19 de nov. de 2014

Juiz ordena quebra do sigilo bancário de 16 presos na Operação Lava Jato

Nesta terça, Polícia Federal pediu a prorrogação da prisão de seis presos.
Além disso, magistrado ordenou a quebra do sigilo de três empresas.

Lucas Salomão e Filipe Matoso Do G1, em Brasília e em Curitiba
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, determinou nesta terça-feira (18) ao Banco Central a quebra do sigilo bancário de 16 dos 23 presos da nova etapa da operação policial. Entre os suspeitos que terão as contas bancárias devassadas estão o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e executivos de algumas das principais empreiteiras do país.
O magistrado também ordenou que a autoridade monetária envie à Justiça Federal do Paraná os dados bancários do lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
 
OPERAÇÃO LAVA JATO
No documento, o juiz federal solicita dados sobre contas, investimentos e outros ativos mantidos entre os dias 5 e 18 de novembro deste ano.
Além da quebra de sigilo dos 16 suspeitos, Moro também ordenou que o Banco Central disponibilize informações bancárias de três empresas: D3TM Consultoria e Participações; Hawk Eyes Administração de Bens; e Technis Planejamento e Gestão em Negócios.
O documento protocolado no Banco Central não deixa claro o motivo de ele não ter ordenado a divulgação dos dados bancários dos outros presos.
Também nesta terça, a Polícia Federal enviou à Justiça Federal do Paraná pedido de prorrogação da prisão temporária de seis pessoas detidas na nova etapa da Operação Lava Jato, entre as quais o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Os delegados federais querem que os presos permaneçam na cadeia até o próximo domingo (23).
A PF alega no pedido que é necessário prorrogar as prisões desses seis suspeitos porque teria ocorrido o "vazamento" da mais recente fase da operação policial, ocorrida na última sexta-feira (14).
A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos, nesta sétima etapa, 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal. 24 pessoas foram presas pela Polícia Federal ate esta terça.
Além de Duque, os policiais federais também solicitaram a prorrogação da prisão temporária de Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da empreiteira UTC; José Aldemário Pinheiros Filho, presidente da Construtora OAS; Matheus Coutinho de Sá Oliveira, vice-presidente do conselho de administração da OAS; Walmir Pinheiro Santana, dirigente da UTC Participações; e Alexandre Portela Barbosa, funcionário OAS.
Depoimentos
Desde o último sábado (15), a Polícia Federal colhe depoimentos dos executivos e funcionários das empreiteiras presos. No sábado e no domingo (16), dirigentes da Engevix e da Queiroz Galvão negaram a existência de cartel que atuava em contratos da Petrobras.
A PF tentou ouvir nesta segunda cinco executivos e funcionários da construtora OAS. Todos ficaram calados durante a audiência por orientação de seus advogados, que alegaram não ter acesso aos documentos relacionados à investigação.
O advogado Pedro Henrique Xavier, responsável pela defesa do diretor da Galvão Engenharia Erton Medeiros Fonseca, afirmou ao G1 nesta terça que seu cliente confirmou ter pago propina ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Segundo relato do criminalista, Fonseca disse aos delegados federais que pagou o suborno sob ameaça do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Xavier, no entanto, não detalhou para qual diretoria da petroleira a propina era paga.
Veja os nomes dos suspeitos e das empresas que terão as contas bancárias devassadas:
Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia
Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
Ildefonso Colares Filho, ex-diretor-presidente da Queiroz Galvão
Othon Zanoide de Moraes, diretor-executivo da Queiroz Galvão
Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", lobista apontado como operador da cota do PMDB no esquema de corrupção
Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da IESA
Dalton dos Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa
Walmir Pinheiro Santana, responsável pela UTC Participações
José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS
Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Correa
Sérgio Cunha Mendes, diretor-vice-presidente-executivo da Mendes Junior
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da Área Internacional da OAS
Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da UTC
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix
VALE ESTE - Arte Lava Jato 7ª fase (Foto: Infográfico elaborado em 15 de novembro de 2014)

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