17 de ago. de 2017

ONU repudia racismo e líderes isolam Trump

Do Reino Unido ao Irã, líderes condenam discursos de ódio, um dia após fala polêmica do presidente dos EUA
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Cidades norte-americanas, como Baltimore, removem estátuas em homenagem a figuras históricas que lutaram para manter a escravidão ( Foto: France Presse )
Nova York. O presidente americano Donald Trump conseguiu criar uma nova tempestade para seu governo após as últimas declarações sobre o episódio de violência racial em Charlottesville, que provocaram um profundo mal-estar em seu próprio partido e que pode marcar uma mudança em sua presidência.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu, ontem, que o racismo e a xenofobia sejam combatidos.
"O racismo, a xenofobia, o antissemitismo e a islamofobia estão envenenando nossas sociedades. Devemos combatê-los. Sempre. Em qualquer lugar", tuirou Guterres, após Trump voltou a responsabilizar os "dois lados" pela violência em Charlottesville, tanto os neonazistas e defensores da supremacia branca quanto os manifestantes que protestavam contra a marcha.
As declarações de Trump chegaram a ser elogiadas pelo ex-líder da Ku Klux Klan (KKK) David Duke por sua "honestidade e coragem", mas deixaram diversos legisladores mudos. Um sinal claro deste desconforto é que os republicanos sequer apareceram na televisão para defender o presidente, e as únicas vozes a emergir foram de crítica.
"Os EUA devem sempre repudiar o preconceito racial, o antissemitismo e o ódio em todas as suas forças", citou um comunicado conjunto dos ex-presidentes republicanos George H.W. Bush e George W. Bush.
Sem citar Trump, os Bush afirmaram a necessidade de lembrar as palavras de Thomas Jefferson, principal redator da Declaração de Independência dos Estados Unidos: "todos os Homens foram criados iguais".
O antecessor democrata de Trump, Barack Obama, reagiu tuitando uma frase de Nelson Mandela: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou sua origem, ou sua religião". Este tuíte de Obama se tornou o mais popular até o momento na história da rede social, informou o Twitter, ontem.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, por sua vez, ironizou no Twitter sobre as prioridades dos EUA, e aconselhou a primeira potência do mundo a perseguir "os adeptos da supremacia branca antes que se meterem nos assuntos dos outros países".
Fim dos conselhos
Diante das reações negativas provocadas por suas declarações sobre o episódio da marcha racista, Trump dissolveu, ontem, dois conselhos consultivos empresariais após vários executivos desistirem de integrá-los por causa dos comentários do mandatário sobre a manifestação de supremacistas brancos.
"Em vez de pressionar os empresários do Conselho de Indústria e do Fórum de Estratégia e Política, estou cancelando os dois. Obrigada a todos", disse Trump em sua conta no Twitter.
Os principais executivos de empresas como Merck, Intel e Under Armour estavam entre os últimos a renunciar a esses conselhos, após Trump culpar os dois lados pelos incidentes do domingo passado que deixaram uma mulher morta, em um protesto antirracista contra a manifestação de supremacistas brancos na Virgínia.
A primeira-ministra britânica Theresa May rejeitou, ontem, a equivalência entre os fascistas e aqueles que os combatem, em resposta à fala Trump.
"É importante que todos aqueles em postos de responsabilidade condenem as posições de extrema-direita", disse May.

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