23 de nov. de 2017

Sumiço de submarino abre crise na Argentina

Presidente do país criticou almirante por ter dito que sinais captados seriam do navio, quando não eram
Buenos Aires. A reunião entre o presidente argentino, Mauricio Macri, o ministro de Defesa, Oscar Aguad, e o comandante da Marinha do país, almirante Marcelo Srur foi tensa. A primeira reclamação foi de Aguad, por ter ficado sabendo do incidente por meio da imprensa, quando se encontrava em viagem. Macri teria reforçado essa queixa.
arte Srur teria respondido que o capitão do submarino havia feito comunicação regular no começo da semana e que, segundo o protocolo, não havia motivo para alarme nas primeiras 48 horas. Quando esse tempo passou, Srur ativou os mecanismos de busca, mas sem antes informar o ministro. Um veterano no cargo, Srur tem sido criticado por Aguad desde antes do incidente.
Macri teria criticado Srur por ter soltado, no sábado (18), para os meios de comunicação, uma informação não confirmada, a de que as tentativas de contato detectadas pela Marinha seriam do submarino -informação que depois foi desmentida.
A mesma crítica foi feita ao modo como o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, vem comunicando imediatamente aos meios a detecção de ruídos e sinalizadores como indicação de que a tripulação está viva -só para, algumas horas depois, descartar a ligação dos sons com o navio.
Mas ontem, a nota de Balbi em vez de falso otimismo trouxe desalento. "Não temos nenhum rastro do submarino". O mais recente indício de que poderiam ter localizado a embarcação, a detecção de três sinalizadores de emergência por parte do navio britânico Protector, acabou em frustração. "Não são do submarino", disse Balbi.
Embarcações equipadas com sonares e um avião do Brasil e outro dos Estados Unidos foram enviados para a área, mas não encontraram nada.
Além disso, os sinais captados pela manhã, que poderiam ajudar a definir um novo perímetro para as buscas, foram investigados e imediatamente descartados. O ponto, a 300 km da costa da cidade de Puerto Madryn, coincidiu com um área indicada pela Marinha dos Estados Unidos, que disse ter localizado com um de seus aviões uma "mancha de calor" a 70 metros de profundidade. Balbi acrescentou que, na hipótese de o submarino estar na superfície, não há que se preocupar com a questão de oxigênio. Porém, "se estiver submerso, entramos numa fase crítica, porque já é o sétimo dia, e a autonomia da embarcação em termos de oxigênio passa a ser um problema"
Especialista brasileiro
Já o capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira José Américo Alexandre Dias disse também ontem que é cedo para dizer que o submarino está prestes a ficar sem oxigênio.
Segundo Dias, há diversos mecanismos que garantem oxigênio ao submarino, inclusive tanques para momentos de emergência. Ele falou em hipóteses, já que não se sabe ainda a condição atual do submarino, bem como o que o fez perder as comunicações com a superfície. Há a suspeita de que houve falha nas baterias utilizadas na propulsão do submarino.
O submarino possui tanques de oxigênio para casos de emergência, como um incêndio a bordo. Há uma tubulação em que a tripulação pode conectar máscaras para respiração. Dias explicou que é possível também reduzir de forma sensível as operações humanas a fim de diminuir o consumo de oxigênio a bordo.
O navio tem diversas formas de se "reabastecer" de oxigênio para a tripulação. A principal delas é captação de ar na própria superfície. Os submarinos do tipo convencional -caso do equipamento argentino desaparecido- recarregam as baterias por meio de um sistema ativado quando ele sobe à superfície.
Geralmente, durante esse processo ocorre a chamada "renovação atmosférica".

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