O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo
Tribunal Federal (STF), pediu nesta segunda-feira, 3, que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre a representação
da coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT/PCdoB/Pros) contra o candidato
do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro, e a coligação “Brasil
acima de tudo, Deus acima de todos” (formada por PSL e PRTB) por crime
de ameaça.
A coligação encabeçada pelo PT também quer que Bolsonaro seja
investigado pelos crimes de injúria eleitoral e incitação ao crime.
Lewandowski foi sorteado hoje como relator da ação, e enviou nesta tarde
o processo para a PGR emitir seu parecer.
A representação do PT contra Bolsonaro se baseia em discurso feito
pelo candidato do PSL à Presidência durante evento de campanha no Acre,
na semana passada. O Estado é governado pelo PT desde 1999.
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vamos botar esses picaretas
pra correr do Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma
tem que ir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela, galera. Vão ter que
comer é capim mesmo”, disse Bolsonaro na ocasião.
Para o PT, o caso expõe crime eleitoral “de injúria em detrimento de
todos os eleitores que de algum modo são identificados como ‘esquerda’
política e nos crimes de ameaça e incitação ao crime de homicídio”.
“No âmbito do direito penal eleitoral, o noticiado (Bolsonaro)
promoveu graves dizeres que maculam a honra de parcela da população,
afirmando que estes deveriam morrer por fuzilamento ou, como opção,
deveriam comer capim. Tudo isso, ressalta-se, no intuito de se promover
politicamente, propagandeando ou buscando propagandear sua plataforma
política”, dizem os advogados da coligação do PT.
“Por mera divergência política, entende o candidato ser necessário o
fuzilamento de toda uma parcela da população, o que representa, a um só
tempo, os cometimentos dos crimes de ameaça e incitação ao crime”,
sustentam os defensores da coligação petista.
Para o PT, a situação é ainda agravada pelo fato de o episódio ter
ocorrido na “presença de várias pessoas, o que facilita a divulgação
destas ofensas”.
Procurada, a campanha de Bolsonaro não havia respondido à reportagem até a publicação deste texto.
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