Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL) sempre tiveram o PT como inimigo político em Alagoas. Do lado oposto da trincheira, os petistas jamais tinham deixado de condenar as forças políticas representadas por Collor e Renan. Mas o partido chegou à tamanha inanição no Estado que, hoje, amarga o desgaste de ver sua única prefeita, Sânia Tereza, da cidade de Anadia, presa por assassinato. Sobra, agora, ao PT local um dilema que contraria todo seu passado de confronto político-ideológico. A dúvida hoje é saber a qual dos dois caciques alagoanos os dirigentes do partido vão se aliar.
Desde a última semana, Renan e Fernando Collor travam uma briga de bastidores em torno do comando da legenda. No centro da disputa entre os dois senadores está a filiação do vereador Galba Novaes (PRB) ao PT. Candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Fernando Collor em 2010, Galbinha – como é conhecido – é o nome defendido por ele para a disputa à Prefeitura de Maceió no próximo ano. Collor já ofereceu a adesão de Galba ao presidente do diretório estadual do PT, Joaquim Brito. Diante da oferta, o petista se entusiasmou com a possível candidatura com amplas chances de vitória, já que Galba foi o segundo mais votado na eleição à Câmara Municipal, em 2008. O problema é que Brito não apita o jogo sozinho. Ele depende politicamente de Renan, cujo apoio abriu portas para o petista e lhe garantiu a ascensão política.
Nos últimos dias, persistia a dúvida. Brito concorda com a estratégia de Collor de viabilizar Galbinha. Mas ainda não recebeu sinal verde de Renan. O silêncio deixou o jogo paralisado e tem irritado Collor. Sem o apoio de Renan, a filiação de Galba ao PT pode ser inócua politicamente para ele. No fim das contas, é Renan quem avaliza ou não a candidatura de Galba à Prefeitura de Maceió. Hoje, o peemedebista controla o partido no Estado. Na última hora, Renan pode puxar o freio anunciando apoio a outro candidato do PT ou articular uma aliança ditada por ele entre petistas e outras legendas. Neste caso, mesmo filiado ao PT, que é o que Collor deseja, Galba se tornaria um peso morto no partido. “Nossa meta é formar uma ampla aliança com o apoio do prefeito Cícero Almeida. Estamos tentando construir acordos”, diz o presidente estadual da legenda. Resta saber se Renan vai abrir uma brecha para Collor ganhar espaço no PT do Estado. O temor dos aliados de Renan é que ele acabe sendo engolido politicamente por Collor num futuro próximo. “Não podemos dar asas a cobra”, alerta uma pessoa próxima a Renan. Enquanto isso, o PT se vê refém das conveniências políticas dos dois caciques. E, quem diria, no horizonte, enxerga como única tábua de salvação um acordo com forças políticas que sempre combateu.
25 de set. de 2011
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