Com novo corte na Selic, taxa básica de
juros fica abaixo de 10% pela primeira vez em quatro anos. A queda não
significa que o dinheiro esteja mais acessível
Bárbara Libório
A sétima queda consecutiva da Selic, a taxa básica de juros,
na quarta-feira 26, confirmou a expectativa do mercado financeiro de que
o Banco Central manteria o ritmo de redução de um ponto percentual
verificado na última reunião, em maio. Pela primeira vez desde 2013, a
Selic ficou abaixo de 10% – ela agora está em 9,25%. Com a redução, o
Brasil passou do segundo para o terceiro lugar no ranking mundial de
juros reais. Para o consumidor, o crédito continua pouco acessível. Um
dia depois da redução na Selic, o juro rotativo do cartão de crédito,
aquele cobrado sobre o valor que o cliente não paga no vencimento da
fatura, voltou a subir: está em 378% ao ano, muito acima do praticado em
outros países da América Latina.
Por que o consumidor brasileiro não é beneficiado pelos efeitos das
sucessivas quedas na taxa básica de juros? “Quando se trata dos juros
finais cobrados ao consumidor, a Selic é importante, mas uma grande
parte vem do spread bancário (diferença entre quanto o banco paga ao
tomar empréstimo e o quanto ele cobra do consumidor na operação de
crédito)”, afirma Yan Cattani, economista da Boa Vista SCPC. O cálculo
do spread é baseado, entre outras coisas, no índice de inadimplência –
quanto mais alto o risco do consumidor se tornar inadimplente, maiores
os spreads bancários e, portanto, maiores as taxas de juros finais. O
risco de inadimplência também torna mais difícil o acesso ao crédito.
Mesmo quem não está negativado vem sentindo dificuldade na hora de
aprovação. “É a sensação de crise: mesmo com a taxa básica em queda, o
banco vai ser mais austero para conceder crédito”, diz Cattani. É
verdade que a inadimplência vem caindo – na avaliação acumulada em 12
meses, houve retração de 3,1% em junho deste ano -, em grande parte pela
menor demanda por crédito. “O consumidor está mais cauteloso do que
antigamente”, afirma o economista. “Antes a gente observava grandes
concessões de crédito que incorriam em inadimplência, mas agora é
diferente”. CRESCIMENTO
Para as empresas, o cenário é outro. O corte de juros é sentido mais
rapidamente, já que elas têm maior capacidade de pagamento. É com isso
que conta o governo para aquecer a economia do País. “Com melhores
condições de investimento, as empresas devem aumentam produtividade,
reocupar sua capacidade ociosa, manter os trabalhadores a pleno emprego e
criar novas vagas”, afirma Paulo Azevedo, professor de estratégia
financeira do Ibmec-SP. Um resultado que é bom para todos, afinal.
Governo liberou R$ 2,1 bi para emendas em julho, mais do que em todo o 1º semestre
O Dia
Brasília
- Enquanto corta gastos em dos ministérios e aumenta impostos para
cumprir a meta fiscal, o governo, pressionado pela votação da denúncia
contra Michel Temer no Congresso, liberou mais emendas parlamentares em
julho do que na soma do restante do ano e criou quase 500 cargos de
confiança, que podem ter abrigado indicações de deputados. As
informações são do site Contas Abertas, que acompanha a execução fiscal
de órgãos públicos. No dia 13 de julho, deputados festejam vitória do governo na CCJ
Lula Marques/ Agência PT
Foram R$ 4,1 bilhões liberados para emendas que os
deputados usam para atender suas bases eleitorais entre janeiro e 19 de
julho de 2017. Desses, R$ 2,1 bilhões foram empenhados apenas nas três
primeiras semanas de julho, enquanto o governo batalha para conseguir os
votos necessários para se livrar da denúncia por corrupção e lavagem de
dinheiro. A votação do plenário está agendada para 2 de agosto.
Antes
do corte no orçamento, o governo também tinha elevado o número de
cargos de confiança. Em abril, eram 19.658 e vinham em queda ao longo do
ano. Em maio, quando veio à tona a gravação da conversa do presidente
Temer com Joesley Batista, o número evoluiu para 19.829 e atingiu 20.321
em junho.
Na semana passada, enquanto os recursos saíam
para emendas (os deputados federais levaram 82% do total, ou R$ 3,5
bilhões, no acumulado do ano), o governo anunciou um corte adicional de
despesas de R$ 5,9 bilhões que ainda não foi detalhado, mas deverá
atingir áreas como Segurança e Educação — a Saúde será poupada, porque
já está no mínimo permitido pela Constituição.
Para atingir a
meta de déficit de R$ 139 bilhões de 2017, também foi anunciado um
aumento no PIS/Cofins que incide sobre os combustíveis.
Justiça
reconhece direito de ajustar benefícios a valores atuais. Em um dos
casos, segurado recebeu correção pelo teto e terá atrasados de R$ 215
mil
Martha Imenes
Rio
- A Justiça mais uma vez garantiu a elevação de benefícios de
aposentados do INSS. Em um dos casos, o reajuste passou de 50%, com a
decisão do Poder Judiciário de readequar a aposentadoria a valores
atuais. O segurado teve o direito à correção pelo teto e atrasados de R$
215 mil. João Badari: INSS se recusa a pagar as correções e somente faz a revisão quando é obrigado pela Justiça
Divulgação
“O INSS se recusa a pagar as correções e somente
faz a revisão, inclusive a do teto, quando é obrigado pela Justiça”,
afirma João Badari, do escritório Aith, Badari e Luchin, que representou
os dois segurados.
Em um dos casos , o ex-prático
do Porto de Paranaguá J.C.C, 75 anos, que por questões de segurança
pediu para não ser identificado, contribuía pelo teto da Previdência,
mas ao se aposentar em 1987 foi prejudicado pelas mudanças
constitucionais.
Ao entrar com ação, recebia
R$3.583,33. Com a decisão da Justiça, o benefício subiu 54% e foi para o
teto atual, de R$ 5.531,31. “Com essa decisão, ele vai receber mais de
R$ 215 mil de atrasados”, comemora Badari.
Outra aposentada de
69 anos, que também pediu para não se identificar, teve o benefício
concedido em 2000. A renda mensal foi calculada em R$1.129,78, limitada
ao teto da época, quando deveria receber R$ 1.255,32. “Isso representou
perda significativa ao longo dos anos”, diz.
Na decisão, a Justiça
reconheceu que “o cálculo dos benefícios previdenciários sofreu, em
última análise, três limitações ao teto previdenciário: no salário de
contribuição, no salário de benefício e na renda mensal inicial”. Com o
reconhecimento da Justiça, a correção do benefício será de 17,6%,
passando de R$3.148,35 para R$ 3.703,50. “Ela ainda terá direito a
atrasados de R$31.726,31”, afirma Badari, ressaltando que, neste caso,
cabe recurso do INSS. BURACO NEGRO
Os
trabalhadores que se aposentaram antes de 1996 e contribuíam pelo teto
da Previdência Social também podem entrar na Justiça para requerer a
revisão do benefício. Esse período é conhecido como ‘Buraco Negro’. Há
casos em que a sentença judicial concede reajuste que quase dobra o
valor da aposentadoria.
Para saber se o benefício se enquadra
nas condições para pedir a revisão da aposentadoria, é preciso observar
se na carta de concessão consta a inscrição ‘limitado ao teto’. Os
aposentados têm que ver ainda se o ganho supera o valor de R$1.081,50
(no ano de 1998) ou de R$1.869,34 (em 2004), que foram os anos em o teto
previdenciário foi alterado.
Quem se encaixa nesse período
precisa entrar com o pedido de revisão na Justiça e não com processo
administrativo no INSS. “Milhares de pessoas não sabem, mesmo os que
tiveram o benefício revisto entre 1992 e 1993 e não se aposentaram com
100% do teto na época, é grande a chance de ter a revisão”, diz João
Gilberto, da Federação dos Aposentados do Rio . INSS deve fornecer os documentos
O
segurado do INSS que quiser verificar se tem direito a pedir revisão da
aposentadoria precisa observar a carta de concessão. Nela vem escrito
quantos salários mínimos deve receber, explica Herbert Alencar, do
escritório Cincinatus e Alencar. Quem não tem este documento deve ir a
uma agência do instituto para pedir a emissão da segunda via.
“Preferencialmente o posto que mantém o benefício”, orienta.
Caso o valor recebido hoje esteja inferior ao que consta na carta de concessão, o segurado tem direito à revisão, explica. Herbert Alencar: aposentados que quiserem fazer revisão podem pegar formulários nos postos do INSS
Divulgação
Outros documentos também podem ser solicitados no
posto do INSS e são importantes para o caso de o segurado mover ação
judicial contra o instituto.
São eles: carta de
concessão com memória de cálculo, Cadastro Nacional de Informações
Sociais (CNIS) — nele estão todas as contribuições à Previdência que o
segurado fez durante a vida laborativa —, além dos formulários de
informação do benefício (Infben), dados básicos da concessão (Conbas),
memória de cálculo do benefício (Concal), salários de contribuição
(Conpri), histórico de créditos (Hiscre), histórico médico (Hismed),
situação das revisões (Revisit).
“Todos os formulários são um
direito do segurado e o INSS não pode se recusar a entregá-los, mas
infelizmente muitos segurados têm esse direito negado”, lamenta
Alencar. Em alguns casos, correção é feita somente na Justiça
Os
aposentados que não conseguem fazer a revisão do benefício no posto do
INSS têm encontrado na Justiça, que é a saída para ter os benefícios
corrigidos. De acordo com o advogado João Badari, do escritório Aith,
Badari e Luchin, entre as principais ações que têm garantido ganhos de
causa está a que considera a correção pelo Índice de Reajuste do Salário
Mínimo (IRSM).
“Se enquadra nesse requisito, quem se aposentou entre 1994 e 1997”, informa Badari. Ele
explica que isso ocorre porque nos benefícios concedidos nesse período,
o INSS utilizou a variação do IRSM para atualizar os salários de
contribuição dos segurados até o mês de janeiro de 1994, convertendo-o,
em seguida, para URV. Esta fórmula gerou prejuízos aos segurados.
O
INSS já corrigiu alguns casos administrativamente, mas quem se sente
prejudicado pode entrar com ação na Justiça para tentar a correção.
Verificar
se o tempo apurado pelo instituto para conceder a aposentadoria está
correto é imprescindível antes de dar entrada em qualquer processo,
orienta a advogada Adriane Bramante, do Instituto Brasileiro de Direito
Previdenciário (IBDP). Mas como fazer isso? O primeiro passo, segundo a
especialista, é verificar se as empresas onde trabalhou foram todas
incluídas no Cadastro da Previdência Social, o CNIS. Nele, são feitos
todos os registros dos locais em que o segurado teve vínculo e suas
contribuições previdenciárias.
“É preciso conferir se os períodos
com insalubridade, por exemplo, foram reconhecidos como especiais e se
os salários que ganhava nas empresas desde julho de 1994 estão
corretamente colocados no cálculo da média”, orienta.
O ensino de robótica também deve ser estimulado nas escolas
( Foto: Reprodução do site da Gênio Azul )
A lógica de programação e a robótica
parecem distantes do nosso cotidiano, mas logo podem se tornar uma
realidade na vida das futuras gerações através do ensino da temática nas
escolas brasileiras. Atualmente, elas têm no currículo escolar apenas
informática básica, mas o Ministério da Educação (MEC)
mantém o Programa Nacional de Tecnologia Educacional, iniciativa que tem
o objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e
comunicação nas redes públicas de educação básica.
A iniciativa do MEC é importante porque a área de Tecnologia da
Informação (TI) é promissora, em termos de geração de emprego. De acordo
com a Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex),
em 2020 o Brasil pode ter um déficit de até 408 mil profissionais de
TI. Pensando neste mercado crescente e na importância do ensino da
lógica de programação nas escolas, a empresa Gênio Azul desenvolveu o
projeto Code Dominó para tornar o conteúdo mais acessível para a educação básica. O estudo conta com o apoio da Funcap através do edital Inovafit. O dominó
O Code Dominó é uma plataforma de ensino de lógica de programação para
crianças entre 4 e 15 anos composta de aplicativo, dominó de madeira e
robô. Segundo, Kátia Ribeiro, pedagoga, especialista em informática na
educação e diretora pedagógica da empresa, a escola é um lugar de
socialização e compartilhamento de saberes e, por isso, precisa se
apropriar desse conhecimento e repassá-lo aos alunos. “Através do ensino
da lógica de programação e da robótica, é possível desenvolver o
raciocínio lógico matemático e criativo”, explica.
A plataforma é composta de um dominó de madeira, onde cada peça
representa um comando que controla um robô. Isso permite que a criança
consiga entender a lógica de programação na prática, pois ela aplica a
fórmula e o robô identifica e executa os movimentos e ações referentes. A
programação pode ser feita em grupo ou individual.
O robô é o item mais caro do conjunto, mas pensando na acessibilidade
do produto também para as escolas públicas, a empresa criou um robô
virtual, tornando possível a programação e a execução dos códigos.
“Pensamos na transformação da sociedade com mais acesso e oportunidades,
isso passa por pensar em soluções de baixo custo e que facilitem o
acesso a todos”, afirma Kátia. Responsabilidade social
O projeto também versa sobre a desigualdade de gênero presente no meio
da Tecnologia da Informação. De acordo com a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD), realizada em 2016 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 20% dos profissionais de TI
no Brasil são mulheres. Para a empresa, o ensino tecnológico tem a
capacidade de auxiliar na igualdade de gênero no trabalho, pois
incentiva, ainda na educação básica, tanto meninos quanto meninas a
criarem interesse pelo assunto.
Vale ressaltar que, como a proposta da Gênio Azul é popularizar a
lógica de programação e a robótica, tanto o dominó quanto o robô têm
código aberto, podendo ser replicados através da licença Creative
Commons. O criador do Code Dominó, professor Daniel Chagas, acredita que
esse tipo de iniciativa poderá revolucionar o ensino público
brasileiro. Além disso, o equipamento se propõe a materializar a
programação, saindo do campo da abstração. “Ao transformar cada linha em
peças de dominó, o código torna-se palpável e passível de ser
trabalhado em grupo”, comenta.
De acordo com Kátia, o apoio da Funcap está sendo fundamental para
alcançar os objetivos. “O projeto Code Dominó ganha asas para voar
graças a esse apoio”, comenta. Com o progresso da pesquisa, a empresa
busca tornar o produto mais barato e fácil de montar, com mais
possibilidades para pais, alunos e professores. A Gênio Azul também
pretende chegar ao mercado internacional com a tecnologia cearense. O
objetivo é “mostrar que iniciativas livres, com foco nos problemas
locais e no uso de criatividade e inovação, podem ajudar bastante na
construção de um mundo melhor”.
Processo tramita em Vara de Família de São Bernardo do Campo
MURILO RAMOS
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
informaram à 1ª Vara de Família e Sucessões de São Bernardo do Campo,
em São Paulo, que não vão recorrer da decisão que negou segredo de
Justiça para o processo do inventário da ex-primeira-dama Marisa Letícia,
morta em fevereiro deste ano. A defesa do petista havia pedido para o
caso tramitar em segredo sob o argumento de que seriam anexados dados
bancários e declarações de bens prestadas à Receita Federal e que a
documentação seria "devassada" pela imprensa. A Justiça decidiu manter a
publicidade do processo por envolver um ex-presidente da República,
devendo prevalecer o interesse público. Ao informar que não recorrerão,
os advogados insistiram na tese de que seu cliente e familiares têm sido
alvos de devassa.
As conversas com José Múcio Monteiro ocorreram entre 2013 e 2014
AGUIRRE TALENTO
O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro manteve 31 conversas telefônicas e trocas de mensagens com o ministro José Múcio Monteiro,
do Tribunal de Contas da União (TCU). As conversas ocorreram entre
junho de 2013 e agosto de 2014, período em que o órgão discutia bloqueio
de recursos para uma obra da empreiteira, a construção do estádio Arena
das Dunas, no Rio Grande do Norte. Os dados constam de relatório do
Ministério Público Federal sobre a quebra de sigilo telefônico de Léo
Pinheiro, mantido em segredo na Justiça Federal do Rio Grande do Norte e
obtido por EXPRESSO. Segundo as investigações, os telefonemas partiam
de um celular em nome de um funcionário da OAS, André Ney Garcia, mas
que era usado por Léo Pinheiro. As conversas, em geral, duravam entre um
e três minutos.
Léo Pinheiro negocia uma delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República e, em seu cardápio, promete incluir
informações sobre integrantes do TCU e do Judiciário. José Múcio
Monteiro chegou a participar de julgamento e proferir seu voto em
processo do TCU que permitiu a liberação de recursos para o Arena das
Dunas.
Procurado,
José Múcio Monteiro afirmou ser amigo de Léo Pinheiro desde o período
em que ocupou o cargo de ministro das Relações Institucionais do governo
Lula, entre 2007 e 2009. Afirmou, ainda, que Pinheiro costumava lhe
telefonar quando ia ao TCU para conversar. Múcio admitiu que, em uma
ocasião, Léo Pinheiro falou sobre um processo da OAS relacionado a
aeroportos, mas diz que o empreiteiro nunca pediu sua interferência em
processos no TCU.
“Transformers 5” usa uma fórmula eficaz
para atingir bilheterias bilionárias. Mas, segundo o diretor Michael
Bay, ela está se esgotando e força o cinema a se reinventar
HECATOMBE O
herói Optimus Prime sofre um surto maligno em “Transformers 5”: dez anos
da franquia (Crédito: Paramount Pictures/Bay Films)
Luís Antônio Giron
Hollywood se transformou em uma fábrica de pesadelos. É assim
que os executivos do setor cinematográfico e a imprensa dos Estados
Unidos se referem à antiga “fábrica de sonhos”, por causa do desempenho
do novo lote dos blockbusters de verão. Os filmes repletos de efeitos
especiais e perseguições estrelados por super-heróis ou assemelhados
ocupam o circuito exibidor local para em seguida invadir o do resto do
mundo. Sempre foi assim, mas sinais de perigo vêm da bilheteria
doméstica, que decai e não cobre mais os altos custos das franquias e
outras superproduções.
Por isso, o cinema americano depende cada vez mais do mercado
externo. O público internacional — em especial o chinês — têm ajudado a
turbinar filmes que se deram mal em casa.
Qual o prazo de validade do modelo consagrado de produzir e distribuir filmes?
A reposta vale US$ 1 bilhão, o limite monetário capaz de converter um
sucesso em arrasa-quarteirão segundo os critérios inflados dos chefes
dos estúdios. A longo prazo, a estimativa é de que o paradigma terá de
ser superado. “Até os chineses estão ficando mais exigentes em relação
ao conteúdo dos roteiros”, diz o crítico Luiz Carlos Merten. “A mudança
se dá na forma de ver filmes, com reflexos na bilheteria. Isso leva a
uma mudança.” Talvez haja pessimismo exagerado em uma área acostumada há uma década a lidar com cifras altas e recepção complacente.
Mas tudo é hiperbólico em Hollywood, inclusive o temor do fracasso. Um
exemplo está no longa-metragem “Transformers 5 — o Último Cavaleiro”.
Imaginado pelo diretor Michael Bay para explodir as mentes da geração
millennial, o filme foi rejeitado na estreia em 21 de junho. As plateias
jovens e os críticos zombaram da aventura que junta autobôs (robôs que
viram carros de uma marca de brinquedos) e os cavaleiros da Távola
Redonda. Espectadores confessaram que dormiram durante as sessões, mesmo
que o filme tenha sido rodado com câmeras IMAX 3D para projeção em
supertelões e o som seja ensurdecedor ao longo de duas horas e meia de
brigas, caçadas e explosões. A bilheteria foi pífia de acordo com as
metas da indústria: US$ 129 milhões, para um orçamento de US$ 217
milhões. Salvação
Para evitar uma hecatombe maior que a empreendida entre os autobôs
Megatron e Optimus Prime no filme, Michael Bay e a atriz Isabela Moner
fazem uma turnê mundial patrocinada pela Paramount para promover a
franquia, que completou dez anos.
A excursão tem rendido dividendos e um nono lugar entre os êxitos da
temporada — e deve chegar ao bilhão. Os dois esteveram em São Paulo na
semana passada para a pré-estreia do filme, que entra em circuito dia 20
no Brasil. Foi um hype:
sob holofotes e assédio de youtubers-blogueiros-fãs, Bay foi questionado
sobre o modo como faz cinema sem considerar uma geração que prefere
dispositivos móveis e pirataria a ir ao cinema. Ele respondeu que, aos
52 anos, se acha um cineasta da velha guarda. “Filme para mim tem que
ser em tela grande”, disse. “Sei que o que faço está fora de moda. As
telas encolhem e o modelo de blockbuster deve encolher.” Segundo Baye,
Hollywood enfrenta agora um dilema: ou se reinventa ou sucumbe.
O recurso para salvar o cinema da era da extinção é objeto de
hipóteses. “Se os estúdios derem ao público o que ele quer, podem fazer
sucesso”, afirma o youtuber e crítico Roberto Sadowski.
“O problema é saber o que ele quer. Hoje assistimos à volta das
franquias de super-heróis, porque elas satisfazem o desejo por modelos
mitológicos. Mas até quando?” Não há solução visível, diz Merten. “Só
tenho duas certezas: os cineastas terão de renovar o fator surpresa em
suas histórias e não há mais espaço para filmes de arte” — se é que
algum dia houve algo parecido na velha fábrica de blockbusters. EM TURNÊ O diretor Michael Bay no evento em São Paulo para promover o filme (Crédito:Gabriel Reis)
Para superar o ambiente de negócios
desfavorável e ganhar competitividade, microempresas levam produtos a
países que antes eram privilégio das gigantes
INOVAÇÃO
Samy Menasce e os equipamentos para tratar água com ozônio: hoje, além
do Brasil, sua empresa atua no Peru e na Argentina (Crédito: Gabriel
Reis)
Fabíola Perez
As grandes empresas brasileiras há muito sabem que atuar em diferentes mercados é estratégico para consolidar seus negócios.
Agora, avançar para além das fronteiras nacionais se tornou uma
alternativa atraente também para as micro e pequenas empresas.
Companhias de menor porte encontraram na exportação uma forma de
enfrentar a recessão e ganhar espaço onde antes só existiam gigantes. Um
exemplo é a Brasil Ozônio, empresa de tecnologia que nasceu nos anos
2000 e hoje exporta serviços para a Argentina e o Peru. O negócio
consiste em usar ozônio em substituição ao cloro para o tratamento de
águas, esterilização de alimentos e instrumentos cirúrgicos, além de
soluções para a agricultura e pecuária. “Como temos aplicações
diversificadas, as empresas internacionais começaram a nos procurar”,
afirma Samy Menasce, CEO da Brasil Ozônio, que já negocia com consulados
da Suíça, Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos para começar a exportar
para esses países. Em um setor bem distinto, a grife de roupas e
acessórios que leva o nome de sua criadora, Flávia Aranha, também
decidiu vender para o exterior. O projeto surgiu em 2009, com peças
confeccionadas, em parceria com artesãos, a partir da biodiversidade
brasileira: tintas extraídas de plantas, serragens e fibras
biodegradáveis. “O mercado europeu valoriza muito esse tipo de produto”,
diz a diretora criativa. “Hoje exportamos para a Alemanha, Suécia e
devemos começar a vender também em Portugal”.
Para uma economia que permaneceu estagnada por três anos o número de
micro e pequenas empresas exportadoras cresce de forma animadora: 26,8% e
17,5%, respectivamente, entre 2012 e 2016. O volume de negócios também
aumentou. “Muitas sentiram as condições internas e começaram a buscar
clientes fora do seu mercado de atuação”, afirma Maurício Manfre,
gerente do gabinete da Diretoria de Negócios da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “Isso fez com que
os empresários conhecessem as necessidades de outros países e,
paralelamente, as entidades passaram a oferecer cursos de capacitação
para facilitar o processo.” O resultado é bom não apenas no faturamento.
Manter relações com outros países faz com que as marcas sejam mais
reconhecidas e competitivas, já que elas captam novas tecnologias e têm
oportunidade de desenvolver suas equipes. “Trata-se de um mecanismo de
sobrevivência e uma forma de adequar seu desempenho aos padrões globais
de qualidade”, afirma Welber Barral, advogado e sócio da Barral M. Jorge
Consultoria. Foi o que ocorreu com a marca Flávia Aranha. Em 2010,
quando surgiu a oportunidade de exportar para Berlim, na Alemanha, a
grife ainda não tinha planejamento para atender à demanda. “Investimos
fortemente no mercado nacional, readequamos nosso produto, ajustamos os
preços e criamos um produto mais sofisticado para conseguir dar um passo
maior com mais segurança”, diz a diretora da confecção. BRASILIDADE Roupas e acessórios com tintas extraídas de plantas, serragens e fibras chegam à Europa (Crédito:Gabriel Reis)Prazo menor
Recentemente, novas ferramentas facilitam a vida de quem busca mercados
além do horizonte. Uma delas é o Portal Único de Comércio Exterior,
criado em março desse ano para reduzir custos, eliminar documentos e
aumentar a competitividade dos produtos brasileiros. O objetivo é
encurtar o prazo médio das operações em 40%, reduzindo o tempo de
exportações de 13 para oito dias até 2018. Outra tendência é aumento do
volume de negócios com países vizinhos. “O mercado latino-americano tem a
facilidade da língua, dos acordos comerciais, aduaneiros e vantagens
logísticas que facilitam a vida do empresário”, afirma Manfre. No caso
da Brasil Ozônio, o CEO Menasce possuía experiência em mercados
vizinhos, o que facilitou a escolha no momento de se internacionalizar.
Hoje, a empresa trabalha com um representante comercial, mas a idéia é
abrir uma filial nos países em que atua. “Queremos produzir nessas
regiões, não apenas comercializar”, diz ele. Manter relações com outros países faz com que as marcas se tornem reconhecidas e captem novas tecnologias
Outra iniciativa é a parceria da Apex-Brasil com a Fundação Getúlio
Vargas (FGV) no projeto Inovação e Sustentabilidade nas Cadeias de
Valor, o ICV-Global, que apoia empresas que desejam se internacionalizar
por meio de oficinas de formação e da participação em rodadas de
negócios com companhias internacionais. “Desenvolver uma cultura
exportadora exige o alinhamento de toda a equipe”, afirma Ana Coelho,
coordenadora do ICV-Global. “É preciso planejar a entrada no mercado
alvo, a simples replicação do modelo brasileiro no exterior aumenta as
chances de o negócio não prosperar.” As empresas aprendem, sobretudo,
como encontrar diferenciais competitivos e desenvolver estratégias de
longo prazo. A grife Flávia Aranha, que poderia sofrer com a forte
concorrência dos países asiáticos no setor, encontrou no mercado europeu
um nicho que valoriza a capacidade criativa brasileira — um caminho
seguro para se tornar grande aqui e lá fora.
De
acordo com as investigações, por um erro no posicionamento dos manetes,
que determinam a aceleração ou reduzem a potência do motor, a aeronave
não parou
Agência Brasil
Acidente do avião da TAM deixou 199 mortos em 2007.
( Foto: Valter Campanato/Agência Brasil )
Acidente com avião da TAM no aeroporto de Congonhas completa 10 anos.
( Foto: Milton Mansilha/Agência Lusa )
Passados dez anos, ninguém foi condenado pelo acidente com o Airbus
A320 da TAM, ocorrido em 17 de julho de 2007. Nesses anos, o caso foi
julgado pela primeira e segunda instâncias da Justiça Federal e todos os
denunciados pelo Ministério Público Federal foram absolvidos.
Nesses dez anos, a TAM se juntou à empresa aérea chilena LAN, fusão que
ocorreu no dia 5 de maio de 2016, e virou Latam Airlines, ou somente
Latam como está estampado em suas aeronaves.
O acidente foi investigado por três órgãos. Um deles, o Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da
Aeronáutica, que concluiu que uma série de fatores contribuíram para o acidente.
O relatório do Cenipa constatou, entre vários pontos, que os pilotos
movimentaram, sem perceber, um dos manetes para a posição idle (ponto
morto) e deixaram o outro em posição climb (subir). O sistema de
computadores da aeronave entendeu que os pilotos queriam arremeter
(subir).
O documento também relata que não havia um aviso sonoro para advertir os pilotos
sobre a falha no posicionamento dos manetes e que o treinamento dos
pilotos era falho: a formação teórica dos pilotos, pelo que se apurou na
época, usava apenas cursos interativos em computador. Outro problema
apontado é que o co-piloto, embora tivesse grande experiência, tinha
poucas horas de voo em aviões do modelo A320, e que não foi normatizada,
na época, a proibição em Congonhas de pousos com o reverso (freio
aerodinâmico) inoperante, o que impediria o pouso do avião nessas
condições em situação de pista molhada.
A Latam Airlines negou que houvesse falhas no treinamento
dos pilotos. “O programa de treinamento da companhia já se encontrava
dentro do previsto e conforme regulamentações do setor, inclusive com
conteúdo e carga horária conforme padrões mundiais”, informou. Segundo a
Latam, tanto o treinamento quanto os procedimentos dos pilotos são
feitos conforme padrões mundiais de segurança e norteados pelos manuais
do fabricante e aprovados pelas autoridades do país de origem e órgãos
reguladores.
O Cenipa, no entanto, não é um órgão de punição, mas de prevenção.
Ele não aponta culpados, mas as causas do acidente. O relatório sobre o
acidente, portanto, dá informações e 83 recomendações para que
tragédias como essa não se repitam. O relatório feito pela Aeronáutica
contribuiu para outras duas investigações, feitas pela Polícia Civil e
pela Polícia Federal, que levaram, no entanto, a conclusões bem
diferentes sobre os culpados.
O caso foi investigado inicialmente pela Polícia Civil, que decidiu indiciar dez pessoas pelo acidente,
entre elas funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e
da companhia aérea TAM. Após o indiciamento policial, o processo foi
levado ao promotor Mário Luiz Sarrubbo, do Ministério Público Estadual,
que incluiu mais um nome e denunciou 11 pessoas pelo acidente. “O
acidente poderia e deveria ter sido evitado. A aeronave, com o reverso
inoperante, não poderia pousar naquela pista naquela circunstância”,
disse o promotor.
O processo em âmbito estadual agradou às famílias das vítimas. “O
processo, como foi feito pelo Dr. Sarrubbo, achei que foi muito bem
feito. Apontou gente da Anac, Infraero e TAM. Se não me engano, ele fez
uma menção contra a Airbus por não colocar como mandatório aquele
dispositivo de segurança [o aviso sonoro sobre o posicionamento dos
manetes]”, disse Dario Scott, pai de Thais, que morreu no acidente.
Por meio de nota, a Infraero informou que “não falhou”.
“Restou comprovado, pelo Cenipa, que não houve falha do administrador
na liberação da pista. O acidente envolvendo o A320 da TAM foi
rigorosamente investigado, conforme Relatório Final da Investigação. As
conclusões dispostas no referido documento não apontam a pista como
fator contribuinte ao acidente”, diz o órgão. A empresa disse ainda que
chegou a prestar esclarecimentos à Justiça e que, no decorrer da ação, a
empresa foi excluída do processo.
A denúncia do promotor não foi levada à Justiça estadual. O processo
foi remetido ao Ministério Público Federal porque, no entendimento do
promotor, o caso se tratava de crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, competência federal.
“Em dado momento, na nossa investigação, detectamos que havia muitas
questões envolvendo a empresa aérea, o nível de segurança, erros em cadeia que
resultaram nos erros fatais cometidos na cabine e, evidentemente, uma
sequência anterior envolvendo a empresa, a Anac, a Infraero. Havia
também problemas na pista, da falta de grooving. Então era muito mais
uma questão sistêmica do que isolada. Quando concluímos a investigação
estadual, me manifestei que havia indícios de crime de atentado contra a
segurança do transporte aéreo e pedi a remessa dos autos para a Justiça
Federal, ou seja, para o Ministério Público Federal”, disse Sarrubbo.
Por se tratar de um acidente aéreo, o caso também foi investigado pela
Polícia Federal, que finalizou sua investigação decidindo culpar apenas os dois pilotos,
Kleyber Lima e Henrique Stefanini Di Sacco, pela tragédia. O inquérito
da Polícia Federal se transformou em denúncia e, nesse documento, que
foi aceito pela Justiça, o procurador Rodrigo de Grandis decidiu, ao
contrário do indiciamento da Polícia Federal, denunciar três pessoas
pelo acidente.
“Obviamente os pilotos não conseguiram parar a aeronave e têm
responsabilidade. Foram mal treinados ou o que for, não sei, mas
infelizmente eles não estão aqui para se defender. Mas é muito simplista
eu falar na responsabilidade deles. Isso é cômodo para a TAM, a Anac, a
Airbus, a Infraero e não satisfaz os familiares”, disse Dario Scott. Justiça Federal
A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu,
o então vice-presidente de operações da TAM, Alberto Farjeman, e o
diretor de Segurança de Voo da empresa na época, Marco Aurélio dos
Santos de Miranda e Castro foram denunciados pelo Ministério Público por
“atentado contra a segurança de transporte aéreo”, na modalidade
culposa. Eles foram absolvidos pela Justiça de primeira instância e também pelo Tribunal Regional Federal.
Os três viraram réus e foram julgados pelo juiz Márcio Assad Guardia,
da 8ª Vara Federal Criminal de São Paulo que, em 2015, absolveu-os. Para o juiz, eles não agiram com dolo (intenção).
“[Eles] não praticaram o crime de exposição de aeronave a perigo
previsto no Artigo 261 e do Código Penal, seja porque as condutas a eles
atribuídas não correspondem à figura típica abstratamente prevista na
norma [ausência de subsunção do fato ao tipo], seja porque não se
encontram no desdobramento causal – normativo ou naturalístico – do
resultado”, diz o juiz na sentença. “De acordo com as premissas
apresentadas pelo órgão acusatório [MPF], seria possível imputar a
responsabilidade penal pelo sinistro ocorrido em 17 de julho de 2007 a
um contingente imensurável de indivíduos, notadamente pela quantidade e
pelo grau de desvirtuamento apresentados no curso do processo”. No mês
passado, o TRF manteve a decisão de primeira instância e a absolvição
dos réus.
Apesar da demora e da absolvição dos réus nas instâncias iniciais, as famílias ainda acreditam em condenação.
“A esperança é que esse quadro seja revertido. Para nós, familiares,
essas três pessoas que são réus no processo criminal, tem
responsabilidade por expor a aeronave a risco. O que a gente espera é
que isso [a absolvição] se reverta e tenha uma punição. Tem que ter”,
ressaltou Dario Scott.
“Essa questão, eu digo para as famílias, não terminou. Tenho convicção
de que a Justiça ainda dará uma resposta ao recurso pendente de
apreciação. Tenho a firme convicção de que nós teremos uma resposta
positiva da Justiça com a responsabilização penal daqueles que atuaram,
eu insisto, não dolosamente, mas daqueles que colaboraram para esse tipo
de evento”, disse Sarrubbo.
O advogado que defende as famílias também espera pela reforma da sentença nas instâncias superiores e na punição aos culpados pelo acidente.
“Continuo entendendo que, na realidade, quando o avião se chocou com o
prédio da TAM, ali não foi o início da tragédia. Ali foi o fim da
tragédia. O início da tragédia foi a autorização do pouso [no aeroporto
de Congonhas]. Essa autorização, nas circunstâncias da pista, nas
circunstâncias do avião, naquele momento chuvoso, com pista
escorregadia, o avião com o reverso pinado, voo lotadíssimo, não deveria
ocorrer. Algumas pessoas deveriam garantir que isso não ocorresse e
terminaram não cumprindo com seus deveres”, disse o advogado da família,
Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, que era Secretário de Segurança
Pública de São Paulo na época do acidente.
De acordo com o advogado, “a luta continua”. “Se ainda tivermos
recursos para as cortes superiores, o Superior Tribunal de Justiça e o
Supremo Tribunal Federal, continuaremos lutando porque estamos lutando
em nome da memória de 199 pessoas mortas. E também estamos lutando para
que o Brasil, alertado por essa tragédia, trabalhe incessantemente para
que ela não mais ocorra.” Histórico
Eram aproximadamente 18h48 do dia 17 de julho de 2007 quando o Airbus A
320 da TAM, que vinha do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tentou pousar no aeroporto de Congonhas,
em São Paulo. A pista estava molhada e, por causa de uma reforma
recente, não tinha grooving (ranhuras, que facilitam a frenagem do
avião). De acordo com as investigações, por um erro no posicionamento
dos manetes, que determinam a aceleração ou reduzem a potência do motor,
a aeronave não parou. Um dos manetes estava na posição de ponto morto
(idle), mas o outro em posição de aceleração.
O airbus atravessou a pista, passou sobre a Avenida Washington Luís e bateu num prédio de cargas da própria companhia, provocando a morte de 199 pessoas.
A situação da pista gerava, segundo investigação do Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força
Aérea, uma certa preocupação e desconforto para os pilotos que tinham que pousar em Congonhas, principalmente quando chovia, como era o caso do dia do acidente.
Além disso, segundo o relatório do Cenipa, que investigou todas as
causas do acidente e apontou uma série de recomendações para prevenir
futuros acidentes, outro problema foi que o avião operava com um reverso
(sistema de freio aerodinâmico do motor) desativado (pinado), o que
exigiria mais pista para parar a aeronave.
Novas TVs OLED da LG chegam ao mercado brasileiro neste mês (Crédito:Divulgação/LG)
A LG anunciou nesta quarta-feira (12) a chegada de novos modelos de
sua linha de TVs OLED. Os aparelhos têm resolução 4K e, segundo o
fabricante, podem reproduzir 64 vezes mais cores do que uma TV
convencional. Ambos os aparelhos têm apenas 2,57 milímetros de
espessura. A tecnologia OLED
A tecnologia OLED é considerada por especialistas superior ao LED,
usado na maioria das TVs atuais. Até alguns anos atrás, a fabricação de
painéis OLED em tamanho grande era complexa, e as telas OLED eram usadas
apenas em smartphones de ponta. Mais recentemente, avanços na
fabricação dos painéis OLED permitiram que eles fossem usados em TVs.
Mas elas ainda são mais caras do que os aparelhos com tela LED ou QLED. Os aparelhos
O modelo OLED65E7 tem tela de 65 polegadas e conta com uma base de
alto falantes de para uma experiência sonora mais potente. O outro
modelo lançado pela LG tem tela de 55 polegadas.
Ambos os modelos vêm com o sistema web OS 3.5, plataforma de TV
inteligente usada pela LG em seus televisores. Toda a linha OLED 2017
acompanha o controle Smart Magic. Com ele basta apontar e clicar para
controlar seu TV.
Os preços dos aparelhos são de R$ 10.999 (55 polegadas) e R$ 29.999 (65 polegadas).
Ainda ontem, a Avianca entrou em contato com o DER para falar sobre a possibilidade de atuar em Jeri e em Aracati
Terminal aeroviário foi inaugurado no dia 24 de junho, com a chegada do voo charter da Gol em parceria com a CVC
( Foto: Helene Santos )
Quase 20 dias após a chegada do primeiro voo - charter - ao Aeroporto
Regional Comandante Ariston Pessoa, em Jericoacoara, mais um capítulo é
escrito na história do terminal cearense recém inaugurado. Segundo
revelou ontem (12) o governador do Estado, Camilo Santana, em sua conta
no Facebook, a edição de hoje (13) do Diário Oficial da União (DOU) deve
trazer, finalmente, a certificação do equipamento pela Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), necessária para que possam ser operados voos
comerciais.
Com a certificação, outras empresas devem manifestar interesse em
operar no terminal, de acordo com o assessor de infraestrutura
aeroportuária do Departamento Estadual de Rodovias (DER), coronel Paulo
Edson Ferreira. Ainda na tarde dessa quarta-feira, a Avianca entrou em
contato para uma conversa inicial sobre a possibilidade de atuar nos
aeroportos de Jericoacoara e também de Aracati, cuja solicitação de
certificação já foi realizada junto à Anac.
Gol, que fez o voo inaugural até o terminal aeroviário, e Azul, que
recentemente adiou o seu primeiro voo fretado que fará o trecho
Recife-Jericoacoara para o dia 23 deste mês, também já solicitou, ainda
no início deste ano, permissão para operação regular no aeroporto.
"Sem o voo charter, o Aeroporto de Jeri só podia receber voo charter,
sendo permitido apenas um por semana. Agora ele está totalmente
preparado para receber os voos comerciais. A companhias, agora, não
precisam mais esperar voos charter", destacou Paulo Edson Ferreira. Interesse
O assessor de DER disse ainda que, agora, com a aprovação da Anac, "a
conversa com as aéreas vai ser mais clara e mais técnica". "Ainda vamos
trocar informações técnicas e vamos ver se a gente consegue implementar
esses voos em Jeri e em Aracati". A Latam Airlines também já havia
manifestado interesse em atuar no Aeroporto de Jeri.
A certificação da Anac, no entanto, não significa aprovação imediata
das frequências. De acordo com a Anac, os pedidos da Azul seguem em
análise e não há um prazo específico para que a liberação ocorra.
Conforme o órgão, isso também depende muito da entrega de toda a
documentação necessária pela própria companhia aérea.
Procurada ontem pela reportagem, a Azul, por sua vez, preferiu esperar
que a publicação saia para se posicionar sobre o assunto. A empresa
aguarda a liberação do voo charter entre Recife, em Pernambuco, e
Jericoacoara e também a aprovação de uma frequência regular entre
Campinas, em São Paulo, e o destino turístico cearense.
A revelação sobre a certificação do equipamento foi feita ao chefe do
executivo estadual durante reunião com o ministro dos Transportes,
Maurício Quintella, ontem, em Brasília, aonde Camilo cumpriu agenda.
Crise econômica impõe ao setor aéreo a
maior crise em mais de uma década e obriga companhias a repensarem o
modelo de negócios para diminuir prejuízos
ÀS MOSCAS Terminal vazio no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo: a classe C deixou de voar (Crédito: Filipe Frazão)
Fabíola Perez
Foi-se o tempo em que as áreas de embarque dos aeroportos
ficavam lotadas. Pessoas de todas as classes sociais aguardavam para
levantar voo e explorar destinos nacionais e internacionais. Nos últimos
anos, milhões de brasileiros trocaram os terminais
rodoviários pelos aeroportos, atraídos pelas vantagens e preços
acessíveis oferecidos pelas companhias. A crise econômica, porém, acabou
com a festa. O setor aéreo enfrenta agora grave turbulência – a mais
séria em 11 anos. De acordo com um relatório da Agência Nacional de
Avião Civil (Anac), em 2016 o número de viajantes caiu 6,9%,
considerando trajetos nacionais e internacionais, no pior resultado
desde 2007. Para se ter ideia, 117,7 milhões de pessoas foram
transportadas em 2015, um recorde histórico. No passado, foram 109,6
milhões, o que significa que 7,5 milhões de pessoas deixaram de voar. “A
recessão e a queda no poder de compra dos brasileiros afetaram
drasticamente a aviação, e a perspectiva é de que não haverá retomada
nos próximos meses”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Associação
Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). NOVAS ESTRATÉGIAS
O fim dos anos de ouro para o setor aéreo se deve, principalmente, à
queda do poder aquisitivo da classe C, que nos anos anteriores
representava parte significativa da demanda por viagens de lazer. Além
disso, as viagens de negócios, que correspondem a dois terços do total,
também vêm caindo. “A busca do público de lazer foi afetada pelos altos
índices de desemprego e a procura das empresas caiu por causa da
recessão”, afirma Sanovicz. “Se o ambiente de negócios brasileiro não
está favorável, as companhias colocam o pé no freio e evitam viagens
corporativas.” O resultado é uma queda também na oferta. A quantidade de
voos domésticos encolheu 11,4% e os internacionais, 7,9%. Outra
dificuldade que historicamente atinge o setor é a cobrança de impostos
sobre o combustível das aeronaves brasileiras. Funciona assim: 35% do
preço da tarifa correspondem ao valor do combustível das aeronaves. O
que eleva esse percentual é a cobrança do ICMS no estado de origem e de
destino. Em outros países, a cobrança do ICMS é unificada, o que torna a
tarifa mais acessível. “Isso é o que faz uma passagem ser mais barata
para fora do País do que para o Nordeste, por exemplo”, diz Sanovicz.
As companhias aéreas foram obrigadas a fazer ajustes para acompanhar a
mudança do cenário. No ano passado, a TAM reduziu entre 6% e 9% a
oferta de assentos em voos nacionais. Na Azul, o índice foi de 7%,
enquanto na Gol a queda ficou entre 4% a 6%. Já a Avianca declarou que
faria eventuais ajustes na oferta, dependendo do comportamento do
mercado. “Foram feitos ajustes de malha e corte de custos em todas as
áreas, com exceção de manutenção e segurança”, afirma Sanovicz. Além da
revisão dos custos, algumas companhias desenvolveram novas estratégias
para evitar o prejuízo. “Como elas não podem aumentar as tarifas de uma
só vez, o que configura crime, criam mecanismos como a cobrança pelo
despacho da bagagem”, diz Jorge Leal Medeiros, professor de Transporte
Aéreo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Firmar
parcerias com empresas internacionais também é uma forma de não depender
do mercado nacional retraído. “Para não ter aviões parados, as
companhias colocam as aeronaves à venda ou para arrendamento”, afirma
Medeiros. Para reverter prejuízos, companhias aéreas diminuíram a frota, cortaram custos e investiram em parcerias internacionais
Uma decisão considerada acertada partiu da Azul, que transferiu 17
aviões de sua frota para a portuguesa TAP. A medida faz parte de um
processo de redução de voos pelo Brasil. Embora as duas empresas
funcionem separadamente, ambas são controladas pelo empresário David
Neeleman e estão em processo de integração. A Azul também vem apostando
em aviões de pequeno porte para rotas nacionais. “É uma forma de
aumentar a capilaridade no mercado doméstico e economizar com a
tripulação”, diz o especialista da USP. A Avianca, por sua vez,
substituiu as aeronaves modelos Fokker por Airbus. “Eles são um pouco
maiores, mais modernos e consomem menos combustível”, afirma Medeiros.
Outra mudança que surpreendeu o mercado foi a queda do número de
passageiros para os Estados Unidos, destino mais procurado pelos
brasileiros. Eram 5,3 milhões de viajantes em 2015 e foram 4,4 milhões
no ano passado. Em contrapartida, o volume para a Argentina cresceu
11,4% no mesmo período. A forma como as companhias devem driblar os
efeitos da crise dependerá, segundo especialistas, da gestão e também de
subsídios dos governos, como a redução do ICMS. Só assim o setor
deixará de amargar prejuízos e voltará a decolar como antes. INTEGRAÇÃO Dono
da Azul e da Tap, o empresário David Neeleman aposta em aviões de
pequeno porte para ganhar mercado no Brasil (Crédito:Rodrigo Dionisio)
Absolvido no Conselho de Ética, o
tucano planeja agora trabalhar por uma candidatura a deputado federal
por Minas Gerais em 2018, adiando o sonho da Presidência
NOVO RUMOAécio livrou-se de perder o mandato. Agora, refaz planos (Crédito: Marcelo Camargo/EBC/FotosPúblicas)
Débora Bergamasco
A fastado em maio do cargo de senador da República, Aécio
Neves mal saía de sua casa em Brasília, no Lago Sul, onde mora com a
mulher, Letícia, e seus dois filhos. Além da família, só quem privava de
sua intimidade eram alguns amigos e correligionários. Viajava pouco e,
quando o fazia, evitava vôos comerciais. Vinha dedicando-se à sua
estratégia de defesa e a retirar a irmã Andrea Neves da prisão
preventiva. Após a temporada de desalentos, o jogo começou a virar para o
tucano. Se não executou uma guinada de 180 graus, ao menos ganhou um
importante fôlego. Na última semana, comemorou a decisão do ministro
Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizando seu
retorno ao Senado. Ato contínuo, subiu à tribuna da Casa dizendo-se
arrependido por ter se deixado “enganar” pela “trama ardilosa” do
empresário Joesley Batista, da JBS. Na quinta-feira 6, depois de uma
articulação envolvendo até integrantes do PT, conseguiu se livrar de
encrencas no Conselho de Ética. O colegiado decidiu arquivar o pedido de
cassação de seu mandato. Agora, o senador pretende imprimir novos rumos
ao barco agitado que foi sua vida.
O objetivo mais premente será enfrentar os seis inquéritos e a
denúncia em tramitação contra ele no STF. Todos os esforços estão
empenhados no sentido de permanecer como ficha-limpa, pois seu mandato
termina em 2018, e ele quer concorrer a uma nova cadeira: a de deputado
federal por Minas Gerais. Aécio, que quase se elegeu presidente da
República em 2014, obtendo 48,3% dos votos no segundo turno contra Dilma
Rousseff, está convencido de que não tem mais condições de ser
conduzido ao Senado. Por isso, alimenta planos mais modestos. Antes
mesmo da delação de Joesley Batista, pesquisas encomendadas pelo senador
já apontavam o desgaste de seu nome. De acordo com os levantamentos, em
meio a suspeitas de caixa dois, o tucano acabou entrando para o rol de
políticos que passaram a ser rejeitados pela população – por mais que
lutasse para tentar demonstrar a diferença entre doação não declarada
para campanha e recebimento de propina. Inflexão
Por isso, além de rebaixar um degrau em sua trajetória política, a
partir da decisão de concorrer à Câmara, Aécio também pretende promover
uma inflexão em seu modo de atuação. Segundo interlocutores, o Aécio
combativo sairá de cena para dar lugar ao político “paz e amor”. A raiz
dessa nova roupagem é o instinto de preservação. A ideia é manter a
discrição, submergir por um tempo e evitar embates acalorados capazes de
lhe criar embaraços.
Não significa, porém, que o tucano tenha perdido a ascendência sobre o
PSDB, nem que ele vá abrir mão de suas prerrogativas. Dessa forma, até
agosto, quando terminar o recesso, a intenção é que nada mude: ele se
manterá na condição de presidente licenciado do PSDB e o senador Tasso
Jereissati (CE), como interino. Apesar dos percalços, Aécio ainda é,
entre as lideranças do PSDB com alcance nacional, aquele que possui mais
laços com o tucanato. Mesmo debilitada, a proverbial capacidade de
articulação política de Aécio joga a seu favor na correlação de forças
interna. Os tucanos ainda reconhecem nele, enquanto presidente da
legenda, características das quais seus antecessores se ressentiam.
Sobretudo no que diz respeito à combatividade ao PT, ao poder
aglutinador, refletido inclusive no time de colaboradores que montou, e
ao resgate de bandeiras históricas do PSDB, em especial a do liberalismo
econômico. Para aliados, a despeito da escalada desfavorável, nem tudo
está perdido. O tempo dirá. O itinerário do tucano
• O senador Aécio Neves (PSDB-MG) responde a seis pedidos de
investigação no STF por ter tido seu nome envolvido em delações
premiadas da Odebrecht e da JBS
• Em junho último, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu que o
STF abrisse novo inquérito contra ele por corrupção e obstrução de
Justiça no caso da JBS
• Aécio foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, pedindo R$ 2 milhões para pagar advogados
• A PGR pediu que o senador fosse preso e afastado do cargo. Aécio ficou
suspenso do Senado por um mês, mas já foi autorizado pelo STF a voltar à
função. O pedido de prisão ficou para ser analisado em agosto
• Ele foi afastado da presidência nacional do PSDB
• O Conselho de Ética do Senado arquivou a petição de cassação de seu mandato
• Deve ser candidato a deputado federal por MG