Além de cobrar transparência, debates devem servir para expor deficiências da política de reforma agrária
Roldão Arruda
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as atividades de movimentos e organizações não-governamentais envolvidas com a reforma agrária pode se transformar em mais uma dor de cabeça para o governo federal nas próximas semanas. Programada para iniciar suas atividades hoje à tarde, a CPI vai se debruçar especialmente sobre o repasse de verbas públicas para entidades ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST), que aumentaram durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A CPI tem força para abrir as contas das entidades e ver se o dinheiro público está sendo bem aplicado", disse o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), integrante da CPI e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária ? uma das bancadas mais influentes do Congresso. "Vamos cobrar transparência nessas transações."
Colatto acredita que os debates da CPI também sirvam para expor as deficiências da política de reforma agrária em curso no País. "Na minha opinião, temos de fazer mudanças nessa política, na qual se gasta muito dinheiro, com poucos resultados. Já se sabe que muitos assentamentos estão fracassados."
O governo não está de braços cruzados. Senadores e deputados do PT e de outros partidos da base aliada fazem parte da comissão mista. Ela será presidida pelo senador Almeida Lima (PMDB-CE), enquanto o cargo de relator caberá ao deputado Jilmar Tatto (PT-SP).
Um dos principais alvos das atividades da comissão deverá ser o MST. Tanto que ela é conhecida sobretudo como CPI do MST. Para organizações ligadas à reforma agrária e entidades de defesa dos direitos humanos, ela faria parte de uma ofensiva em curso no País destinada a criminalizar movimentos sociais.
ABAIXO-ASSINADO
Ontem, a Via Campesina, organização espalhada por diversos países da América Latina, lançou um abaixo-assinado no qual se pede que a CPI investigue crimes do agronegócio. De acordo com o texto, a investigação apenas de convênios ligados ao MST "representará, unicamente, mais uma iniciativa parlamentar de criminalização dos movimentos sociais, e não uma contribuição ao desenvolvimento e democratização do campo brasileiro".
A queda de braço entre governistas e oposicionistas, defensores do MST e ruralistas deve começar hoje cedo, antes da instalação da CPI. Será uma reunião entre parlamentares para definir uma pré-pauta para os primeiros encontros. "Vai haver muita polêmica e o cenário não está definido", diz Colatto. "Faço parte da base governista, mas nessas questões nem sempre voto com o governo. Sigo o que considero correto."
Esta é a terceira CPI que analisa ações de entidades ligadas à reforma agrária desde o início do governo Lula, em 2003.
Roldão Arruda
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as atividades de movimentos e organizações não-governamentais envolvidas com a reforma agrária pode se transformar em mais uma dor de cabeça para o governo federal nas próximas semanas. Programada para iniciar suas atividades hoje à tarde, a CPI vai se debruçar especialmente sobre o repasse de verbas públicas para entidades ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST), que aumentaram durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A CPI tem força para abrir as contas das entidades e ver se o dinheiro público está sendo bem aplicado", disse o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), integrante da CPI e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária ? uma das bancadas mais influentes do Congresso. "Vamos cobrar transparência nessas transações."
Colatto acredita que os debates da CPI também sirvam para expor as deficiências da política de reforma agrária em curso no País. "Na minha opinião, temos de fazer mudanças nessa política, na qual se gasta muito dinheiro, com poucos resultados. Já se sabe que muitos assentamentos estão fracassados."
O governo não está de braços cruzados. Senadores e deputados do PT e de outros partidos da base aliada fazem parte da comissão mista. Ela será presidida pelo senador Almeida Lima (PMDB-CE), enquanto o cargo de relator caberá ao deputado Jilmar Tatto (PT-SP).
Um dos principais alvos das atividades da comissão deverá ser o MST. Tanto que ela é conhecida sobretudo como CPI do MST. Para organizações ligadas à reforma agrária e entidades de defesa dos direitos humanos, ela faria parte de uma ofensiva em curso no País destinada a criminalizar movimentos sociais.
ABAIXO-ASSINADO
Ontem, a Via Campesina, organização espalhada por diversos países da América Latina, lançou um abaixo-assinado no qual se pede que a CPI investigue crimes do agronegócio. De acordo com o texto, a investigação apenas de convênios ligados ao MST "representará, unicamente, mais uma iniciativa parlamentar de criminalização dos movimentos sociais, e não uma contribuição ao desenvolvimento e democratização do campo brasileiro".
A queda de braço entre governistas e oposicionistas, defensores do MST e ruralistas deve começar hoje cedo, antes da instalação da CPI. Será uma reunião entre parlamentares para definir uma pré-pauta para os primeiros encontros. "Vai haver muita polêmica e o cenário não está definido", diz Colatto. "Faço parte da base governista, mas nessas questões nem sempre voto com o governo. Sigo o que considero correto."
Esta é a terceira CPI que analisa ações de entidades ligadas à reforma agrária desde o início do governo Lula, em 2003.
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