21 de mai. de 2014

Castelão entre os estádios sem conexão wi-fi

Operadoras reclamam de dificuldades impostas por consórcio; Secopa nega proposta por parte de empresas

O problema foi levantado pelo SindiTelebrasil em fevereiro deste ano, conforme mostrou o Diário do Nordeste na edição do dia 11 daquele mês
Image-0-Artigo-1617340-1 Segundo a Secopa, nenhuma operadora procurou a Secretaria ou a Arena Castelão com um projeto de instalação de rede wi-fi no estádio
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Fortaleza/Brasília. A comunicação dos torcedores na Arena Castelão durante os jogos da Copa continua indefinida. Sem antenas capazes de garantir os fluxos de voz e de dados - a exemplo do que aconteceu na Copa das Confederações -, as operadoras voltaram a reclamar do consórcio administrador do estádio por estar "dificultando" a instalação dos equipamentos de wi-fi, serviço que seria ofertado gratuitamente aos usuários durante as partidas. Esta proposta, no entanto, nunca aconteceu, segundo garante a Secretaria Especial da Copa (Secopa).
"Nenhuma operadora procurou a Secopa ou a Arena Castelão com um projeto de instalação de rede wi-fi no estádio. O ideal é reforçar a cobertura de 3G e 4G disponível na região", afirmou, em nota, a Secopa.
O problema foi levantado em fevereiro deste ano pelo SindiTelebrasil - representante das operadoras -, como noticiou a edição do Diário do Nordeste no dia 11 daquele mês, e voltou a ser mencionado no fim de abril pelo próprio ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que tratou a falta deste serviço como "possíveis problemas". Agora, a menos de 25 dias para o início do Mundial, a indecisão foi enfatizada durante uma audiência pública no Senado, onde o diretor executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, e presidentes de operadoras se manifestaram. Eles afirmaram que, devido à falta de autorizações, ainda não foi possível instalar as estruturas nos estádios de São Paulo, Curitiba, do Recife, de Fortaleza, Natal e Belo Horizonte. A entidade voltou a garantir que o objetivo é proporcionar aos clientes das operadoras de celular o acesso gratuito às redes wi-fi instaladas por elas nos estádios.
"Para ampliar a capacidade das redes em locais de alta concentração, pode-se usar o wi-fi. Mas, no caso dos 12 estádios existentes, seis optaram por ter rede própria de wi-fi para, provavelmente, usá-la em rede comercial", insinuou Levy.
 
 
Image-1-Artigo-1617340-1 O representante das operadoras citou o Estádio Nacional Mané Garrincha como referência, já que as autorizações e disponibilização de espaço foram feitas com antecedência. "Nele, todas as empresas se uniram para implantar uma rede única, a exemplo do que foi feito em Londres (durante as Olimpíadas de 2012)".
Para dar conta da demanda
Ele explica que cada estádio precisa de cerca de 300 antenas para dar conta da demanda. "Mas, além disso, precisamos também de uma área com cerca de 200 metros quadrados para instalação de equipamentos", complementa Levy.
Já para o presidente da Claro, Carlos Zenteno, a situação "mais urgente" é a dos estádios entregues por último - em especial, o de Porto Alegre, entregue em março, e o de Curitiba, entregue em abril. "Temos poucas semanas para instalar toda uma complexidade de equipamentos. O tempo está contra nós, mas (caso as empresas recebam as autorizações) vamos correr e fazer de todo o necessário para garantir qualidade (do sinal) nos estádios", afirmou.
O presidente da Vivo e ex-presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Antonio Carlos Valente, disse que os atrasos na entrega de infraestrutura em alguns estádios já comprometeu a realização de testes. "No Paraná e em São Paulo não será possível fazer testes de desempenho do sistema antes dos jogos", contou.
Paliativos nos aeroportos
Sobre o sinal em aeroportos, Valente disse que a telefonia móvel de quarta geração (4G) já instalou "soluções paliativas" nos aeroportos Santos Dumont e do Galeão (ambos no Rio de Janeiro), e nos de Congonhas (São Paulo), Salvador, Fortaleza, do Recife e de Brasília.
"Estão em andamento as negociações para os aeroportos de Confins (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Natal (RN), Manaus (AM) e Cuiabá (MT), além de Viracopos e Guarulhos (ambos em São Paulo). Em todos esses ainda dependemos de espaço, de negociações ou de ambos", finalizou.
Anatel terá novas metas para teles
Brasília. O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), João Rezende, disse ontem (20) que a agência pretende impor novos compromissos para as empresas de telecomunicações em julho ou agosto.
"Estamos completando dois anos de cautelar em julho. Evidentemente, há intenção da agência em estabelecer novos compromissos a partir de agosto", disse. "Eles ainda não estão definidos. Vamos estudar com a nossa área técnica, em nenhum momento estamos pensando em restrições de vendas", acrescentou Rezende.
Em 2012, a Anatel suspendeu a venda de serviços de celular e de internet de grandes teles após falhas na qualidade.
O presidente da Anatel evitou entrar em detalhes sobre o tipo de compromisso, mas adiantou que eles devem estar focados na qualidade, área de cobertura, atendimento a pequenas localidades do país e atendimento ao consumidor. No serviço de internet 4G (internet dez vezes mais rápida que a 3G), a Anatel pretende seguir apenas as metas impostas em contrato.
Copa
Ainda de acordo com Rezende, a agência está concluindo em 30 de junho a fiscalização dos compromissos das empresas para a Copa do Mundo. Trezentos servidores da Anatel acompanharão os serviços prestados durante o evento esportivo.
Call center
João Batista Rezende disse ainda que a dificuldade no trato com o call center não é uma exclusividade do usuário de telecomunicações ou das empresas do setor. "O problema está relacionado a terceirização do serviço, a falta de capacidade de treinamento dessa mão de obra. Não é um problema só das empresas de telefonia. É também dos bancos, das revistas e dos jornais", destacou.
Segundo o presidente da Anatel, a agência recebeu, no último ano, cerca de sete milhões de ligações de usuários dos serviços de telefonia, internet e TV por assinatura.
Destas, cerca de 3,5 milhões eram reclamações de clientes que, necessariamente, já haviam registrado queixa nas empresas. "Estamos usando o nosso call center como mola mestra para extrair informações e votar politicas de regulamentação", afirmou Rezende.
Infraestrutura
O presidente disse ainda que para avançar em infraestrutura de qualidade no país "falta desoneração para a telefonia" e é preciso também criar mecanismos de utilização dos fundos setoriais nas áreas mais "reprimidas economicamente".
Sindicato diz que haverá problemas com telefonia
Brasília. Pelo menos dois estádios da Copa do Mundo não poderão oferecer telefonia e banda larga móveis aos torcedores conforme o planejado. Executivos do setor reconheceram, nesta terça-feira, 20, que os atrasos nas obras das arenas de São Paulo e Curitiba não permitirão a realização de todos os testes necessários para os equipamentos de transmissão de 3G e 4G. O diretor executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, disse que a Arena Corinthians e a Arena da Baixada terão dificuldades nos serviços de telefonia e internet devido ao pouco tempo que as empresas estão tendo para instalar seus equipamentos.
"Nós recebemos esses projetos e as salas para a instalação dos aparelhos com um prazo inferior a 60 dias, quando precisamos de até 150 dias para realizar o serviço. Em Curitiba e em São Paulo, haverá algumas dificuldades", afirmou o executivo. Para além da Copa, o diretor executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, afirmou que as empresas de telecomunicações representadas pela entidade têm cumprido todas as metas impostas pela Anatel. O executivo citou os investimentos de R$ 29,3 bilhões do setor em 2013, ano no qual a banda larga móvel registrou um crescimento de 69%.

Nenhum comentário: