2 de ago. de 2010

Tropas de combate dos EUA deixam o Iraque no final de agosto, anuncia Obama

Após sete anos de um conflito que mobilizou 1 milhão de soldados americanos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o fim da guerra do Iraque. Até o dia 31 de agosto todas as forças de combate deixarão o país, e uma equipe de transição com 50 mil tropas ficará em solo iraquiano até o fim de 2011.
Obama confirmou que mais de 90 mil tropas voltarão para os EUA até o final do mês e em discurso aos veteranos de diversas guerras que os EUA travaram com outros países, relembrou que o final da guerra estava de acordo com suas metas de campanha. "Deixei claro que em 31 de agosto terminaríamos nossa missão de combate no Iraque. E isso é exatamente o que vamos fazer, como prometemos, e dentro do prazo", afirmou.
O presidente disse ainda que os esforços estão mudando, e que a partir de agora os combatentes gradativamente darão lugar aos diplomatas, até que no final do ano que vem as forças de segurança do próprio país estejam treinadas para assumir totalmente o controle.
VIOLÊNCIA
Os problemas enfrentados pelo país, no entanto, parecem longe de acabar. O índice da violência no Iraque voltou a subir no mês de julho, no qual morreram 535 pessoas, muito acima dos 284 mortos em junho passado, informaram nesta segunda-feira fontes do ministério iraquiano do Interior. O mês foi o mais letal no país nos últimos dois anos.
Entre os falecidos se encontram 89 policiais e soldados iraquianos, dos quais 34 morreram em Bagdá. Do total de mortos, 176 perderam a vida em ataques na capital.
Os EUA rejeitam as estatísticas e afirmam que menos de 200 soldados morreram no último mês, informou a rede americana CNN.
Em seu discurso, Obama também rejeitou os números, afirmando que "o nível de violência no Iraque é hoje um dos mais baixos desde o início da guerra".
AUSÊNCIA DE GOVERNO
Outro motivo de dúvida quanto à estabilização do Iraque é a incapacidade de instalar um governo que seja reconhecido por todas as facções políticas. O país ainda não conseguiu formar um governo quase cinco meses após as eleições de 7 de março, quando venceu a aliança Al Iraqiya (O Iraquiano), liderada pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi, que conseguiu 91 das 325 cadeiras do Parlamento unicameral.
Em seguida se situaram as coalizões Estado de Direito, presidida pelo atual primeiro-ministro, Nouri al Maliki, com 89 deputados; e a Aliança Nacional Iraquiana, antiga parceira do governo de al Maliki, com 70 assentos. A Aliança Curda, com 43 cadeiras, é a quarta força parlamentar. A aliança de Allawi e a de al Maliki disputam o direito de serem as encarregadas de formar o novo Executivo. A primeira por ter sido a vencedora das eleições de março e a segunda por formar, após um acordo com a Aliança Nacional Iraquiana, a bancada mais numerosa.
Uma série de recontagem de votos e pedidos de impugnação de candidaturas, além de diversos atentados a bomba deixando vários mortos marcaram o período eleitoral e os meses seguintes ao pleito.
NOVA GERAÇÃO
Para Obama a guerra do Iraque provou a existência de uma "nova geração" de líderes americanos. "Nossas tropas enfrentaram insurgentes, terrorismo e diversos desafios", argumentou.
Falando aos veteranos, Obama agradeceu a militares que lutaram e chefiaram tropas durante os sete anos do conflito. "Mais mulheres foram testadas em combate no Iraque do que em qualquer outra guerra", disse.
Para o presidente é importante que os veteranos voltando do Iraque sejam bem recebidos. "Quando nossos soldados voltaram do Vietnã, foram desprezados, o que foi uma desgraça nacional. Desta vez vamos garantir que ao voltar para casa, os veteranos do Iraque sejam respeitados", afirmou.
AFEGANISTÃO
Apesar do término dos combates no Iraque, Obama reiterou a importância de manter as tropas na guerra do Afeganistão, onde os insurgentes talebans aumentam a pressão nos conflitos.
"Foi no Afeganistão e nas aldeias tribais que a Al Qaeda planejou e treinou terorristas que executaram as 3.000 mortes no dia 11 de setembro", disse.
Defendendo a manutenção do Exército dos EUA no Afeganistão, Obama disse que seu governo jamais permitirá que a Al Qaeda seja bem sucedida em perpetrar um novo atentado em solo americano.
"Caso a insurgência tome conta do Afeganistão e de certas regiões do Paquistão, a Al Qaeda poderia planejar outro ataque aos EUA, e como presidente, eu me recuso a deixar isto acontecer", disse.
Ao contrário do premiê britânico David Cameron, que acusou o governo paquistanês de "exportar o terrorismo" e fazer "jogo duplo" na guerra afegã, aliando-se tanto às potências ocidentais quanto aos militantes talebans, Obama reiterou que o Paquistão "é um importante aliado" no conflito.
"Vamos desestruturar, desestabilizar, e finalmente derrotar a Al Qaeda", indicou o chefe de Estado americano.
Após o discurso, Obama deve participar de um almoço de angariação de fundos para o Comitê Nacional Democrata, o seu mais recente esforço para obter verbas para a campanha para as eleições legislativas de novembro.

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