João Alberto Lovera trabalhou por 31 anos na Odebecht
Por
Da Redação
Lula: MPF apresenta delação contra ele (Leonardo Benassatto/Reuters)
O Ministério Público Federal acaba de fechar um acordo de
leniência com João Alberto Lovera, ex-gerente administrativo e
financeiro da Odebrecht. Lovera diz que a empreiteira comprou um terreno para que fosse
construída a nova sede do Instituto Lula. A ordem teria partido do
presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.
Este acordo foi incluído só agora na leniência feita entre a
Odebrecht e o Ministério Público Federal. Dessa forma, Lovera não faz
parte dos 77 delatores que trabalharam na empresa.
Lovera afirma que visitou o terreno em julho de 2011 acompanhado de Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e Paulo Okamotto. A compra deste local teria acontecido com recursos do Setor de
Operações Estruturadas, como era chamado o departamento responsável pela
distribuição de propina da empreiteira.
“… firmando o compromisso de dizer a verdade, passa a detalhar o que
se segue: que no segundo semestre de 2010, teve conhecimento de que
houve solicitação de Marcelo Odebrecht a Paulo Ricardo Baqueiro de Melo,
para que adquirisse imóvel destinado à construção da futura sede do
Instituto Lula”, diz trecho do termo de adesão de Lovera.
O depoimento prossegue: Lovera relata que em 2010 acompanhou Paulo Melo (executivo
regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias e Participações,
conhecida como OR) num encontro com Roberto Teixeira, apontado como
advogado do Instituto Lula.
A Odebrecht, então, teria dado parecer contrário à compra do terreno
devido a pendências judiciárias do local. “…. algum tempo depois, soube
por Paulo Melo que o referido imóvel seria adquirido pela empresa DAG…”,
disse ele ao MPF. Posteriormente, o local seria passado ao Instituto
Lula.
“… em julho de 2011, juntamente com Paulo Melo, acompanhou uma visita
ao terreno da qual participaram o ex-presidente Lula, bem como sua
esposa, Marisa Letícia, Paulo Okamotto….”, disse o MPF.
“… algum tempo depois dessa visita, soube que o cliente desistiu da aquisição do terreno….”
“por conta disso, soube que a OR pesquisou uma série de outros
imóveis para o Instituto Lula. Que, com relação ao imóvel da Rua
Haberbeck Brandão, esse foi posteriormente adquirido pela OR….”
Muro dá acesso a terraços
de residências. Dois portões separam unidade da rua e há espaço para
pouso de helicóptero. Ex-governador e outras 145 presos foram
transferidos para ex-Bep da PM
Bruna Fantti
Cabral foi transferido ontem para a unidade prisional reformada
Márcio Mercante / Agência O Dia
Rio - O ex-governador Sérgio Cabral foi
transferido ontem com outros 145 presos do Complexo Penitenciário de
Gericinó, na Zona Oeste, para a Cadeia Pública José Frederico Marques,
em Benfica, na Zona Norte. Em sua nova morada funcionava, até 2015, o
Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar — unidade famosa
pelas mordomias concedidas aos internos e desativada após uma juíza da
Vara de Execuções Penais (VEP) ter sido agredida durante vistoria.
De
acordo com agentes penitenciários, o local é mais vulnerável do que o
presídio de Bangu, onde os presos estavam. “Ao contrário de Gericinó,
que tem três portarias fortificadas até chegar aos presídios, no local
onde Cabral está só existe um portão para a rua antes da porta de
entrada para a unidade”, afirmou um inspetor, que pediu anonimato.
Em
2004, criminosos abriram o portão com o uso de explosivos e entraram no
local, que era ainda a Casa de Custódia de Benfica. Na ocasião, 14
presos foram resgatados. Os internos restantes realizaram rebelião, que
resultou na morte de 34 pessoas. Como o pátio do estacionamento é grande
houve espaço para um helicóptero, que conduzia o pastor Marcos Pereira,
pousar. Agentes que trabalham no local souberam da transferência do
ex-governador só ontem e afirmaram que a cadeia não oferece segurança.
“É mais do que um absurdo o Cabral estar aqui. Ele tinha que estar junto
com o Fernandinho Beira-Mar em um presídio de segurança máxima”, opinou
um agente.
Tentativas de evitar a transferência de Cabral e de
outros presos das operações Lava Jato e Calicute para o antigo BEP não
faltaram. O promotor André Guilherme Freitas, Execução Penal, entrou com
uma ação popular em março solicitando que a transferência fosse
suspensa. Freitas já tinha pedido antes a mudança de custódia de Cabral
para Curitiba, após constatar que ele recebia visitas irregulares.
Na
ação, o promotor sustentou que a cadeia “possui estrutura diferenciada e
deficitária, com maior dificuldade de fiscalização (...) São
presumíveis e evidentes vantagens ilícitas que serão viabilizadas aos
futuros internos”. Ele chegou a chamar a unidade de “presídio vip da
Lava Jato”. Na semana passada, uma cópia da ação popular foi enviada à
VEP que determinou, em seguida, que câmeras fossem instaladas. A
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) acatou a ordem.
Apesar da reforma de R$ 26 mil no presídio para receber os novos internos, não houve obras externas para reforço da segurança. O portão da unidade, que já foi a Casa de Custódia de Benfica, foi derrubado por explosivos em 2004
Rafael Nascimento / Agência O Dia
O chão do pátio do banho de sol é de areia, que
possibilita a ocultação de objetos. Somente um muro o separa da rua. A
escada em que os presos transitam é externa, sendo apenas gradeada. Do
topo da escada, é possível acessar o teto da unidade que, por sua vez,
dá acesso à via pública. Além disso, ao lado de um dos muros há
residências. Em 2014, o miliciano Carlos Ribeiro fugiu após pular para o
teto de uma igreja, colado com o muro do então Bep.
Nova ala tem três galerias com 162 vagas
A
cela onde Cabral está custodiado fica no segundo piso da unidade e tem
16 metros quadrados. A nova ala tem 162 vagas: são três galerias com
nove celas cada uma. Cada cela tem capacidade para três beliches e
possui colchões que foram usados por atletas nos Jogos Olímpicos. Ontem
foram levados para lá 53 presos com curso superior, incluindo Cabral e
outros alvos da Lava Jato, além de 93 que não pagaram pensão
alimentícia.
No local, cada detento também terá direito a uma
tomada, poderá levar ventilador e terá espaço equipado para TV de, no
máximo, 14 polegadas. A cela tem banheiro com vaso sanitário, pia e
chuveiro.
Na reforma, foi utilizada verba do Fundo Especial
Penitenciário e mão de obra de presos de regime semiaberto. De acordo
com a Seap, 53 câmeras irão monitorar a unidade. Vizinhos da cadeia reclamam
“O
dinheiro que gastaram na reforma desse presídio para receber o Cabral
deveria ser gasto com a saúde que está falida no estado”, disse Maria da
Paz, 60 anos, comerciante e moradora de Benfica e vizinha da cadeia
desde 1985.
João Brás, 62, tecelão, acredita que Cabral terá
regalias. “É uma falta de respeito com a sociedade. Ele roubou tanto,
acabou com o estado e agora vem pra cá. Aqui ele terá uma mordomia
imensa”, opinou.
A mesma opinião possui Adriana Cunha, 46.
“Moro em Benfica há anos. Cabral vai comer e beber de graça e vai
continuar a gastar o dinheiro do pobre trabalhador que ele roubou”,
disse. “É tão ladrão como um traficante. Sou funcionária pública e estou
há três meses sem receber”, reclama Tereza Cristina Amorim, 53. Com o estagiário Rafael Nascimento
MPF, em Curitiba, acusa petista por suspostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro das empreiteiras Odebrecht e OAS
O Dia
Brasília
- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado, nesta
segunda-feira, pela sexta vez — a terceira na Lava Jato. O Ministério
Público Federal (MPF), em Curitiba, acusou o petista dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito que apura
recebimento de propina da Odebrecht e OAS em troca de benfeitorias no
Sítio Santa Bárbara, em Atibaia(SP).
Lula já é réu em cinco
ações penais — duas delas na Lava Jato. Nesta segunda, a força-tarefa
acusou também o ex-presidente de estruturar, orientar e comandar esquema
ilícito de pagamento de propina em benefício de partidos, políticos e
funcionários públicos na Petrobras. A defesa do petista afirmou que a
denúncia contém “acusações frívolas e com objetivo de perseguição
política”. Lula: para a defesa, MPF quer dar sustentação à 'tese do Power Point'
Agência Brasil
O petista também é apontado como o responsável por
chefiar uma estrutura de captação de apoio parlamentar em troca de
distribuição de cargos quando era presidente, entre 2003 e 2010. Segundo
o MPF, o esquema foi organizado por Lula na Petrobrás com as nomeações
de Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró em diretorias da
estatal.
A acusação apontou o pagamento de propina
de R$ 128 milhões pela Odebrecht, em quatro contratos assinados com a
estatal, e R$ 27 milhões pela OAS, em três contratos. Segundo os
procuradores, os repasses ilícitos foram feitos a partidos e políticos
da base de Lula, como PT, PP e PMDB. Para o MPF, parte do valor,
estimado em R$ 870 mil, foi usado no sítio de Atibaia para atender a
pedidos do ex-presidente.
O MPF acusou o petista de usar o dinheiro para
realizar reformas, construir anexos e efetuar outras benfeitorias no
sítio de Atibaia, para adequá-lo às necessidades de sua família. A
denúncia tratou também da realização de melhorias na cozinha do sítio e a
aquisição de móveis.
De acordo com a denúncia,
também houve lavagem de dinheiro em uma parte dos valores de propina
oriunda dos crimes de gestão fraudulenta, fraude à licitação e corrupção
na contratação da Sonda Vitória 10000 da Schahin pela Petrobrás. Com
esses recursos ilícitos, segundo o MPF, por intermédio de José Carlos
Bumlai, foram realizadas reformas e acabamento no sítio de Atibaia.
O
advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou, em
nota, que a denúncia "buscou dar vida à tese política exposta no
PowerPoint de Deltan Dallagnol, par, sem qualquer prova, atribuir a Lula
a participação em atos ilícitos, envolvendo a Petrobras, que eles
jamais cometeu".
Encontro no
Alvorada reuniu ministros tucanos, presidentes de PSDB e DEM, senadores e
deputados. Temer voltou a criticar delator e fez apelo por reformas
Por
Da redação
O presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 16/06/2017 (Eraldo Peres/AP)
Quatro dias após as primeiras informações da delação do empresário Joesley Batista, o presidente Michel Temer
se reuniu na noite deste domingo, no Palácio da Alvorada, com ministros
e líderes do governo no Congresso Nacional. O objetivo da reunião,
considerada informal por aliados, foi discutir a crise política
deflagrada depois que vieram a tona as delações premiadas dos executivos da JBS, que envolvem a gravação de uma conversa entre Temer e Joesley. Durante o encontro, o presidente voltou a afirmar que não vai
renunciar e fez críticas ao seu delator. Em um apelo, pediu para que
Congresso não fique paralisado pela crise e mantenha as votações
previstas.
Os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco; da Fazenda, Henrique Meirelles; da Integração Nacional, Helder Barbalho; e do Trabalho, Ronaldo Nogueira, participaram do encontro.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), chegou ao Alvorada por volta de 20h, assim como o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE). Segundo Moura, o fato de o Planalto ter agendado inicialmente um jantar com lideranças partidárias não foi um recuo.
“Trata-se de uma reunião como as demais e que têm ocorrido desde
quarta-feira. No momento certo, vamos convocar a base para uma reunião
formal”, afirmou, sem informar a data.
Representantes do primeiro escalão do PSDB também estão no Palácio da
Alvorada, apesar de algumas ameaças de que o partido deixaria a base do
governo: os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo),
Aloysio Nunes (Itamaraty) e Bruno Araújo (Cidades). O senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE), novo presidente nacional da legenda, também
participa da reunião.
Mais cedo, senadores e deputados tucanos cancelaram um encontro
apenas com integrantes da legenda que estava marcado para a tarde deste
domingo. As revelações da JBS levaram o senador Aécio Neves (MG) a ser
afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, mais tarde,
da presidência do partido.
Embora o PSB tenha decidido romper com o governo e defender eleições
diretas para a Presidência, o ministro de Minas e Energia, Fernando
Coelho Filho, filiado à legenda, uniu-se a Temer e os demais colegas. De
acordo com relato de parlamentares que participam da conversa, o
presidente nacional do DEM, o senador José Agripino Maia (RN), também
está presente.
Os líderes do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), e na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), também participaram
da reunião, assim como o presidente nacional do PP, senador Ciro
Nogueira (PI), a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) e alguns deputados
peemedebistas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que esteve
com Temer pela manhã, no Palácio do Jaburu, não foi no Alvorada.
Depois da reunião, André Moura afirmou que “depois de
tudo isso que aconteceu, em termo de união da base, o presidente saiu
fortalecido. A classe política se uniu em torno do presidente”.
Ele questionou as circunstâncias em que o empresário Joesley Batista
gravou a conversa com Temer, e classificou a atitude como muito “grave”.
“Se fizeram isso com o presidente, imagina o que não podem fazer com
cada um de nós?”, declarou. (com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)
Batalhão da Guarda Presidencial fez treino para conter invasões à sede da Presidência após delação da JBS citar Temer
Por
Felipe Frazão
Tropa de Choque do Batalhão de Guarda Presidencial no Palácio do Planalto (Cristiano Mariz/VEJA)
O Batalhão da Guarda Presidencial do Exército, responsável pela segurança do Palácio do Planalto,
ensaiou nesta quinta-feira detalhes de um plano contra invasões de
manifestantes. O “Plano Scooby” consiste em conter invasores que
consigam furar os bloqueios e ultrapassar as grades de segurança que
isolam a sede da Presidência da República, em Brasília.
Dezenas de militares fardados e agentes vestidos de terno receberam
armamento menos letal – escopetas carregadas com balas de borracha,
cassetetes e cilindros portáteis com spray de pimenta. A preparação
começou na noite de quarta-feira, depois da revelação de trechos da
delação dos donos do frigorífico JBS – o presidente Michel Temer foi gravado por Joesley Batista
dando aval a pagamentos para calar o ex-deputado Eduardo Cunha, preso e
condenado na Operação Lava Jato. Temer negou o teor do diálogo.
A ordem é agir em legítima defesa e reagir agressões de imediato no
mesmo grau de força usando o armamento que estiver disponível – e não em
escala progressiva, do meio mais brando ao mais contundente. Os agentes
foram alertados para golpear com os bastões de baixo para cima ou em
estocadas, e não de cima para baixo por causa dos fotógrafos. “Não vamos usar o bastão de cima para baixo porque fica muito feio na foto. Vai aparecer na foto de qualquer jeito, mas fica mais discreto”, orientou um oficial.
A maior preocupação é com a rampa do Palácio do Planalto, ponto que
daria acesso direto ao segundo andar da Presidência, e com o parlatório.
As duas guaritas de estacionamento ficaram guarnecidas permanentemente
pelo choque, desde a noite desta quarta.
Conforme o protocolo de segurança, a tropa de choque do Batalhão da
Guarda Presidencial, armada com escudos, capacetes e cassetetes, fica
posicionada sempre em linha ao longo do prédio, com uma formação de
agentes de terno, à paisana, postados a dois braços de distância à
frente, formando duas barreiras humanas paralelas. A primeira linha de
agentes nunca deverá ficar a menos de dois metros das grades, para
evitar proximidade com os manifestantes que possa levar a provocações ou
contato físico. Caso alguém tente pular as grades, deverá ser combatido
primeiro com spray de pimenta e, se conseguir passar, contido pelos
agentes. Soldados fardados armados com munição de borracha estão
dispersos em diferentes pontos estratégicos do palácio presidencial.
Senador foi
flagrado em gravação pedindo 2 milhões de reais; Andréa Neves, irmã do
parlamentar, foi presa na manhã desta quinta-feira em Belo Horizonte
Por
Laryssa Borges
Aécio Neves: um dos mais afetados na nova safra de revelações da Odebrecht (Cristiano Mariz/VEJA)
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) sejam imediatamente
afastados de seus mandatos parlamentares. A decisão de Fachin se
assemelha à tomada pelo ministro Teori Zavascki em 2016, quando foi
determinado o afastamento do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os mandados são cumpridos no gabinete do presidente do PSDB e na na
casa do parlamentar em Brasília. A irmã de Aécio, Andréa Neves, foi
presa na manhã desta quinta em Belo Horizonte, informou a VEJA o advogado criminalista Alberto Toron. A prisão
preventiva de Andrea Neves foi autorizada pelo ministro Edson Fachin,
relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação desta quinta-feira foi batizada de Patmos, em referência à ilha grega onde o apóstolo João teria escrito o Livro do Apocalipse.
Segundo o empresário Joesley Batista, que fechou acordo de delação
premiada com a Procuradoria-Geral da República, ao lado de seu irmão
Wesley Batista e outros cinco executivos da JBS, Aécio pediu 2 milhões
de reais para supostamente custear a defesa dele na Operação Lava Jato.
De acordo com O Globo, que revelou a delação premiada nesta
quarta-feira, o presidente do PSDB teria dito ao empresário que o valor
custearia o trabalho do advogado Alberto Zacharias Toron. A conversa
teria durado 30 minutos e foi gravada em um hotel em São Paulo.
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você
mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, teria
dito Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de
fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com
um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma
ajuda do caralho”, teria respondido Aécio, em uma suposta referência a
seu primo Frederico Pacheco de Medeiros.
Ainda segundo a publicação, o dinheiro foi entregue em quatro
parcelas de 500.000 reais a Medeiros pelo diretor de relações
institucionais da JBS, Ricardo Saud. Uma das entregas teria sido filmada
pela Polícia Federal, ocasião em que Frederico Medeiros teria repassado
o dinheiro a Mendherson Souza Lima, secretário do senador Zezé Perrella
(PMDB-MG).
O jornal também informa que a PGR tem indícios de que essa parte do
dinheiro não foi destinada ao pagamento do advogado. A PF teria seguido
Souza Lima, que fez três viagens de carro a Belo Horizonte para levar a
propina. Ele teria remetido os 500.000 reais à empresa Tapera
Participações Empreendimentos Imobiliários, de Gustavo Perrella, filho
de Zezé Perrella.
Ontem, o perfil de Aécio no Twitter comentou as denúncias feitas pelos donos da JBS.
Nota assessoria senador Aécio Neves. pic.twitter.com/KT9pQPXG0q
Decreto do
presidente venezuelano que restringe as garantias constitucionais em
todo o território nacional teve início em janeiro de 2016
Por
Da redação
Milhares de manifestantes saem às ruas
durante a 'mãe de todas as marchas' contra o presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, em Caracas - 19/04/2017 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
aprovou a nova prorrogação do “estado de exceção e emergência
econômica”, que restringe as garantias constitucionais em todo o
território nacional desde o início de 2016. O decreto foi justificado
como uma medida para “preservar a ordem interna”, segundo publicado
nesta terça-feira na Gazeta Oficial.
O decreto permite que Maduro adote “as
medidas urgentes, contundentes, excepcionais e necessárias, para
assegurar à população o desfrute pleno de seus direitos, preservar a
ordem interna, o acesso oportuno a bens, serviços, alimentos, medicinas,
e outros produtos e serviços”.
Decretado inicialmente
pelo presidente venezuelano em 14 de janeiro de 2016, o estado de
exceção deveria durar 60 dias, mas desde então vem sendo prorrogado
seguidamente. À época, Maduro disse a ação era necessária para “dar
proteção à população diante da guerra econômica declarada pela
oposição”. Em março do mesmo ano, ao anunciar a primeira
prorrogação, Maduro declarou que pretendia manter a determinação até
2017. “Vou proceder à assinatura de um novo decreto que nos permita
durante os meses de maio, junho, julho e toda a extensão que faremos
constitucionalmente durante o ano de 2016 e seguramente durante o ano de
2017, recuperar a capacidade produtiva do país”, disse então. Ao
estabelecer o estado de exceção e todas as prorrogações, o líder
venezuelano atropelou a Constituição e passou por cima da Assembleia Nacional. Escalada da violência
A terça-feira foi marcada por mais um episódio da violenta repressão de Maduro contra a população, que desde o início de abril têm
ido às ruas diariamente para exigir eleições, a libertação de ativistas
presos, ajuda humanitária estrangeira para amenizar a crise econômica e
autonomia para o Legislativo controlado pela oposição.
A morte de dois manifestantes, de 17 e 33 anos, elevou para 41 o
número de vítimas fatais em seis semanas de protestos contra o
presidente venezuelano. O mais jovem, que não teve a identidade
divulgada, faleceu durante a madrugada em um hospital público, para onde
foi levado depois de ser atingido por um tiro na cabeça. A outra
vítima, identificada como Diego Hernández, morreu na segunda-feira, após
receber um tiro durante uma manifestação.
O ataque, que começou na sexta-feira, deixou 200.000 vítimas, principalmente empresas, em ao menos 150 países - AFP
AFP
O ciberataque sem precedentes que atinge mais de 150 países
desde a sexta-feira alimenta o temores de recrudescimento do vírus e um
“cibercaos” na segunda-feira quando computadores forem ligados, estimam
especialistas.
“O último balanço chega a mais de 200.000 vítimas, principalmente
empresas, em ao menos 150 países. Realizamos operações contra 200
ciberataques por ano, mas nunca havíamos visto algo assim”, declarou o
diretor do serviço europeu de polícia Europol, Rob Wainwright, à rede
britânica ITV.
O ataque ocorreu de “forma indiscriminada” e “se propagou muito
rapidamente”, acrescentou o diretor da Europol, que teme que o número de
vítimas siga crescendo “quando as pessoas voltarem ao trabalho na
segunda-feira e ligarem o computador”.
“A partir do momento em que a escala é tão grande, devemos nos
perguntar se o objetivo é o cibercaos”, manifestou Laurent Heslault,
diretor de estratégias de segurança na empresa de segurança informática
Symantec.
A Microsoft alertou os governos neste domingo a respeito do acúmulo de vulnerabilidades em computadores.
“Os governos do mundo devem tratar este ataque como um alerta”, disse
o presidente e diretor jurídico da Microsoft, Brad Smith, em uma
postagem em que afirma que este é o maior ataque de ransomware já
cometido.
Smith ressaltou o perigo de que documentos com informações sensíveis
de governos acabem caindo nas mãos de hackers e causando danos
generalizados.
“É um cenário equivalente com armas convencionais seria o exército dos EUA terem seus mísseis Tomahawk roubados”, comparou.
Ele ressaltou que a Microsoft está solicitando uma “Convenção Digital
de Genebra”, que exigiria que os governos relatassem vulnerabilidades
de computadores aos fornecedores, em vez de armazená-los, vendê-los ou
explorá-los.
Da Rússia à Espanha e do México ao Vietnã, centenas de milhares de
computadores, sobretudo na Europa, estão infectados desde a sexta-feira
pelo vírus “ransomware” (de ‘ransom’, resgate em inglês, e ‘ware’ por
‘software’), que explora uma falha nos sistemas operacionais do Windows
divulgada nos documentos hackeados da agência de segurança nacional
americana NSA.
O vírus bloqueia os documentos dos usuários e os hackers exigem que
suas vítimas paguem uma quantia de dinheiro na moeda eletrônica bitcoin
(difícil de rastrear) para que possam acessar novamente seus arquivos.
– ‘Poucos pagamentos’ –
Segundo Rob Wainwright, “houve muito poucos pagamentos até agora”,
mas não deu valores. De acordo com a Symantec, no sábado ao meio-dia se
haviam sido registradas 81 transações no valor total de 28.600 dólares.
Posteriormente, a empresa de segurança informática Digital Shadows
afirmou que os pagamentos com bitcoin chegaram a 32.000 dólares.
O Departamento de Segurança Interior dos EUA advertiu que “pagar o
resgate não garante a restituição dos documentos”. Os hackers pedem 300
dólares (em bitcoin) para cada usuário em troca da devolução dos
arquivos.
O ataque perturbou o funcionamento dos hospitais britânicos, das
fábricas da Renault, da companhia americana FedEx, do sistema bancário
russo ou de universidades de Grécia e Itália, entre outros.
A Europol estimou que nenhum país foi particularmente mais afetado.
Insistiu ainda sobre a rapidez com a qual foi propagado o vírus
“Wannacry”.
“Começou atacando os hospitais britânicos antes de propagar-se
rapidamente pelo planeta. Quando uma máquina está contaminada, o vírus
escaneia a rede local e contamina todos os computadores vulneráveis”,
explicou o porta-voz da Europol, Jan Op Gen Oorth.
O investigador em cibersegurança britânico de 22 anos que permitiu
frear a propagação do vírus alertou neste domingo que os hackers podem
voltar à ação mudando o código e que, neste caso, será impossível
detê-los.
Os computadores “não estarão seguros até que a correção seja
instalada o mais rápido possível”, tuitou em sua conta @MalwareTechBlog.
– ‘Salvou o mundo’ –
A Microsoft reativou uma atualização de determinadas versões de seus
programas para enfrentar o ciberataque, que afeta especialmente o
Windows XP. O novo sistema operacional Windows 10 não foi atacado.
O investigador, que deseja permanecer no anonimato, foi tratado como
um herói que “salvou o mundo” pela imprensa britânica. O jornal Sunday
Mail encontrou uma fotografia do jovem, que se dedica ao surfe em seu
tempo livre e que vive na casa dos pais, no sul da Inglaterra.
A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, advertiu em um artigo
publicado no jornal Sunday Telegraph que é possível esperar outros
ataques e destacou que “talvez nunca conheçamos a verdadeira identidade
dos autores” do ataque de sexta-feira.
“É muito difícil identificar e até mesmo localizar os autores do
ataque. Realizamos um combate complicado frente a grupos de
cibercriminalidade cada vez mais sofisticados que recorrem à
criptografia para dissimular sua atividade. A ameaça é crescente”,
ressaltou Rob Wainwright.
O serviço de saúde pública britânico (NHS, que conta com 1,7 milhão
de funcionários) parece ter sido uma das principais vítimas e
potencialmente é o caso mais preocupante devido ao risco para a saúde
dos pacientes.
“A vulnerabilidade dos sistemas de saúde pública de vários países nos
preocupa há tempos”, declarou o diretor da Europol. “Entretanto, vimos
que poucos bancos foram afetados porque já aprenderam a lição”.
Germano Oliveira e Thaís Skodowski, enviada a Curitiba
Quando Marisa Letícia faleceu em fevereiro, vítima de um
aneurisma cerebral, Lula transformou o velório da mulher num comício. Ao
sapatear sobre o caixão, sacou a frase que ganharia o alto das páginas
dos jornais: “Marisa morreu triste por conta da canalhice que fizeram
com ela”. A pior das canalhices, no entanto, – se é que houve outras –,
seria embrulhada pelo próprio marido três meses depois de sua morte. Um
réquiem da desonra. Demonstrando ausência de sensibilidade, um
inacreditável senso de oportunismo e um vazio moral estupefaciente, para
dizer o mínimo, Lula jogou toda a culpa sobre as tratativas do tríplex
no colo de Dona Marisa.
Terceirizar a culpa para alguém que já faleceu, principalmente quando
esta pessoa é sua mulher, constitui o cúmulo da apelação. Primeiro
porque ela encontra-se impossibilitada de fazer sua defesa. Depois,
porque é de uma perversidade sem igual. No dialeto chulo de
presidiários, o comportamento de Lula se traduz pela frase: “joga tudo
no morto”. No caso, na esposa morta. “As afirmações em relação à Dona
Marisa é um tanto triste de se ver feitas”, lamentou o procurador Carlos
Fernando dos Santos. Nas redes sociais, a sociedade também reagiu
indignada. E com razão.
Para ampliar a gravidade do gesto, trata-se de uma mentira deslavada.
Ao transferir o peso da responsabilidade pelas negociações do imóvel à
esposa morta, o petista conferiu à companheira de quatro décadas um
papel que ela jamais e em tempo algum exerceu: a da mulher que cuida das
finanças e do patrimônio do casal. O perfil “Marisa investidora” não
guarda qualquer conexão com a realidade. Quando Lula era presidente da
República, a entourage do governo fazia questão que Dona Marisa
mantivesse uma distância regulamentar do governo e das negociatas –
políticas ou não – do marido. A esposa formava a retaguarda afetiva de
Lula. Avocou para si a tarefa de cuidar do jardim, plantar horta, de se
preocupar com a dieta do marido e cuidar dos filhos e netos. “Vamos,
bem. O menino está sem chave”, disse, certa feita, Marisa, interrompendo
Lula num churrasco oferecido aos amigos. O casal deixou o evento de
mãos dadas para, juntos, abrirem a casa onde moravam ao filho caçula,
antes de o petista alcançar o poder. Na última semana, esse elo,
definitivamente, foi quebrado. Por Lula. Triste fim.
Dos apelidos
de Lula e Dilma a Delcídio e João Santana nus dentro de uma sauna, os
momentos mais inusitados dos relatos dos marqueteiros
Por
Da redação
O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura (Paulo Lisboa/Folhapress)
As delações premiadas do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura miraram nomes estrelados da era petista no Palácio do Planalto, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, além de prefeitos e senadores do PT que tiveram a assinatura de Santana em suas campanhas.
Além de histórias cabeludas de nomes de peso do petismo, os relatos do casal ao Ministério Público Federal, todos registrados em vídeo, também são pródigos de momentos inusitados e curiosos. Confira abaixo alguns deles:
PT: Pavarotti e Tia
Mônica Moura relatou ao Ministério Público Federal que João Santana
pedia a ela para evitar anotar nomes de políticos em sua agenda. Foi
assim que nasceram os apelidos citados pela marqueteira em sua delação
premiada: Lula era conhecido entre o casal como “Pavarotti” por ostentar
barriga saliente e barba volumosa; Antonio Palocci era chamado de
“Mineiro” por sua personalidade discreta; Juscelino Dourado, ex-assessor
de Palocci, ficou conhecido como “Madre” por ser “religioso, certinho,
tipo coroinha de Igreja”; Guido Mantega acabou infamemente apelidado de
“Laticínio” e Dilma Rousseff, nomeada singelamente como “Tia”.
Pelado com a mão no bolso
João Santana narra que, em 2002, o ex-senador Delcídio do Amaral o
chamou até sua casa, em Campo Grande (MS), e lá pediu ao
publicitário que assumisse o marketing de sua campanha ao Senado. Lá
pelas tantas, Delcídio achou por bem convidar Santana a uma visita à sauna da residência,
onde poderiam negociar mais à vontade. Foi lá que o então petista, já
sem roupas, passou a consultar João Santana sobre como seria sua
remuneração. “Talvez ele tivesse receio de que eu pudesse ter alguma
coisa para gravar. Ele começou a conversar ‘esse pagamento tem que ser
oficial? Não oficial? Qual é o custo?”, relatou.
A secretária paga
Segundo Mônica Moura, a ex-presidente Dilma Rousseff ficou impressionada com os serviços prestados pelo cabeleireiro Celso Kamura durante as eleições de 2010 e, depois de eleita, passou a requisitar a presença dele em Brasília com frequência.
As primeiras quatro diárias de Kamura no Palácio da Alvorada, que
custaram 1.500 reais cada, no entanto, não foram pagas nem por Dilma,
nem por Mônica, nem pelo sofrido contribuinte brasileiro. De acordo com a
delatora, quem coçou o bolso e desembolsou os 6.000 reais foi Marly,
uma das assessoras da petista, que tirou o valor das próprias economias.
Responsável pelo custeio dos penteados de Dilma assinados por Celso
Kamura entre 2010 e 2014, Mônica garantiu ter reembolsado a funcionária
por meio de depósitos bancários.
Um baiano muito suspeito
Mônica Moura e André Reis Santana, funcionário dela e do marqueteiro
João Santana, relataram em suas delações premiadas o roubo de uma mala
recheada com 1,5 milhão de reais em dinheiro vivo, supostamente pago
pela Odebrecht como caixa dois da campanha de Dilma Rousseff em 2014. A
bagagem foi roubada de dentro do táxi em que auxiliar dos marqueteiros
embarcou depois de coletar a pequena fortuna. Segundo Santana, dois
carros interceptaram o táxi e desceram deles homens vestidos de preto.
Os bandidos exigiram que ele os acompanhasse e pegaram a mala no
porta-malas.
Como o dinheiro havia sido entregue a André Santana em um hotel de
São Paulo pelo lobista Fernando Baiano e só os três sabiam da operação,
Mônica disse ter desconfiado de uma provável armação de Baiano. Segundo a
delatora, o operador a orientou a não comunicar o roubo ao diretor do
departamento de propinas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, e garantiu a
ela que o dinheiro seria reposto – o que nunca aconteceu integralmente.
Feira? Eu?
Cliente frequente dos serviços do departamento de propinas da
Odebrecht, encarregado de fazer pagamentos de caixa dois pela
empreiteira no exterior, Mônica Moura era conhecida dentro da empresa
pelo apelido de “Feira”, referência à cidade onde ela nasceu, Feira de
Santana (BA), e ao sobrenome de seu marido, o marqueteiro João Santana.
Em sua delação premiada, contudo, Mônica relatou que Fernando
Migliaccio, um dos principais operadores dos pagamentos ilícitos da
Odebrecht, escondeu dela o significado do apelido nas planilhas de caixa dois da empreiteira.
“‘A gente aqui tem apelidos, Feira é uma modalidade de pagamento.
Toda vez que é campanha presidencial, é via Feira, quando é campanha de
deputado, que a gente ajuda bastante, tem outra modalidade'”, teria dito
a ela Migliaccio, em um encontro em que a mulher de Santana notou a
palavra em um documento e quis saber do que se tratava.
Mônica confiava tanto no executivo, responsável pelo envio de milhões
de dólares a uma conta mantida pelo casal na Suíça, que duvidou até dos
rumos da investigação da Lava Jato, mas jamais da palavra de
Migliaccio. “Quando fui presa e comecei a ouvir um burburinho de ‘você é
Feira, você é Feira’, eu lembrei disso e pensei ‘gente, isso não é
verdade, eles estão indo pelo caminho errado, esse não é o apelido de
ninguém'”, relatou.
Iolanda gosta de vinhos e rascunhos
Ao elaborar o codinome do e-mail fictício
2606iolanda@gmail.com, criado para comunicação emergencial entre Dilma
Rousseff, Mônica Moura e João Santana, a ex-presidente se inspirou no
nome de Iolanda Costa e Silva, mulher do ex-presidente Costa e Silva.
Nos e-mails, que nunca eram enviados, mas salvos na página de rascunhos,
Dilma se valia de metáforas para informar o casal de marqueteiros sobre
o avanço da Operação Lava Jato. “O seu grande amigo está muito doente.
Os médicos consideram que o risco é máximo, 10. O pior é que a esposa,
que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os
médicos acompanham os dois, dia e noite”, escreveu a petista ao
alertá-los de que a prisão era questão de tempo.
Ainda mais inusitadas que as metáforas dilmistas eram as mensagens
mandadas por seus assessores aos celulares de Mônica e Santana como
senhas para que eles acessassem o tal e-mail: “Veja aquele filme”,
“Gostei do vinho indicado”.
No jardim ninguém ouve
Mônica Moura contou aos procuradores do Ministério Público Federal
como Dilma preservava o sigilo ao tratar de assuntos ilícitos no Palácio
da Alvorada. Enquanto uns preferem negociatas em saunas, como o
ex-senador Delcídio do Amaral, a ex-presidente optava por abordar temas
tenebrosos durante passeios sutis no jardim da residência oficial da
presidência. “Precisamos manter contato frequente de uma forma segura
para que eu lhe avise sobre o andamento da operação [Lava Jato]. Estou
sendo informada de tudo frequentemente pelo José Eduardo Cardozo [então
ministro da Justiça]”, disse Dilma a Mônica em uma destas caminhadas.
O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira, 11,
com três vetos, a lei que cria a Identificação Civil Nacional (ICN), que
pretende reunir todas as informações do cidadão em um só documento,
entre os quais o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), o Registro Geral
(RG) e o título de eleitor. Estão excluídos da ICN a carteira de
motorista e o passaporte, já que são documentos que podem ser
apreendidos por eventuais crimes cometidos pelo cidadão.
Apesar da sanção, segundo o idealizador da proposta e presidente do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
Guilherme Afif Domingos, o chamado documento único só passará a valer
efetivamente a partir de 2021, quando se estima que estará finalizada a
base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A lei determina que o TSE estabelecerá um cronograma de implementação
da nova identificação e da coleta de dados biométricos e não define um
prazo. “Estamos num caminho célere”, ponderou Afif.
(Arquivo) O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - EPA POOL/AFP/Arquivos
AFP
O Parlamento israelense aprovou nesta quarta-feira em
primeira leitura um controverso texto de lei que define Israel como o
“lar nacional do povo judeu”, que seus detratores criticaram por excluir
ainda mais a grande minoria árabe.
O texto é “crucial para momentos como o atual, quando alguns procuram
minar o direito do povo judeu a ter um lar nacional em sua terra”, de
acordo com as notas que acompanham o documento.
Seus críticos veem na lei um projeto discriminatório para os árabes
israelenses, que representam 17,5% de uma população predominantemente
judaica.
Além de definir Israel como “lar nacional do povo judeu”, estabelece
para o árabe como língua oficial (junto com o hebraico) em um “status
particular”.
Em outra disposição controversa, autoriza um grupo, incluindo de uma
mesma religião, a viver em uma comunidade separada das outras. Esta
medida visa, segundo interpretações, permitir a criação de comunidades
exclusivamente judaicas.
O texto, aprovado no domingo por um comitê ministerial, foi votado
nesta quarta-feira no Parlamento por 48 votos contra 41, de um total de
120 deputados.
Após esta votação preliminar e uma passagem em comissão, o texto terá
de ser submetido a três leituras sucessivas em plenário para integrar
as leis fundamentais de Israel.
Integrantes do MST acampam em
Curitiba para apoiar ex-presidente Lula em interrogatório da Lava Jato
(Crédito: Heuler Andrey / AFP)
Da Redação
A 1ª Vara Federal de Curitiba decidiu nesta terça-feira (9)
conceder reintegração de posse de parte do terreno utilizado como
acampamento de manifestantes favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em Curitiba. O pedido foi feito pela companhia Rumo,
antiga ALL (América Latina Logística), concessionária das malhas da
extinta Rede Ferroviária Federal no Paraná, a quem pertence o terreno.
Segundo a companhia, a principal preocupação é com a segurança dos
manifestantes, já que a área é local de manobras de trens e outras
operações perigosas. A União teria autorizado o uso temporário do local
por manifestantes por fins de segurança pública, mas a área autorizada
não compreendia o espaço que pertence a Rumo. Como não há delimitação
física entre os dois terrenos, os manifestantes extrapolaram a zona
acordada.
“Neste contexto, entendo que a forma mais prudente de acolhimento do
pleito inicial é a instalação temporária de cerca física que delimite as
duas áreas com a retirada dos manifestantes e seus pertences do espaço
sensível a continuação das atividades da autora”, afirma em sua decisão o
juiz federal Friedmann Wendpap.
Na área autorizada pela União, segundo a decisão, os manifestantes
poderão permanecer até a manhã da quinta-feira, dia 11 de maio de 2017,
“conforme avençado nas tratativas ocorridas entre as autoridades de
segurança pública e representantes dos movimentos sociais”. Não se sabe
qual porção do acampamento é afetada com a decisão.
O pedido do procurador
baseia-se no fato de que a mulher do ministro é sócia do escritório de
um advogado que trabalha para o empresário
Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes
Roberto Jayme / TSE
Brasília - O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, quer que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), seja declarado impedido de relatar o habeas corpus
(pedido de liberdade) do empresário Eike Batista, solto há duas semanas
por força de uma decisão liminar (provisória) expedida pelo ministro.
O
pedido de Janot baseia-se no fato de que a mulher do ministro Gilmar
Mendes é sócia do escritório do advogado Sérgio Bermudes, que atua em
diversos processos ligados a Eike Batista. O procurador-geral da
República quer também que seja anulada a liminar que libertou o
empresário.
A arguição de impedimento foi encaminhada
nesta segunda-feira à ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, para que
ela leve a questão ao plenário. Janot pede ainda que o próprio Gilmar
Mendes seja interrogado pelos pares.
Além do impedimento, o procurador-geral da República
quer que seja declarada também a suspeição de Mendes para atuar como
relator do pedido de liberdade de Eike. Tanto o impedimento como a
suspeição são situações que põem em dúvida a imparcialidade do ministro e
estão previstas no Código de Processo Civil (CPC) e no Código de
Processo Penal (CPP).
O Ilustríssimo ministro do Supremo Tribunal Gilmar Mendes, para
rechear de argumentos o seu voto que consagrou a soltura do petista
quadrilheiro José Dirceu (já condenado a mais de 30 anos de cadeia por
crimes em série), apontou que estava dando uma lição histórica aos
brasileiros. “Não é o público que recomenda a prisão”, alertou no
costumeiro tom professoral. E de peito estufado, bradou a condição que
lhe cabe e a seus pares: “SUPREMOS”, contra a “brincadeira quase
juvenil” dos procuradores. Colocou no ralo o trabalho de justiça,
brilhante e reconhecido pela sociedade, no desenrolar da “Lava-Jato”.
Impôs sua vontade. Sua lição. Qual seja? A impunidade pode vingar e o
crime, compensar. A leitura elementar do povo, de todos nós da massa
rude e ignara, é essa. Que nos perdoem vossas excelências! A escolha dos
magistrados de toga foi deliberadamente política, há de se notar.
Ajustaram o entendimento da lei a um objetivo. De forma contrária à
votação majoritária da última terça-feira,2 , em ocasiões passadas, no
julgamento de outros réus – de igual estirpe, embora praticantes de
delitos menores no quadrante da corrupção, lavagem e organização
criminosa – essa mesma segunda turma de ministros avaliou por bem manter
os condenados em cárcere, dado (como disseram em sentença) o risco de
incorrerem na reiterada prática dos desvios. Situações semelhantes,
deliberações inversas. Vá entender! Que o incorrigível José Dirceu tem,
ainda hoje, condições e ferramentas para atrapalhar as investigações,
isso pouca gente questiona. Ele já demonstrou tal disposição quando
pulou do propinoduto do “Mensalão” para o do “Petrolão”, sem escala, e
atuou em ambos mesmo quando mofava no xilindró. Que o ato de sua
libertação representou de maneira simbólica e perigosa um desagravo
contra os agentes da força-tarefa que vêm promovendo uma limpeza
revolucionária nos meandros do poder, também não pairam dúvidas. Em
igual condição de Dirceu, ao menos 221 mil condenados em primeira
instância poderiam ser soltos de acordo com as ponderações da banca do
STF. Mas, naturalmente, a maioria não possui o lastro de influência nem
os recursos pecuniários para alcançar tamanho benefício. Todos são
iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que outros, reza a
lenda. As consequências do veredicto a favor de Dirceu são inexoráveis. O
ex-ministro Palocci, que caminhava para uma delação definitiva e
demolidora, parou para pensar. Mudou o horizonte, certamente mudam as
expectativas e prioridades de cada um. Em prejuízo da Nação e da
justiça, diga-se de passagem. No triunvirato de condestáveis liderado
por Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli também tratam de
enriquecer a coreografia de suas aparições públicas com uma profusão
garbosa de peitos estufados, toga polida e barrete peremptório para
impor a versão do que acham certo e errado. Lewandowski, cujo aplomb
jurídico parece estar sempre em linha com os anseios do PT, se disse
preocupado com “os direitos fundamentais do cidadão”. Se a moda pega, o
precedente aberto pode afetar ao menos 90 prisões no bojo da Lava-Jato.
Para o bem ou para o mal? Só o tempo dirá. No entender de sua excelência
Toffoli, a “contenção do perigo” não se dá apenas por prisão cautelar.
Os quadrilheiros urdidos nas tertúlias da malandragem estão comemorando.
No covil dos petistas encalacrados com a lei, a festa impera e a
expectativa de que outros nomes valorosos do partido, como Vaccari e
Palocci, tenham o mesmo veredicto é grande. No âmbito dos “supremos”,
não convém tomar emprestada a arrogância amiúde, conhecida
historicamente por se colocar a serviço das piores causas. Foi
certamente engolfado na maré engalanada que Gilmar Mendes passou
sistematicamente a mirar ataques e críticas aos resultados da esquadra
do juiz Sérgio Moro. Desde que resolveu defender Dirceu & Cia, numa
sequência espantosa de solturas de réus da operação, Mendes virou de
fato outro homem. Arrota valentia, troveja imprecações, dardeja cruéis
ditirambos. E eis ali, naquele patíbulo dos julgados, que ele ganhou a
condição de autêntico herói, paladino dos “perseguidos”. Há de se
lamentar que alguns de nossos magistrados do Supremo tenham uma peculiar
visão das coisas da justiça pela qual protagonizam julgamentos faceiros
contra saqueadores notórios. E conseguem assim fulminar, com uma
tranquilidade inquietante – esforçando-se para transmitir irônica
bonomia – o senso comum.
Macron
disputava as eleições, com impacto no restante da União Europeia,
contra a ultranacionalista Marine Le Pen, da Frente Nacional, que
recebeu 34,9%
FOLHAPRESS
Macron será o presidente mais jovem desde a eleição em 1848 de Luís Napoleão, sobrinho de Napoleão, aos 40.
( Foto: AFP )
O centrista Emmanuel Macron, 39, foi eleito presidente da França neste domingo (7) com 65,1% dos votos, segundo as primeiras estimativas, que ainda serão confirmadas durante as próximas horas.
Representando o movimento independente Em Frente!, ele governará pelos
próximos cinco anos a sétima maior economia do mundo e um dos cinco
países com direito o veto no Conselho de Segurança da ONU.
Macron disputava as eleições, com impacto no restante da União Europeia, contra a ultranacionalista Marine Le Pen, da Frente Nacional, que recebeu 34,9%.
O impacto imediato será o reforço do projeto de integração europeu,
do qual ele é um entusiasta. Le Pen defendia erguer barreiras
protecionistas, retirar a França do bloco econômico e possivelmente
retomar o franco como moeda, em vez do euro.
A eleição de Macron, comemorada por militantes diante do Museu do Louvre, marca ademais transformações históricas no país.
Esta foi a primeira vez em que os dois principais partidos franceses
-socialistas e republicanos- não concorreram no segundo turno. É também a
primeira vitória de um candidato sem a estrutura de uma sigla
tradicional.
Ele será o presidente mais jovem desde a eleição em 1848 de Luís Napoleão, sobrinho de Napoleão, aos 40.
O movimento Em Frente!, de Macron, foi fundado há um ano nos moldes de uma start-up, assentado em uma rede de 260 mil militantes, parte deles inexperientes.
A uma população desencantada com a atual divisão entre direita e esquerda, buscou se vender como alguém além dessa divisão.
Acena ora com o afrouxamento das leis trabalhistas, que deverá ter dura
oposição dos influentes sindicatos, ora com medidas de proteção social,
tema caro aos franceses. Biografia
Macron personifica uma versão bastante específica da renovação
política. Ele é até certo ponto um candidato contrário ao establishment,
mas simultaneamente representa esse mesmo sistema.
Ex-filiado ao Partido Socialista, o novo presidente foi, afinal, ministro da Economia do impopular governo de François Hollande, tendo abandonado o barco só em agosto do ano passado.
O presidente eleito dificilmente poderá se apresentar como mais um
entre a população. Ele outrora trabalhou para o banco Rothschild, em que
recebeu 2,8 milhões de euros (equivalente a R$ 10 milhões) de 2008 a
2012.
Macron foi formado, também, em uma instituição que é símbolo da elite: a
ENA (Escola Nacional de Administração), por onde passaram os
presidentes Jacques Chirac e François Hollande e os principais nomes da
administração da França, quer seja à esquerda ou à direita.
Ele será acompanhado nos próximos cinco anos no Palácio do Eliseu por
sua mulher, Brigitte Trogneux. O casamento é alvo de interesse já há
algum tempo. Brigitte é 24 anos mais velha do que ele, e ambos se
conheceram quando ela era professora em sua escola. Fissuras
A eleições deste ano evidenciaram diversas fissuras na sociedade francesa, ampliadas pela lupa com que foram vistas pelo mundo.
A candidatura de Marine Le Pen, representando um partido populista com
histórico de retórica antissemita, assustava a liderança europeia após a
eleição do republicano Donald Trump nos EUA e a decisão do Reino Unido
de deixar a UE, conhecida como "brexit".
A divisão dos eleitores entre ambos os candidatos é sinal de uma série de temas sobre os quais discordam.
Macron e Le Pen têm, por exemplo, visão distintas da União Europeia:
ele a favor e ela contra. Eles também enxergam a imigração de maneiras
diferentes: ele quer uma sociedade mais multicultural, enquanto ela quer
interromper o fluxo e expulsar migrantes condenados e suspeitos de
radicalização.
Há também distinções mais estruturais, como a tendência, comprovada por pesquisas, de que o eleitorado de Macron tenha uma expectativa mais otimista em relação ao futuro, em comparação com o de Le Pen.
A base de Macron é descrita por analistas como a dos "vencedores da
globalização", aqueles que se beneficiaram da integração à economia
mundial. Le Pen representa, por outro lado, as periferias e pequenas
cidades onde o fechamento de fábricas destruiu empregos. O desemprego na
França está hoje em cerca de 10%. Futuro
Recém-eleito, Macron ainda não pode relaxar na cadeira de presidente. Ele enfrenta já em junho as eleições legislativas que darão o tom geral de seu governo. Sem a maioria dos legisladores, será complicado aprovar as reformas que propõe.
Será determinante, agora, quanto apoio virá dos tradicionais Partido
Socialista e Republicanos, que ele derrotou já no primeiro turno.
As duas siglas se uniram em torno da candidatura dele contra Le Pen
neste domingo, apoiando publicamente o candidato, mas não
especificamente por concordar com sua plataforma.
A adesão à campanha de Macron foi vista como maneira de impedir Le Pen de chegar até a Presidência. Não é a primeira vez em que o establishment francês lança mão dessa estratégia.
Em 2002, quando o pai de Le Pen concorreu ao cargo, formou-se também a
chamada "frente republicana" para freá-lo. Assim, o conservador Jacques
Chirac venceu com 82% dos votos contra Jean-Marie Le Pen, pai de Marine.
O resultado superior da candidata da FN neste ano mostra que, apesar da
derrota, o partido ultradireitista avança em sua estratégia de se
"normalizar" aos olhos do eleitorado francês, afastando membros mais
radicais.
Seu potencial de se tornar a principal voz crítica à
globalização do país e se cacifar para um desempenho melhor no pleito de
2022 aumentará à medida em que o governo Macron não dirimir o
desemprego e o lento crescimento de sua economia.
Estudioso da Frente Nacional, o cientista político Stéphane Wahnich, da
Universidade Paris-Est Créteil, diz que o crescimento da base de votos
dela sinaliza a progressiva vontade do eleitorado de revirar a política.
Ele argumenta que Le Pen ainda esbarra na história de seu partido
e em sua falta de credibilidade econômica, mas que há potencial para o
surgimento de outro candidato antissistema e populista, pois o conceito
está se tornando cada vez mais "respeitável" para a população.
"O problema de Marine Le Pen é se chamar Le Pen."
Força-tarefa
da Lava Jato e defesa de Léo Pinheiro pediram para que Moro rejeite
solicitação de Lula para mudar padrão de gravação da audiência
Por
Eduardo Gonçalves
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva- 29/05/2015 (Douglas Magno/AFP)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro,
marcado para a próxima quarta-feira, no dia 10 de maio, seja gravado de
maneira profissional. Em petição enviada nesta sexta-feira, o advogado
do petista, Cristiano Zanin Martins, especifica como
pretende registrar a audiência — com uma câmera Sony EX3 colocada sobre
um tripé e monitorada por um “profissional devidamente habilitado para a
função” — no caso, o fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert —,
conforme diz o texto. O petista será interrogado por Moro na ação em que
é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Nos autos, o advogado também detalha o tamanho do equipamento — 75 x
34 x 5 mm — e garante que ele vai ser instalado num local que não
prejudique “o bom andamento do ato”. Em petição anterior, os advogados
pediam para que a câmera não ficasse focada em Lula quando ele não
estivesse com a palavra, ângulo padrão em oitivas de todos os réus e
testemunhas da Lava Jato.
Cabe agora ao juiz Sergio Moro decidir se vai autorizar ou não o
aparato. Em todos os depoimentos da Operação, um servidor da Justiça
Federal — o mesmo que escreve o termo de audiência — opera uma câmera
simples que fica imóvel posicionada em uma mesa fitando o réu. Para o
petista, o foco exclusivo nele geraria uma “imagem negativa” e o
apresentaria de “forma inferiorizada”, violando, assim, no seu
entendimento, a presunção de inocência.
O Ministério Público Federal rebateu hoje a
argumentação da defesa de Lula, lembrando que o próprio petista já
participou de uma videoconferência no modo tradicional como réu na ação
que responde por obstrução à Justiça em Brasília — e na ocasião não
reclamou disso. “A forma de gravação de depoimento adotada não apenas
por esse juízo, mas por essa subseção judiciária de Curitiba de maneira
ampla, faz-se idêntica para atos envolvendo réus e testemunhas”, diz a
força-tarefa da Lava Jato.
O MPF ainda afirma que a gravação feita por uma câmera aberta poderia
revelar “de modo indesejável” conversas paralelas de advogados,
procuradores e réus que também participam da sessão, “o que pode acabar
por publicizar indevidamente estratégias adotadas no ato”, conforme o
texto.
Além da força-tarefa, a defesa do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, que também é réu no processo, manifestou-se contrariamente ao pedido de Lula. Para os advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua,
o foco da câmera no réu “visa justamente garantir a maior fidelidade
possível da prova, já que é o direcionamento dos instrumentos de
captação de imagem e de áudio para o depoente que assegura a precisão do
registro de sua fala”. Eles concluem, dizendo que o princípio de
publicidade não autoriza a livre gravação das imagens.
Câmera escolhida para fazer a gravação, conforme os autos do processo (//Reprodução)
Medida será testada na próxima temporada na Inglaterra
O Dia
Inglaterra
- O futebol inglês dará um passo inovador no futebol na próxima
temporada. A Fundação de Futebol Inglesa (FA) irá testar a aplicação de
expulsões temporárias aos jogadores que disputam suas divisões
inferiores. A medida será aplicada nas divisões que estão seis ou mais
níveis abaixo da quinta, National League. Cartão amarelo será substituído por expulsão temporária
Reuters
A expulsão temporária substituirá os cartões
amarelos aplicados por protestos e reclamações contra o árbitro e o
jogador punido ficará fora do gramado por apenas dez minutos. Os testes
também serão realizados em ligas amadoras de divisões de base masculina e
feminina.
leia mais
Através de um e-mail enviado pela entidade esportiva
inglesa, mais de mil equipes receberam o convite para participar deste
teste. Os clubes que aceitarem participar não serão cobrados as 10
libras de multa por cada cartão amarelo recebido.
A
medida foi motivada por um desejo de modificar o comportamento dos
jogadores da base e divisões inferiores já que, segundo a FA, em 24% dos
casos os cartões amarelos são aplicados em punições.
Dirceu está preso desde agosto de 2015 no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba
Agência Brasil
Brasília
- A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
terça-feira soltar o ex-ministro José Dirceu, preso por determinação do
juiz federal Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Dirceu está preso desde
agosto de 2015 no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região
metropolitana de Curitiba.
Por 3 votos a 2, a maioria dos
ministros aceitou pedido de habeas corpus feito pela defesa de Dirceu e
reconheceu que há excesso de prazo na prisão preventiva, que chega a
quase dois anos.
Votaram pela libertação os ministros
Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. O relator, Edson
Fachin, e Celso de Mello se manifestaram pela manutenção da prisão.
Ex-ministro da Casa Civil, Dirceu foi preso em agosto de 2015
Agência Brasil
Relator
Para Fachin, a
alegação sobre a longa duração das prisões provisórias de investigados
na Lava Jato não pode levar em conta somente o prazo temporal. Segundo o
ministro, é preciso verificar a gravidade dos fatos e a reiteração
criminosa. Dirceu foi condenado no julgamento da Ação Penal 470, o
processo do mensalão.
"Eventual excesso na duração das prisões
cautelares não deve ser analisado mediante prazos estanques. Nao se
trata de avaliação meramente aritmética.", disse o relator. O plenário do Supremo Tribunal Federal
STF
Celso de Mello acompanhou o relator pela
manutenção da prisão do ex-ministro. Mello também entendeu que não há
nenhuma ilegalidade na decisão de Moro que manteve a prisão de Dirceu, e
que a prisão não pode ser substituída por medidas cautelares.
Para
o ministro, ao longo das investigações da Lava Jato, se percebeu que a
corrupção contaminou o Estado e se caracterizou como sistêmica e
endêmica.
Votos divergentes
A
divergência foi aberta pelo ministro Dias Toffoli. No entendimento dele,
o fato de a sentença de Moro não ter permitido a Dirceu recorrer em
liberdade, foi antecipado o cumprimento da pena na primeira instância,
fato ilegal. Para o Supremo, a pena pode ser executada somente na
segunda instância.
Embora reconheça a gravidade das acusações
contra Dirceu, Toffoli também entendeu que a prisão pode ser substituída
por medidas cautelares, que podem ser autorizadas pelo juiz Sérgio
Moro.
Ricardo Lewandowski também acompanhou a
divergência e entendeu que prisões preventivas não podem ser
fundamentadas em riscos abstratos à ordem pública e à investigação.
Último
a votar, o presidente da turma, Gilmar Mendes, desempatou o julgamento,
e também condenou as prisões por tempo indeterminado na Lava Jato, que
considera ilegais. Para o ministro, o uso da prisão preventiva como
punição não é compatível com o princípio constitucional da dignidade
humana.
Condenação na Lava Jato
Em
maio do ano passado, José Dirceu foi condenado a 23 anos de prisão pelos
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Na sentença, Moro decidiu
manter a prisão preventiva. Posteriormente, o ex-ministro da Casa Civil
teve a pena reduzida para 20 anos e 10 meses. Ele foi acusado de receber
mais de R$ 48 milhões por meio de serviços de consultoria, valores que
seriam oriundos de propina proveniente de esquema na Petrobras, de
acordo com os procuradores da Lava Jato.
Na manhã de hoje, o
Ministério Público Federal (MPF) ofereceu nova denúncia contra o
ex-ministro José Dirceu pelo suposto recebimento de propina das
empreiteiras Engevix e UTC, entre 2011 e 2014.
No STF, a defesa de
Dirceu sustentou que o ex-ministro tem mais 70 anos e não há motivos
para que ele continue preso. Segundo o advogado, Dirceu não oferece
riscos à investigação por já ter sido condenado e a fase de coleta de
provas ter encerrado.
Mulher do
marqueteiro João Santana relatou ao TSE que o empresário pagou R$ 5
milhões ao casal no exterior, referentes a serviços prestados ao
ex-prefeito
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Da redação
O ex-bilionário Eike Batista (Felipe Dana/AP)
O empresário Eike Batista pagou uma dívida de 5 milhões de reais da campanha de 2012 de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo, disse a empresária Mônica Moura em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Mônica, coube ao então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, resolver o impasse do pagamento.
“Sempre tinha uma dívida que rolava. Isso era absolutamente natural,
absolutamente normal. Tinha vezes que a gente fazia tantas campanhas que
as dívidas se misturavam”, disse a mulher do marqueteiro João Santana,
uma das testemunhas ouvidas pela Justiça Eleitoral no âmbito da ação
que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB)
cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014.
Durante o depoimento, ela foi questionada sobre depósitos feitos em uma conta na Suíça mantida por Santana.
“Às vezes o próprio PT não sabia mais o que estava pagando. Se era
2010, se era 2012, se era Patrus (Patrus Ananias, hoje deputado
federal), se era Haddad, era uma confusão de dívidas e essa dívida
também ficou para o ano seguinte, só que essa em 2013 já também o
Vaccari me chama e resolve através do Eike”, contou a delatora.
O pagamento no exterior teria sido acertado diretamente com o
executivo Flávio Godinho, homem de confiança de Eike. Fez-se então um
contrato de trabalho de três páginas, “bem simplesinho”, segundo Mônica.
“Essa história é engraçada. Esse trabalho existiu, no fim das contas,
porque o João fez um trabalho primoroso de pesquisa e contextualização
de uma empresa que o Eike queria montar na Venezuela, em Angola, ligada a
petróleo e energia”, detalhou.
A empresária disse não ter a “menor noção” de qual tipo de negócio
Eike poderia ter que o interessasse a pagar a dívida de uma campanha do
Haddad. “Na verdade, ele nem sabia que estava pagando a campanha do
Haddad, ele estava pagando uma dívida do PT. Eu imagino hoje, lendo tudo
que eu leio. Ele estava pagando uma dívida do PT”, afirmou a mulher de
João Santana.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a assessoria do ex-prefeito informou que
João Santana e Mônica Moura “jamais cobraram da campanha de Fernando
Haddad à prefeitura de São Paulo qualquer valor além do contrato cujo
saldo, ao final da campanha, foi assumido pelo Partido dos
Trabalhadores”.
“Quanto ao senhor Eike Batista, nem ele, nem nenhum de seus
prepostos, jamais entrou em contato com Fernando Haddad, nem com o
tesoureiro da sua campanha. O ex-prefeito desconhece completamente
quaisquer interesses do empresário na cidade de São Paulo”, diz a nota.
O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de Vaccari, disse que a
versão apresentada por Mônica Moura não é verdade. “Isso se trata
exclusivamente de palavra de delator, sem qualquer embasamento
probatório ou na realidade”, rebateu o advogado.
Até a publicação deste texto, a reportagem não havia obtido retornos da defesa de Eike Batista e de Flávio Godinho. (com Estadão Conteúdo)