSB programam um investimento total de R$ 30 milhões e planejam mobilizar uma massa de 90 mil militantes eletrônicos até outubro. Com uma verba estimada em R$ 12 milhões, o PT inicia nas próximas semanas as oficinas de preparação de 1.200 coordenadores de redes sociais de 18 Estados. Através deles, o partido pretende organizar uma massa de 20 mil internautas bem conectados, capazes de disparar mensagens que podem alcançar o computador de 20 a até 40 milhões de pessoas em poucos minutos, operação que, bem coordenada, pode alterar os ânimos do eleitorado nas horas difíceis de uma campanha. Em 2010, quando a perspectiva de uma vitória no primeiro turno não se confirmou, criando uma decepção com consequências imprevisíveis entre os eleitores de Dilma, o PT voltou a caminhar através de uma “onda vermelha” organizada em plenárias de militantes que ocuparam boa parte da rede. “A internet representará, em 2014, pelo menos 30% da campanha,” atesta Alberto Cantalice, vice-presidente do partido e coordenador da mobilização digital.
Em 2013, a equipe digital de Dilma foi
reformulada e na campanha presidencial sua orientação política ficará
por conta do jornalista Franklin Martins, ministro da Comunicação Social
do governo Lula. Ainda no ano passado, jovens de tênis All Star, jeans e
camisa xadrez começaram a circular pelo Planalto, contratados para
animar o Facebook e dar uma nova cara para o Twitter da presidenta. Em
menos de um ano, a audiência da página de Dilma saltou de 20 mil
curtidas para 220 mil. Entre esse público, 80% não é filiado ao PT nem
se considera eleitor fixo do partido, o que é motivo de comemoração, já
que ninguém precisa pregar para convertidos. Essa situação, contudo,
exige cuidados especiais de forma e conteúdo. Atitudes agressivas podem
ser aceitas e até bem-vindas em conversas fechadas. Mas causam
constrangimento e mesmo escândalo quando feitas em público, como se viu
quando um texto do PT no Facebook, cuja confecção foi atribuída à
empresa Pepper Comunicação, classificou o concorrente Eduardo Campos de
“tolo” e “playboy mimado”, dizendo ainda que Marina Silva era um “ovo da
serpente”, motivada por um “adesismo puro e simples.”
O PSDB não quer cometer esses erros, mas,
como o PT, o partido sabe que nem sempre é fácil segurar o ímpeto da
militância quando o que está em jogo é a vitória do candidato do coração
– ou daquele que lhe paga. Além de acordar o País para um
descontentamento profundo, os protestos de junho de 2013 serviram para o
PSDB demonstrar uma força nas redes sociais que era desconhecida pelos
adversários. Trabalhando silenciosamente desde 2010, os tucanos fazem um
esforço para profissionalizar a equipe digital. Apenas em Minas Gerais,
que hoje concentra grande parte dessa militância, o número de ativistas
aumentou 840%, explica Nárcio Rodrigues, presidente da Juventude do
PSDB. “Tínhamos 600 jovens, agora são 5.040, em níveis diferentes de
engajamento. Alguns podem passar o dia todo online.”
Depois do Carnaval, a equipe de internet da
campanha de Aécio será reforçada. O ex-deputado Xico Graziano, diretor
do Instituto FHC, montará uma redação com 50 internautas experientes. A
estratégia de trabalho seguirá o cardápio clássico de redes sociais da
maioria dos partidos: publicar notícias positivas com formato moderno e
leve, desconstruir informações negativas e apontar erros dos
adversários. Em 2010, o partido gastou cerca de R$ 8 milhões com a
campanha virtual. Quatro anos depois, prevê uma despesa próxima dos R$
12 milhões admitidos pelo PT.
No PSB, de Eduardo Campos, a guerrilha nas redes sociais também é vista como um bom atalho para a vitória nas urnas nas eleições deste ano. No início do mês, o marqueteiro Diego Brandy, responsável pela campanha de Campos, resolveu submeter seu candidato a uma experiência inédita. Colocou Campos num encontro de duas horas com internautas, numa conversa que gerou 12 milhões de interações replicadas rede afora. Brandy dá sua receita: “Se você chega numa roda de amigos e fala apenas de você, logo todos lhe acharão um chato. As redes são fundamentalmente para o diálogo”.
No PSB, de Eduardo Campos, a guerrilha nas redes sociais também é vista como um bom atalho para a vitória nas urnas nas eleições deste ano. No início do mês, o marqueteiro Diego Brandy, responsável pela campanha de Campos, resolveu submeter seu candidato a uma experiência inédita. Colocou Campos num encontro de duas horas com internautas, numa conversa que gerou 12 milhões de interações replicadas rede afora. Brandy dá sua receita: “Se você chega numa roda de amigos e fala apenas de você, logo todos lhe acharão um chato. As redes são fundamentalmente para o diálogo”.
Em 2010, a equipe de Marina Silva, vice de
Eduardo Campos, conseguiu mobilizar 60 mil militantes digitais a partir
de 500 internautas, façanha que, ao lado dos eleitores evangélicos, foi
uma das alavancas para seus 20 milhões de votos. Para Eduardo Rombauer, o
cérebro digital da campanha de Marina, a guerra por votos na internet
tem uma característica principal: “Os partidos não entendem que não
adianta tentar controlar o debate. É preciso estar a serviço da demanda
dos internautas. Por isso, conseguimos 60 mil replicadores sem precisar
pagar.” Os gastos, mesmo assim, não foram pequenos. O PV gastou pouco
mais de R$ 5 milhões com a campanha na internet, em 2010. Juntos, Marina
e o PSB planejam gastar R$ 8,5 milhões este ano.
Cabe lembrar que a mesma tecnologia capaz de criar tantas possibilidades de um ativismo político saudável também permite ações condenáveis, muitas das quais protagonizadas pela militância virtual de 2010 para cá. A internet abre possibilidades sem fim para abusos e golpes baixos. A partir de um site localizado no exterior, é possível divulgar mentiras e calúnias sem que a parte atingida possa tomar qualquer tipo de providência legal. Nos bastidores da campanha, o lado obscuro das redes sociais começa a preocupar os principais candidatos, que debatem a possibilidade de estabelecer uma espécie de código de guerra para definir limites e sanções. Mas, por ora, a guerrilha digital dispõe de sinal verde para entrar em ação. Preparem-se as trincheiras.
Colaborou Pedro Marcondes de Moura
fotos: shutterstock; Darlei Marinho/Parceiro/Ag. O Globo; Carlos Cecconello/Folhapress
Cabe lembrar que a mesma tecnologia capaz de criar tantas possibilidades de um ativismo político saudável também permite ações condenáveis, muitas das quais protagonizadas pela militância virtual de 2010 para cá. A internet abre possibilidades sem fim para abusos e golpes baixos. A partir de um site localizado no exterior, é possível divulgar mentiras e calúnias sem que a parte atingida possa tomar qualquer tipo de providência legal. Nos bastidores da campanha, o lado obscuro das redes sociais começa a preocupar os principais candidatos, que debatem a possibilidade de estabelecer uma espécie de código de guerra para definir limites e sanções. Mas, por ora, a guerrilha digital dispõe de sinal verde para entrar em ação. Preparem-se as trincheiras.
Colaborou Pedro Marcondes de Moura
fotos: shutterstock; Darlei Marinho/Parceiro/Ag. O Globo; Carlos Cecconello/Folhapress
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