ação de fraudadores
Usuário precisa ter atenção redobrada ao acessar a internet e não acreditar em ofertas de facilidades
Por
MARTHA IMENES
Rio - Com o aumento da
incidência de golpes contra aposentados do INSS somente no primeiro
semestre deste ano foram registradas 461 denúncias pela Ouvidoria do
instituto , além do vazamento de dados via internet, inclusive pelo Serpro, como o segurado deve se proteger para não ser vítima de estelionatários? O DIA
consultou especialistas em cibersegurança para mostrar como se
defender. As principais dicas, segundo Fábio Lutfi Machado, da empresa
Qriar Cybersecurity, são manter sempre o programa de antivírus
atualizado e desconfiar de ofertas de facilidades por ligações
telefônicas, via WhatApp e SMS. "Seja em computador, laptop, celular ou
tablet, o antivírus tem que estar atualizado", orienta.
Machado afirma que os golpes são mais baseados em
engenharia social, e menos por meios virtuais. "A fragilidade dos idosos
é frequentemente explorada por cibercriminosos que se apoiam em fatores
estruturais, como pouco nível de escolaridade, status sócio-econômico
baixo, por exemplo. Limitado acesso a serviços públicos também contribui
com o aumento da vulnerabilidade. E isso torna os mais velhos um
chamariz para fraudadores", alerta Machado.
O especialista avalia que com a possibilidade de alguns
aposentados terem 25% a mais no benefício para pagar cuidadores,
conforme determinou recentemente o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
as tentativas de golpe contra esses segurados podem aumentar.
"É recomendável sempre canais seguros de internet. É
melhor evitar a aquela rede aberta grátis em lan house ou outro local,
que podem ser chamariz para possível invasão", diz Machado.
O especialista orienta o usuário a verificar sempre se o
certificado digital emitido é confiável e, em caso de sites
governamentais que não são reconhecidos pelo navegador da internet
tradicional, conferir se realmente está no domínio correto. Como
exemplo, ele cita a página na internet do próprio INSS.
"O domínio da página é 'inss.gov.br', ao acessar uma
outra aba dentro do site é preciso se certificar que esse endereço não
será alterado", ensina Fábio Machado.
Outro exemplo é o site do Tribunal Regional Federal da
2ª Região (TRF-2). "O domínio é www.trf2.jus.br, o que vem antes ou
depois desse endereço pode mudar - como
www10.trf2.jus.br/consultas/consulta-processual-publica ou
https://portal. trf2.jus.br/portal/consulta/cons_procs.asp -, mas
endereço não", indica o especialista em segurança na internet.
Investidas vêm por SMS e WhatsApp
As
mensagens por SMS e pelo WhatsApp também são meios de criminosos
virtuais roubarem dados pessoais e financeiros das vítimas por meio de
mensagens falsas. Geralmente, buscam o caminho que que possa fazer o
maior número possível de alvos, tornando os usuários de SMS e WhatsApp
objetos cobiçados.
"Os golpes não acontecem apenas
por falha na segurança de aplicativos, mas também por envio de link
falso, o chamado phishing. Esse é um dos métodos de ataque mais antigos e
funciona como uma pescaria: o cibercriminoso envia uma mensagem quase
sempre com um link, esperando que o usuário 'morda a isca' e clique
nele. O phishing costuma pedir dados de visitantes", explica Eduardo
Henrique, diretor-geral da Wavy, empresa de cibersegurança.
Instituto faz campanha
Além
dos golpes de aposentadoria fácil, revisão de benefício, crédito
consignado, agora os aposentados têm que lidar com ligações oferecendo
liberação de dinheiro retido. "Não informe dado algum pelo telefone ou a
terceiros", alerta Fábio Lutfi Machado, especialista em cibersegurança.
"Um modo simples para prevenir é não dar atenção a ligações em que a
pessoa se identifica como sendo do INSS ou de qualquer outro órgão
ligado à Previdência", afirma.
O próprio INSS tem
feito campanha na internet para o segurado em nenhuma circunstância o
instituto liga ou envia e-mail para o pensionista solicitando dados
pessoais ou oferecendo benefícios", pontua o especialista.
Procurado,
o instituto informou que os segurados podem obter orientações nos
postos e nas páginas na internet, e que os serviços são gratuitos.
Orienta ainda o beneficiário a formalizar denúncia pela Central 135.
CRÉDITO CONSIGNADO DO INSS SERVE DE CHAMARIZ PARA CRIMINOSOS
Outro golpe muito comum aplicado é o do
empréstimo consignado, que é descontado diretamente na folha de
pagamento. As taxas mais baixas do mercado - para o funcionalismo
público está em 1,75% ao mês e, no caso dos segurados o teto é de 2,08%
ao mês -, fazem com que esse tipo de crédito seja atrativo para
aposentados do INSS e fraudadores.
Em fevereiro, O
DIA mostrou o caso de Pedro de Oliveira Santos, 65 anos, morador de Vila
Isabel. "No ano passado precisei de um empréstimo e fui a um agente
autorizado na Rua Senador Dantas, no Centro da cidade, levei os
documentos, assinei os papeis. Saiu tudo certinho", conta o aposentado,
que passou a acompanhar os descontos mensais. Mas, no mês seguinte, ele
percebeu um valor maior no débito mensal da aposentadoria.
"Vi
o desconto, mas deixei como estava. Em dezembro veio um novo débito.
Foi quando decidi ir a um posto do INSS pedir um extrato de empréstimo
consignado e descobri dois empréstimos e uma renegociação de dívida que
eu não fiz", diz.
Segundo o aposentado do INSS, foi
aprovado um crédito de R$ 2,6 mil em sua conta corrente por uma
financeira, em seguida um empréstimo de R$ 1,5 mil em banco que "não se
sabe onde o dinheiro foi parar" e uma renegociação de dívida, no mesmo
banco, cujo valor não foi informado.
O aposentado
reclamou no INSS, deu parte na delegacia e agora passa por transtorno
para não ter o desconto feito no seu contracheque. "Estamos aguardando o
exame grafotécnico para provar que eu não assinei os papeis", lamenta.
A
burocracia para resolver o problema é criticada pelo advogado Herbert
Alencar, presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB Barra.
"Não é possível que autorizem descontos imediatos (no contracheque do
aposentado) e agora para resolver a situação leve tanto tempo", alega o
advogado.
MEDIDAS BÁSICAS
Algumas
medidas devem ser tomadas para evitar cair nessa "roubada". Verificar
as cobranças é a principal orientação. "Existem aposentados que são
descontados e nem sabem", afirma o advogado Herbert Alencar.
Caso
desconfie da cobrança, o advogado orienta a pedir na agência do INSS um
formulário para consultar empréstimos consignados. "De posse desse
formulário o aposentado saberá qual empréstimo foi autorizado, as
informações são detalhadas com data, valor e parcelas a debitar", diz.
"Se não conseguir reverter a situação dos descontos no posto do INSS, o segurado tem que entrar na Justiça", avisa o advogado.
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