1,2 milhão de eleitores votaram pela anexação ao país vizinho.
Delegação parlamentar deve chegar a Moscou nesta segunda (17).
http://g1.admin.globoi.com/admin/materia/materia/1611036/?action=pubPovo da Crimeia se juntou para acompanhar a apuração dos votos (Foto: Thomas Peter/Reuters)
A resolução foi ratificada em uma sessão extraordinária do legislativo, em que também foi decidido que a Crimeia adotará o fuso horário de Moscou, e não o de Kiev como até agora.
Os 85 deputados aprovaram por unanimidade as medidas.
O parlamento “fez uma proposta à República Soviética para admitir a República da Crimeia como um novo sujeito com status de república”, afirma um comunicado.
O documento afirma que as leis ucranianas não são mais aplicadas na Crimeia e que o governo de Kiev já não tem nenhuma autoridade sobre a península.
O primeiro-ministro da Crimeia, Serguei Axionov, anunciou uma alteração no fuso horário na península em 30 de março, que passará ao horário de Moscou (GMT+4), duas horas antes da hora de Kiev atualmente em vigor.
Anteriormente, Axionov havia anunciado que o período de transição de todas as instituições da Crimeia para a Rússia levaria pelo menos um ano.
O Parlamento anunciou ainda que o rublo é agora a moeda oficial da república separatista da Crimeia, mas a moeda ucraniana, a grivna, poderá ser utilizada até 1º de janeiro de 2016.
Uma delegação parlamentar da Crimeia era esperada em Moscou nesta segunda para discutir os procedimentos exigidos para que a península seja anexada pela Rússia.
Nesta segunda, o Parlamento da Rússia anunciou aprovará legislação para permitir a anexação “num futuro muito próximo”, segundo a agência de notícias Interfax, que citou a declaração de um deputado.
“Eu não acredito que haverá qualquer demora em considerar essas questões na Duma (câmara baixa) ou no Conselho da Federação (câmara alta). Estamos prontos para aprovar todas as decisões legais necessárias o mais rápido possível”, disse Ilyas Umakhanov, do Conselho da Federação à emissora de televisão russa "Rossiya 24".
O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, chamou o referendo de "grande farsa" decidida no Kremlin.
"A Rússia busca cobrir sua agressão na Crimeia com uma grande farsa chamada referendo, que jamais será reconhecida pela Ucrânia ou pelo mundo civilizado", declarou Turchynov aos deputados, aos quais pediu a aprovação da mobilização parcial das tropas.
Reação do ocidente
Antes mesmo de a votação começar, Estados Unidos e União Europeia comunicaram que não iriam aceitar o resultado do referendo, considerado ilegítimo. O presidente dos EUA, Barack Obama, conversou por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele disse que os EUA e seus aliados estão "preparados" para aplicar sanções a Moscou após o referendo na Crimeia. Ele ainda alertou Putin, segundo a Casa Branca, que os exercícios militares russos na fronteira da Ucrânia "só aumentam a tensão".
Em Bruxelas, os ministros europeus das Relações Exteriores devem debater possíveis sanções contra a Rússia nesta segunda.
O Conselho das Relações Exteriores discutirá se respalda uma lista de pessoas, majoritariamente de nacionalidade russa, que teriam seus ativos em território europeu congelados e seriam proibidas de viajar à UE.
Antes do encontro, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou que UE enviará "a mensagem mais forte possível" à Rússia. Ela lembrou que o referendo organizado pelas forças pró-russas é "ilegal segundo a Constituição ucraniana e a lei internacional".
A chanceler europeia pediu "mais uma vez" à Rússia que se reúna com as autoridades da Ucrânia e inicie um diálogo para diminuir a tensão da situação "o mais rápido possível".
Referendo
Os cidadãos de origem étnica russa formam 58% da população da região da Crimeia. As minorias ucraniana e tártara decidiram boicotar a votação. O número total de pessoas aptas a votar era de 1,5 milhão. Após o fechamento dos colégios, a comissão eleitoral informou que a participação foi superior a 80%. Na cidade de Sebastopol, onde a frota russa do Mar Negro tem sua base, e com um estatuto especial, o número chegou a 85%.
Agências de notícia russas chegaram a anunciar que o resultado seria mais de 90% dos votos a favor da anexação.
Na cédula de votação os eleitores foram questionados se desejariam que a Crimeia voltasse a fazer parte da Rússia. Uma segunda era se a Ucrânia deveria retornar ao status que tinha na Constituição de 1992, quando tinha mais autonomia.
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