Operadoras reclamam de dificuldades impostas por consórcio; Secopa nega proposta por parte de empresas
O problema foi levantado pelo SindiTelebrasil em fevereiro deste
ano, conforme mostrou o Diário do Nordeste na edição do dia 11 daquele
mês

Segundo a Secopa, nenhuma operadora procurou a Secretaria ou a
Arena Castelão com um projeto de instalação de rede wi-fi no estádio
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Fortaleza/Brasília. A comunicação dos torcedores na
Arena Castelão durante os jogos da Copa continua indefinida. Sem antenas
capazes de garantir os fluxos de voz e de dados - a exemplo do que
aconteceu na Copa das Confederações -, as operadoras voltaram a reclamar
do consórcio administrador do estádio por estar "dificultando" a
instalação dos equipamentos de wi-fi, serviço que seria ofertado
gratuitamente aos usuários durante as partidas. Esta proposta, no
entanto, nunca aconteceu, segundo garante a Secretaria Especial da Copa
(Secopa).
"Nenhuma operadora procurou a Secopa ou a Arena Castelão com um projeto
de instalação de rede wi-fi no estádio. O ideal é reforçar a cobertura
de 3G e 4G disponível na região", afirmou, em nota, a Secopa.
O problema foi levantado em fevereiro deste ano pelo SindiTelebrasil -
representante das operadoras -, como noticiou a edição do Diário do
Nordeste no dia 11 daquele mês, e voltou a ser mencionado no fim de
abril pelo próprio ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que tratou a
falta deste serviço como "possíveis problemas". Agora, a menos de 25
dias para o início do Mundial, a indecisão foi enfatizada durante uma
audiência pública no Senado, onde o diretor executivo do
SindiTelebrasil, Eduardo Levy, e presidentes de operadoras se
manifestaram. Eles afirmaram que, devido à falta de autorizações, ainda
não foi possível instalar as estruturas nos estádios de São Paulo,
Curitiba, do Recife, de Fortaleza, Natal e Belo Horizonte. A entidade
voltou a garantir que o objetivo é proporcionar aos clientes das
operadoras de celular o acesso gratuito às redes wi-fi instaladas por
elas nos estádios.
"Para ampliar a capacidade das redes em locais de alta concentração,
pode-se usar o wi-fi. Mas, no caso dos 12 estádios existentes, seis
optaram por ter rede própria de wi-fi para, provavelmente, usá-la em
rede comercial", insinuou Levy.

O representante das operadoras citou o Estádio Nacional Mané Garrincha
como referência, já que as autorizações e disponibilização de espaço
foram feitas com antecedência. "Nele, todas as empresas se uniram para
implantar uma rede única, a exemplo do que foi feito em Londres (durante
as Olimpíadas de 2012)".
Para dar conta da demanda
Ele explica que cada estádio precisa de cerca de 300 antenas para dar
conta da demanda. "Mas, além disso, precisamos também de uma área com
cerca de 200 metros quadrados para instalação de equipamentos",
complementa Levy.
Já para o presidente da Claro, Carlos Zenteno, a situação "mais
urgente" é a dos estádios entregues por último - em especial, o de Porto
Alegre, entregue em março, e o de Curitiba, entregue em abril. "Temos
poucas semanas para instalar toda uma complexidade de equipamentos. O
tempo está contra nós, mas (caso as empresas recebam as autorizações)
vamos correr e fazer de todo o necessário para garantir qualidade (do
sinal) nos estádios", afirmou.
O presidente da Vivo e ex-presidente da Associação Brasileira de
Telecomunicações (Telebrasil), Antonio Carlos Valente, disse que os
atrasos na entrega de infraestrutura em alguns estádios já comprometeu a
realização de testes. "No Paraná e em São Paulo não será possível fazer
testes de desempenho do sistema antes dos jogos", contou.
Paliativos nos aeroportos
Sobre o sinal em aeroportos, Valente disse que a telefonia móvel de
quarta geração (4G) já instalou "soluções paliativas" nos aeroportos
Santos Dumont e do Galeão (ambos no Rio de Janeiro), e nos de Congonhas
(São Paulo), Salvador, Fortaleza, do Recife e de Brasília.
"Estão em andamento as negociações para os aeroportos de Confins (MG),
Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Natal (RN), Manaus (AM) e Cuiabá (MT),
além de Viracopos e Guarulhos (ambos em São Paulo). Em todos esses
ainda dependemos de espaço, de negociações ou de ambos", finalizou.
Anatel terá novas metas para teles
Brasília. O presidente da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), João Rezende, disse ontem (20) que a agência pretende
impor novos compromissos para as empresas de telecomunicações em julho
ou agosto.
"Estamos completando dois anos de cautelar em julho. Evidentemente, há
intenção da agência em estabelecer novos compromissos a partir de
agosto", disse. "Eles ainda não estão definidos. Vamos estudar com a
nossa área técnica, em nenhum momento estamos pensando em restrições de
vendas", acrescentou Rezende.
Em 2012, a Anatel suspendeu a venda de serviços de celular e de internet de grandes teles após falhas na qualidade.
O presidente da Anatel evitou entrar em detalhes sobre o tipo de
compromisso, mas adiantou que eles devem estar focados na qualidade,
área de cobertura, atendimento a pequenas localidades do país e
atendimento ao consumidor. No serviço de internet 4G (internet dez vezes
mais rápida que a 3G), a Anatel pretende seguir apenas as metas
impostas em contrato.
Copa
Ainda de acordo com Rezende, a agência está concluindo em 30 de junho a
fiscalização dos compromissos das empresas para a Copa do Mundo.
Trezentos servidores da Anatel acompanharão os serviços prestados
durante o evento esportivo.
Call center
João Batista Rezende disse ainda que a dificuldade no trato com o call
center não é uma exclusividade do usuário de telecomunicações ou das
empresas do setor. "O problema está relacionado a terceirização do
serviço, a falta de capacidade de treinamento dessa mão de obra. Não é
um problema só das empresas de telefonia. É também dos bancos, das
revistas e dos jornais", destacou.
Segundo o presidente da Anatel, a agência recebeu, no último ano, cerca
de sete milhões de ligações de usuários dos serviços de telefonia,
internet e TV por assinatura.
Destas, cerca de 3,5 milhões eram reclamações de clientes que,
necessariamente, já haviam registrado queixa nas empresas. "Estamos
usando o nosso call center como mola mestra para extrair informações e
votar politicas de regulamentação", afirmou Rezende.
Infraestrutura
O presidente disse ainda que para avançar em infraestrutura de
qualidade no país "falta desoneração para a telefonia" e é preciso
também criar mecanismos de utilização dos fundos setoriais nas áreas
mais "reprimidas economicamente".
Sindicato diz que haverá problemas com telefonia
Brasília. Pelo menos dois estádios da Copa do Mundo
não poderão oferecer telefonia e banda larga móveis aos torcedores
conforme o planejado. Executivos do setor reconheceram, nesta
terça-feira, 20, que os atrasos nas obras das arenas de São Paulo e
Curitiba não permitirão a realização de todos os testes necessários para
os equipamentos de transmissão de 3G e 4G. O diretor executivo do
Sinditelebrasil, Eduardo Levy, disse que a Arena Corinthians e a Arena
da Baixada terão dificuldades nos serviços de telefonia e internet
devido ao pouco tempo que as empresas estão tendo para instalar seus
equipamentos.
"Nós recebemos esses projetos e as salas para a instalação dos
aparelhos com um prazo inferior a 60 dias, quando precisamos de até 150
dias para realizar o serviço. Em Curitiba e em São Paulo, haverá algumas
dificuldades", afirmou o executivo. Para além da Copa, o diretor
executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, afirmou que as empresas de
telecomunicações representadas pela entidade têm cumprido todas as metas
impostas pela Anatel. O executivo citou os investimentos de R$ 29,3
bilhões do setor em 2013, ano no qual a banda larga móvel registrou um
crescimento de 69%.