Superfaturamento de US$ 900 milhões na compra de 36 caças supersônicos pode ter favorecido Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho

SIGILO BANCÁRIO Documentos da
PF e do MP provam que Luis Cláudio Lula da Silva recebeu R$ 10 milhões
de forma ilegal (Crédito: ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE)

Luiz Marinho voou no caça sueco e foi decisivo para o contrato de US$ 5,4 bilhões

O Gripen era o azarão e acabou favorito. Qual o segredo? (Crédito:Divulgação)

“Temos indícios de que os R$ 10 milhões localizados na conta da LFT tenham origem no esquema dos aviões”, disse à ISTOÉ na quarta-feira 1 um dos procuradores que acompanham a Operação Zelotes. “E temos provas concretas de que o prefeito Luiz Marinho participou desse negócio”. O procurador estranha o fato de o prefeito ter influenciado na compra dos caças, ainda que em São Bernardo esteja uma das unidades da Saab. “Por que um prefeito que não tem nenhuma relação com as Forças Armadas e nenhum conhecimento técnico sobre aviões de guerra exerceu tanta influência nessa negociação?”, questiona o procurador.
É verdade que o prefeito, ex-sindicalista, não tem conhecimento técnico para optar sobre a compra de caças supersônicos e participou ativamente do processo que escolheu os caças Gripen para equipar a FAB. Mas o que não lhe faltou durante os anos de governo do PT foi influência política. Marinho é íntimo da família do ex-presidente. Considerado por Lula o melhor candidato para disputar o governo de São Paulo em 2018, é um dos poucos petistas que visita o ex-presidente sem avisar com antecedência. Embora tenha se reunido com americanos e franceses que concorreram com os suecos, Marinho sempre se mostrou um parceiro da Saab. Em 2010, o prefeito, embora não tivesse nenhum cargo formal para tratar do caso, viajou a Suécia e chegou a voar em um caça Gripen. Naquele momento, Lula havia praticamente se comprometido a comprar aviões franceses e no início do governo de Dilma os caças norte-americanos foram apontados pelo Ministério da Defesa como os favoritos. A escolha do Gripen surpreendeu a todos os especialistas. “O peso político do prefeito, muito próximo da família Lula foi determinante para a decisão”, afirma um lobista que defendia a compra dos caças norte-americanos.
De acordo com os delegados e procuradores que atuam na operação Zelotes, o rastreamento dos R$ 10 milhões encontrados na conta da empresa do filho de Lula certamente indicará a origem dos recursos. Num confronto preliminar feito com os documentos apreendidos no escritório dos lobistas, os investigadores encontraram indícios de que a empresa possa ter sido usada para receber as propinas e que parte do dinheiro possa ter sido repassada a Luiz Marinho. O prefeito nega qualquer irregularidade, mas admite ter defendido a compra dos aviões suecos junto a autoridades do governo federal. Segundo ele, o objetivo não era obter vantagens indevidas, mas criar um polo de desenvolvimento tecnológico em São Bernardo. Dois oficiais da FAB ouvidos na semana passada por ISTOÉ, no entanto, asseguram que houve pagamentos de propinas e lamentam o fato de a própria Aeronáutica não ter tido uma participação mais efetiva na elaboração do contrato.
O ex-presidente Lula já depôs nesse processo e disse achar “um absurdo” a possibilidade de seu filho e de Marinho terem se beneficiado. Nas próximas semanas, tanto o prefeito como o caçula de Lula deverão ser convocados para dar explicações.

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