As primeiras passeatas começaram depois do meio-dia em várias cidades, incluindo Paris, Marselha, Montpellier, Nantes e Lyon com mais de 180.000 participantes.
“Não vimos nada assim semelhante desde a mobilização contra a reforma da Previdência em 2010, durante a presidência de Nicolas Sarkozy”, disse a sindicalista Dominique Holle.
A indignação popular foi motivada pela nova reforma da Previdência preparada pelo governo de Macron, uma promessa de campanha que tem como objetivo eliminar os 42 regimes especiais que existem atualmente e que concedem privilégios a determinadas categoria profissionais.
Para o governo, este é um sistema mais justo e mais simples, no qual “cada euro cotado dará a todos os mesmos direitos”. Porém, os sindicatos temem que o novo sistema adie a aposentadoria, atualmente aos 62 anos, e diminua o nível das pensões.
Macron, que estabeleceu como objetivo apresentar a reforma ao Parlamento no início de 2020, declarou nesta quinta-feira estar “determinado” a levar o projeto adiante e anunciou que na próxima semana revelará sua “arquitetura geral”, pois até o momento foram divulgadas apenas as grandes linhas.
O país funciona nesta quinta-feira em ritmo lento. Quase 90% das viagens dos trens de alta velocidade foram canceladas, 10 das 16 linhas de metrô de Paris estavam fechadas, centenas de voos foram cancelados e muitas escolas não abriram as portas.
Para evitar o caos nos transportes, muitos franceses optaram por trabalhar de casa.
“Pedi para trabalhar de casa hoje, mas espero que a greve não dure muito porque não posso fazer isto por muito tempo”, declarou à AFP Diana Silavong, executiva em uma empresa farmacêutica.
Muitas pessoas decidiram caminhar de suas casas até o local de trabalho.
O caos e a desinformação também prejudicaram os turistas, muitos deles surpresos ao ver as portas do metrô fechadas. “Ontem compramos passagens e hoje não há ninguém para nos informar”, disseram Pedro Marques e Ana Sampaio, dois portugueses que pretendiam visitar Montmartre.
– Torre Eiffel fechada –
O Castelo de Versalhes aconselhou que os turistas “adiem” as visitas de quinta-feira e sexta-feira.
Também era quase impossível chegar ao aeroporto Charles de Gaulle porque a linha de trem que liga Paris aos terminais funcionava de maneira parcial, apenas nos horários de pico.
– Refinarias paradas –
Muitas escolas do país permaneceram fechadas: 51% dos professores do ensino básico aderiram à greve.
Policiais, garis, advogados, aposentados e motoristas de transportadoras, assim como os “coletes amarelos”, o influente movimento social surgido em novembro de 2018 na França, aderiram à greve.
O movimento de protesto também recebeu o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor de um ‘best-seller’ sobre a desigualdade, assim como dos partidos de esquerda.
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