Acordo que prevê redução do salário mínimo, demissões de servidores e cortes de aposentadorias é passo necessário para desbloquear nova ajuda
Lucas Papademos adverte que "caos descontrolado" poderia atingir o país (Ralph Orlowski/Getty Images)
Gregos esperam receber socorro de 130 bilhões de euros da UE e do FMI para evitar um calote em março
O governo grego de coalizão aprovou na madrugada deste sábado (horário local) o plano de austeridade pactuado com o grupo de entidades credoras conhecido como 'troika', formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia). A ratificação do acordo – que prevê redução do salário mínimo de 22%, a demissão neste ano de 15.000 funcionários e cortes em algumas aposentadorias – é um passo necessário para desbloquear uma nova ajuda ao país que lhe permita evitar um default em março. "A aprovação foi unânime", afirmou o gabinete do primeiro-ministro, Lucas Papademos.
O premiê advertiu nesta sexta-feira que a Grécia arriscava cair em um "caos descontrolado" se não houvesse acordo sobre o plano de austeridade, após a demissão de seis ministros que se opunham às medidas de rigor impostas pela UE e pelo FMI. Papademos fez tal advertência no conselho de ministros, realizado após outro dia de greve geral no país, afetado por episódios de violência em meio a manifestações populares.
Votação no Parlamento – A agência semioficial Athens News Agency (ANA) afirmou que o acordo passou ao Parlamento para ser submetido a votação no domingo, mas os porta-vozes governamentais não puderam ser contatados para confirmar essa informação.
Sem a aprovação de um programa econômico de austeridade drástica, a Grécia não tem possibilidades de receber nem um só centavo da ajuda de 130 bilhões de euros preparada pela UE e pelo FMI para evitar um calote em março, quando o país deve devolver 14,5 bilhões de euros em empréstimos.
Esse voto a favor, exigido pelos credores, deverá supor a aceitação para os gregos das reformas de saneamento exigidas, além do compromisso por escrito de todos os líderes políticos em aplicá-lo, visto que o programa de empréstimos durará até 2015, além do que possivelmente o atual governo irá durar.
A retirada do apoio do partido de extrema-direita Laos ao programa de austeridade somou um pouco mais de confusão à situação do país que viveu nesta sexta-feira novos confrontos, com dezenas de feridos, entre eles cinco policiais. Quatro ministros da sigla deixaram o cargo nesta sexta-feira, assim como uma ministra socialista, que se somaram à anunciada por outro membro do Executivo no início da semana. Papademos disse que "quem estiver em desacordo com o plano de rigor não pode permanecer no governo". Sem o apoio do Laos, que conta com 16 dos 252 deputados que somava até agora a coalizão governamental, Papademos ainda dispõe de maioria para aprovar o plano, apesar de correr o risco de o governo continuar rachando.
Paralelamente, em uma manifestação que reuniu cerca de 7.000 pessoas na praça Syntagma, no centro de Atenas, um grupo lançou pedras e coquetéis molotov contra a polícia, que respondeu com bombas de gás. Em outra manifestação, que reuniu 10.000 militantes comunistas da Frente dos Trabalhadores em Atenas, não houve incidentes. Assim como nos protestos de junho e outubro de 2011, o centro de Atenas estava nesta sexta-feira paralisado pela greve de 48 hroas nos transportes e os serviços públicos que se prolongará até sábado.
O plano de austeridade "será o túmulo da sociedade grega", denunciaram os sindicatos, negando que o governo tenha qualquer "legitimidade" para impor as medidas. No domingo serão convocadas manifestações na frente do Parlamento, onde as novas medidas de rigor serão votadas.
(com Agence France-Presse)
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