18 de out. de 2017

Grupo Estado Islâmico perde sua 'capital' na Síria

Cidade-símbolo das atrocidades do EI voltou a ser controlada pela aliança curdo-árabe apoiada pelos EUA
Rojda Felat, uma das comandantes das Forças Democráticas Sírias, andava com a bandeira de seu grupo no local onde extremistas realizavam execuções ( Foto: AFP )
Raqa. A cidade de Raqa, ex-capital do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na Síria, foi completamente tomada, ontem, pela aliança de combatentes curdos e árabes apoiada pelos EUA após vários meses de combate.
A queda de Raqa, anunciada por um porta-voz das Forças Democráticas Sírias (FDS), representa uma grande derrota para o grupo ultrarradical, que tem visto seu "califado" desmoronar na Síria e no Iraque em razão das muitas ofensivas para expulsá-lo das regiões conquistadas a partir de 2014. "As operações militares em Raqa terminaram (...) a cidade está sob controle total das FDS", afirmou o porta-voz da aliança, Talal Sello.
"Agora começam as operações de rastreamento para eliminar as células dormentes, se encontrarmos, e para retirar as minas terrestres na cidade".
Ontem, as forças curdo-árabes tomaram o hospital e o estádio municipal no centro de Raqa, os dois últimos redutos onde dezenas de jihadistas estrangeiros estavam entrincheirados. Raqa se tornou o símbolo das atrocidades cometidas pelo grupo. Nesta cidade teriam sido planejados atentados contra vários países, sobretudo na Europa.
Segunda-feira à noite, as FDS anunciaram a "libertação total" do tristemente famoso cruzamento de Al-Naïm, onde o EI realizava suas execuções quando controlava a cidade.
"Há semanas os jihadistas se retiraram deste cruzamento, mas as FDS não conseguiram controlá-lo antes em razão das muitas minas terrestres", segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Ao redor, a paisagem é de desolação: edifícios em ruínas e ruas cheias de escombros. Em mais de quatro meses de combates, 3.250 pessoas, incluindo 1.130 civis, morreram, segundo o OSDH.
Desde 5 de junho, "1.130 civis, incluindo 270 crianças e de 2.120 combatentes" do EI e das forças apoiadas pelos EUA morreram, indicou o OSDH.
Nos últimos dias, em virtude de um acordo negociado pelos líderes locais e representantes tribais, os últimos civis que estavam presos na cidade puderam ser evacuados e os extremistas sírios foram autorizados a deixar a cidade, segundo as FDS.
Alívio
Cerca de 275 jihadistas sírios e suas famílias foram evacuados. Não há informações ainda se eles foram autorizados a ir para outras regiões ainda nas mãos do EI. A coalizão internacional liderada por Washington reiterou em diversas ocasiões que os estrangeiros não seriam autorizados a deixar Raqa.
Para Um Abdallah, que fugiu da cidade há três anos, a "felicidade é indescritível". "Quando minha irmã anunciou a libertação, começou a chorar e eu também", disse o homem de 40 anos, atualmente em Kobane.

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