Polícia monitorou os rádios dos traficantes e interceptou mensagens repassadas por redes sociais que informavam sobre a ação
Rio
- Os criminosos que controlam o tráfico de drogas na comunidade do
Jacarezinho e em favelas ao redor sabiam da megaoperação integrada das
polícias com as Forças Armadas, que aconteceu na madrugada desta
segunda-feira. A polícia monitorou os rádios dos traficantes e
interceptou mensagens repassadas por redes sociais que informavam sobre a
ação.
A megaoperação das forças de segurança em comunidades do Rio deixou 22.548 alunos sem aulas na manhã desta segunda-feira. O número é recorde neste ano. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Educação, 31 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) não abriram na cidade.
Em um dos alertas, os bandidos falaram que
iam “dispersar às 3h”. Já em outro áudio, policias verificaram que um
rapaz falava para o outro: “Ê, meu mano, tá pelo Jacaré? Aí, cuidado aí.
Amigo PQD falou que a cia dele vai partir para o Jaca, Mandela ou
Manguin hoje”. A mensagem foi repassada às 20h de domingo, horas antes
da operação iniciar.
Às 18h10 de domingo, uma pessoa
identificada apenas como PQDT também publicou em uma rede social a
seguinte mensagem: “Pronto para mais uma operação... quebrar tudo no
Jacaré”.
A polícia também identificou que às 19h15 outra
informação circulava pelas redes. Dessa vez a mensagem era: “Tão falando
que o Exército vai entrar no Jacaré. Deus nos proteja”.
Em
outra publicação, um homem avisa: “Alô, alô, minha gente, atenção por
favor. Eu recebi uma notícia da minha prima agora. Não vou divulgar o
nome dela. Ela mandou ficar ligado amanhã para sair para trabalhar
porque o exército vai entrar no jacaré essa madrugada. Gente, cuidado
aí, por favor. Ela é sargenta do exército. Cuidado aí gente essa
madrugada”.
O porta-voz das Forças Armadas, Coronel
Roberto Itamar, afirmou em coletiva realizada no início da tarde desta
segunda que o vazamento precisa ser investigado. Segundo o coronel, é
improvável que alguém da patente do investigado tivesse muitas
informações sobre a operação.
Um militar do Exército
Matheus Ferreira Lopes, de 19 anos, foi preso suspeito de repassar as
informações sobre a megaoperação desta segunda-feira a traficantes nas
redes sociais. O soldado foi detido por agentes da Delegacia de Combate
às Drogas (Dcod) nesta manhã e levado para a Cidade da Polícia.
Operação convive com o risco de vazamento, diz Jungmann
O
ministro da Defesa, Raul Jungmann afirmou durante uma coletiva de
imprensa, na tarde desta segunda-feira, que uma operação que conta com
sete mil homens convive com o risco de vazamento. Ele também ressaltou
que um soldado não tem acesso às informações estratégicas e por isso, a
exposição de dados não acarreta em prejuízo para as ações como a de
hoje.
Ainda segundo o ministro, o militar estava
sendo monitorado pelas Forças Armadas e polícia desde a última operação.
No entanto, Jungmann não admitiu se houve vazamento.
Já
o secretário Roberto Sá anunciou que houve redução nos crimes de
letalidade violenta no mês de julho, comparado o mesmo período do ano
passado. Sá ainda comemorou o resultado e lembrou que mesmo com a
escassez de recursos a polícia está conseguindo cumprir o seu papel de
preservar vidas.
Operação em seis favelas
As
forças de segurança realizam, desde a madrugada desta segunda-feira,
uma operação em seis favelas: Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Bandeira
2, Complexo do Alemão, Parque Arará. Os agentes também atuam no
condomínio Morar Carioca, na Zona Norte. Até o momento, 40 pessoas foram
detidas, entre os presos está o recruta do Exército Matheus Ferreira
Lopes, de 19 anos.
Também foram apreendidas sete
pistolas, duas granadas, 20 motos e sete carros. Além disso, foram
encontrados drogas, munição e máquinas caça-níqueis, ainda não
contabilizadas, nas comunidades. O efetivo mobilizado é de 5,5 mil
homens e mulheres. Foram utilizados ainda 46 blindados e 532 veículos.
Mais de 22 mil alunos sem aulas A megaoperação das forças de segurança em comunidades do Rio deixou 22.548 alunos sem aulas na manhã desta segunda-feira. O número é recorde neste ano. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Educação, 31 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) não abriram na cidade.
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