25 de abr. de 2014

Informante do FBI está ligado a ciberataques, inclusive contra o Brasil

Reportagem do jornal 'The New York Times' afirma que governo dos EUA usou hackers para obter dados de governos estrangeiros para fins de inteligência

Ação de Hector Xavier Monsegur ocorreu após a sua prisão em 2011
Ação de Hector Xavier Monsegur ocorreu após a sua prisão em 2011 (Thinkstock)
Um hacker convertido em informante do FBI orquestrou em 2012 centenas de ataques contra sites de vários governos estrangeiros e transferiu os dados roubados à agência federal americana, revelou nesta quinta-feira o jornal The New York Times. Servidores de governos de países como Irã, Turquia, Paquistão e também do Brasil são citados na reportagem como alvos da operação.
"Embora os documentos não indiquem se o FBI ordenou diretamente os ataques, dão a entender que o governo pode ter utilizado hackers para obter dados no exterior", afirma a reportagem, apoiando-se em documentos judiciais e entrevistas com pessoas envolvidas nas operações. O jornal acrescenta que isso ocorreu em um momento em que investigadores tentavam desmantelar grupos de hackers e mandar seus integrantes para a prisão.
No centro do caso está Hector Xavier Monsegur, conhecido como "Sabu", um hacker de 30 anos que após ser preso se tornou informante do FBI, no início de 2012. Membro do grupo Anonymous, ele esteve envolvido em dezembro de 2010 com a invasão de páginas de grandes empresas de cartões de crédito. Ele responde a várias acusações e pode pegar até 124 anos de prisão, mas o anúncio de sua sentença tem sido “repetidamente adiado, levando a especulações de que ele ainda esteja trabalhando como informante do governo”, afirma o NYT, acrescentando que o paradeiro do hacker é desconhecido.
Brasil – Os nomes dos países foram retirados de documentos judiciais obtidos pelo jornal. Mais de 2.000 domínios de internet foram atacados. Estiveram na mira sites dos governos do Irã, da Nigéria, do Paquistão, da Turquia, do Brasil e também as páginas da embaixada da Polônia na Grã-Bretanha e do Ministério de Energia do Iraque. Segundo um dos documentos, Monsegur repassou listas de sites a serem atacados a um hacker brasileiro. O hacker, que usa o codinome Havittaja, postou na internet algumas conversas com Monsegur em que recebe orientação para atacar páginas do governo.
Segundo a reportagem, Monsegur também convenceu outros hackers a invadir sites de autoridades sírias. "O FBI contratou mais hackers que queriam ajudar os sírios contra o regime de Bashar Assad e que na realidade davam involuntariamente ao governo americano o acesso aos sistemas de comunicação sírios", destaca um dos documentos.
Os hackers exploravam a vulnerabilidade de softwares para extrair um grande número de dados – que vão de registros bancários a informações de conexão – de servidores de vários países e baixá-los em um servidor monitorado pelo FBI. As operações são mais um indício de que o governo americano explorou grandes falhas de segurança na internet – como o recente bug Heartbleed – para objetivos de inteligência, destaca a reportagem.
Monsegur passou vários meses ajudando na identificação de outros integrantes do grupo, como Jeremy Hammond, com quem atuou em parceria no final de 2011 na sabotagem dos servidores da companhia de análise de informações Stratfor. Hammond declarou-se culpado de várias invasões dentro dos Estados Unidos e cumpre pena de dez anos de prisão no estado do Kentucky. Ele não foi acusado por nenhum crime cometido contra servidores de países estrangeiros.
(Com agência France-Presse)

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