6 de set. de 2018

Antivírus atualizado é uma das armas contra ação de fraudadores

ação de fraudadores

Usuário precisa ter atenção redobrada ao acessar a internet e não acreditar em ofertas de facilidades

Por MARTHA IMENES
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Rio - Com o aumento da incidência de golpes contra aposentados do INSS somente no primeiro semestre deste ano foram registradas 461 denúncias pela Ouvidoria do instituto , além do vazamento de dados via internet, inclusive pelo Serpro, como o segurado deve se proteger para não ser vítima de estelionatários? O DIA consultou especialistas em cibersegurança para mostrar como se defender. As principais dicas, segundo Fábio Lutfi Machado, da empresa Qriar Cybersecurity, são manter sempre o programa de antivírus atualizado e desconfiar de ofertas de facilidades por ligações telefônicas, via WhatApp e SMS. "Seja em computador, laptop, celular ou tablet, o antivírus tem que estar atualizado", orienta.
Machado afirma que os golpes são mais baseados em engenharia social, e menos por meios virtuais. "A fragilidade dos idosos é frequentemente explorada por cibercriminosos que se apoiam em fatores estruturais, como pouco nível de escolaridade, status sócio-econômico baixo, por exemplo. Limitado acesso a serviços públicos também contribui com o aumento da vulnerabilidade. E isso torna os mais velhos um chamariz para fraudadores", alerta Machado.
O especialista avalia que com a possibilidade de alguns aposentados terem 25% a mais no benefício para pagar cuidadores, conforme determinou recentemente o Superior Tribunal de Justiça (STJ), as tentativas de golpe contra esses segurados podem aumentar.
"É recomendável sempre canais seguros de internet. É melhor evitar a aquela rede aberta grátis em lan house ou outro local, que podem ser chamariz para possível invasão", diz Machado.
O especialista orienta o usuário a verificar sempre se o certificado digital emitido é confiável e, em caso de sites governamentais que não são reconhecidos pelo navegador da internet tradicional, conferir se realmente está no domínio correto. Como exemplo, ele cita a página na internet do próprio INSS.
"O domínio da página é 'inss.gov.br', ao acessar uma outra aba dentro do site é preciso se certificar que esse endereço não será alterado", ensina Fábio Machado.
Outro exemplo é o site do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). "O domínio é www.trf2.jus.br, o que vem antes ou depois desse endereço pode mudar - como www10.trf2.jus.br/consultas/consulta-processual-publica ou https://portal. trf2.jus.br/portal/consulta/cons_procs.asp -, mas endereço não", indica o especialista em segurança na internet.

Investidas vêm por SMS e WhatsApp

As mensagens por SMS e pelo WhatsApp também são meios de criminosos virtuais roubarem dados pessoais e financeiros das vítimas por meio de mensagens falsas. Geralmente, buscam o caminho que que possa fazer o maior número possível de alvos, tornando os usuários de SMS e WhatsApp objetos cobiçados.
"Os golpes não acontecem apenas por falha na segurança de aplicativos, mas também por envio de link falso, o chamado phishing. Esse é um dos métodos de ataque mais antigos e funciona como uma pescaria: o cibercriminoso envia uma mensagem quase sempre com um link, esperando que o usuário 'morda a isca' e clique nele. O phishing costuma pedir dados de visitantes", explica Eduardo Henrique, diretor-geral da Wavy, empresa de cibersegurança.

Instituto faz campanha

Além dos golpes de aposentadoria fácil, revisão de benefício, crédito consignado, agora os aposentados têm que lidar com ligações oferecendo liberação de dinheiro retido. "Não informe dado algum pelo telefone ou a terceiros", alerta Fábio Lutfi Machado, especialista em cibersegurança. "Um modo simples para prevenir é não dar atenção a ligações em que a pessoa se identifica como sendo do INSS ou de qualquer outro órgão ligado à Previdência", afirma.
O próprio INSS tem feito campanha na internet para o segurado em nenhuma circunstância o instituto liga ou envia e-mail para o pensionista solicitando dados pessoais ou oferecendo benefícios", pontua o especialista.
Procurado, o instituto informou que os segurados podem obter orientações nos postos e nas páginas na internet, e que os serviços são gratuitos. Orienta ainda o beneficiário a formalizar denúncia pela Central 135.

CRÉDITO CONSIGNADO DO INSS SERVE DE CHAMARIZ PARA CRIMINOSOS

Pedro de Oliveira Santos - MAÍRA COELHO/ AGÊNCIA ODIA
Outro golpe muito comum aplicado é o do empréstimo consignado, que é descontado diretamente na folha de pagamento. As taxas mais baixas do mercado - para o funcionalismo público está em 1,75% ao mês e, no caso dos segurados o teto é de 2,08% ao mês -, fazem com que esse tipo de crédito seja atrativo para aposentados do INSS e fraudadores.
Em fevereiro, O DIA mostrou o caso de Pedro de Oliveira Santos, 65 anos, morador de Vila Isabel. "No ano passado precisei de um empréstimo e fui a um agente autorizado na Rua Senador Dantas, no Centro da cidade, levei os documentos, assinei os papeis. Saiu tudo certinho", conta o aposentado, que passou a acompanhar os descontos mensais. Mas, no mês seguinte, ele percebeu um valor maior no débito mensal da aposentadoria.
"Vi o desconto, mas deixei como estava. Em dezembro veio um novo débito. Foi quando decidi ir a um posto do INSS pedir um extrato de empréstimo consignado e descobri dois empréstimos e uma renegociação de dívida que eu não fiz", diz.
Segundo o aposentado do INSS, foi aprovado um crédito de R$ 2,6 mil em sua conta corrente por uma financeira, em seguida um empréstimo de R$ 1,5 mil em banco que "não se sabe onde o dinheiro foi parar" e uma renegociação de dívida, no mesmo banco, cujo valor não foi informado.
O aposentado reclamou no INSS, deu parte na delegacia e agora passa por transtorno para não ter o desconto feito no seu contracheque. "Estamos aguardando o exame grafotécnico para provar que eu não assinei os papeis", lamenta.
A burocracia para resolver o problema é criticada pelo advogado Herbert Alencar, presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB Barra. "Não é possível que autorizem descontos imediatos (no contracheque do aposentado) e agora para resolver a situação leve tanto tempo", alega o advogado.
MEDIDAS BÁSICAS
Algumas medidas devem ser tomadas para evitar cair nessa "roubada". Verificar as cobranças é a principal orientação. "Existem aposentados que são descontados e nem sabem", afirma o advogado Herbert Alencar.
Caso desconfie da cobrança, o advogado orienta a pedir na agência do INSS um formulário para consultar empréstimos consignados. "De posse desse formulário o aposentado saberá qual empréstimo foi autorizado, as informações são detalhadas com data, valor e parcelas a debitar", diz.
"Se não conseguir reverter a situação dos descontos no posto do INSS, o segurado tem que entrar na Justiça", avisa o advogado.

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