A renúncia de Tatto e Zarattini como pré-candidatos à prefeitura de São Paulo será anunciada até a próxima semana
A cúpula do PT já começou a montar a estrutura da campanha do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo e quer atrair o PMDB para a chapa. Um café da manhã realizado nessa quinta-feira (9), na casa do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), sacramentou a desistência dos deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini da disputa interna, enterrando a prévia para a escolha do candidato, como desejava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A direção nacional do PT quer usar o exemplo de São Paulo para sepultar as prévias também nas principais capitais do País.
Pouco depois do café, a Executiva Nacional do PT - reunida em Brasília - fez um apelo pela "coesão interna" nas principais capitais. "Nunca pusemos a prévia como objetivo a ser alcançado", disse o presidente do PT, deputado Rui Falcão. "Agora, é claro que precisamos ter um mecanismo de solução de conflitos."
Até janeiro
A renúncia de Tatto e Zarattini será anunciada até a próxima semana. Nesta sexta, Haddad deve almoçar com dirigentes do PT, em São Paulo, para esboçar as linhas gerais da campanha. A intenção da presidente Dilma Rousseff é substituí-lo em janeiro de 2012. Pressionada, a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy retirou-se do páreo há oito dias, atendendo a apelo de Lula e de Dilma. A prévia estava marcada para o dia 27. "Eu, agora, vou me recolher", disse Marta, que deverá anunciar apoio a Haddad só após conversar com Lula.
O café em que os petistas selaram o acordo para o fim da prévia reuniu Haddad e 15 deputados do PT de São Paulo. Oficialmente, Tatto e Zarattini ainda dizem que vão consultar os seus seguidores para tomar uma decisão, mas, na prática, está tudo acertado. Haddad prometeu assegurar espaço no comando de sua campanha às correntes dos dois deputados. Aliados de Marta no passado, Tatto e Zarattini reclamavam de privilégio ao grupo do ministro. "Nós fizemos um apelo a eles para não haver prévia e mostramos preocupação com a unidade do PT em São Paulo. Temos uma campanha dura pela frente e vamos enfrentar o PSDB e o PSD", disse o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
PMDB
Mesmo em tratamento para combater um câncer na laringe, Lula já marcou novas conversas com aliados e acha possível convencer o PMDB a não lançar o deputado Gabriel Chalita à sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD). No PMDB do vice-presidente Michel Temer, porém, a hipótese de uma chapa formada por Haddad e Chalita é vista como "bastante remota". Nem mesmo a ideia de Chalita ocupar um ministério, a partir do ano que vem, empolga Temer. Até agora, Lula tem uma exigência: quer que seu auxiliar Luiz Dulci integre a coordenação do programa de governo de Haddad.
O cenário apresentado nessa quinta por dirigentes do PT durante reunião da Executiva mostrou que o partido está rachado em Belo Horizonte, segundo maior colégio eleitoral do País, e enfrenta disputas fratricidas em Recife e Fortaleza, além de muitas incertezas em Porto Alegre. Na capital mineira, o vice-prefeito Roberto Carvalho (PT) rompeu com o prefeito Márcio Lacerda (PSB) e quer lançar chapa própria.
O grupo de Lula defende a reeleição de Lacerda, mas o PSDB do senador e ex-governador Aécio Neves faz questão de integrar a coligação. Uma parcela do PT é contra esse acordo e promete protestar até o fim. "Nunca vi a gente recusar apoio", insistiu Rui Falcão. "Isso não apaga as nossas divergências com o PSDB, mas eu não recuso apoio de ninguém." Em setembro, resolução aprovada pelo 4.° Congresso do PT proibiu o partido de formar chapa com o PSDB, o DEM e o PPS, mas abriu brecha para a entrada dos adversários na coligação.
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