O carro zero sempre ocupou as primeiras posições na lista de desejos da maioria da população. Mesmo com as facilidades e oportunidades oferecidas pelas montadoras e concessionárias, no entanto, o sonho de consumo pode se tornar pesadelo se os compromissos financeiros com o novo patrimônio não forem computados no orçamento. Os custos mensais com um carro popular, na faixa de R$ 25 mil a R$ 28 mil, ultrapassam R$ 900 . O valor pode aumentar consideravelmente se a opção for pelo financiamento. Ou seja, em menos de três anos da data da compra é possível adquirir um similar apenas utilizando o dinheiro das despesas com o veículo. O proprietário de um carro zero também é responsável por uma série de contas obrigatórias para que o veículo rode em perfeito estado e de acordo com a lei, como combustível, seguro, Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA), licenciamento e manutenção. Há, ainda, outros gastos variáveis, como eventuais multas, reparos, estacionamento e lavagem, que fazem parte do pacote de quem não quer optar por outro modal. “Além dos custos, existe a questão da depreciação do veículo, que pode chegar, em média, a 15% ao ano nos três primeiros anos, e o fato de que o dinheiro utilizado na compra poderia estar rendendo no banco. Considerando todos esses fatores, o mais vantajoso para a pessoa é gastar R$ 40 por dia andando de táxi”, aponta Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor do livro Como organizar sua vida financeira, entre vários outros títulos ligados às finanças pessoais. “Ter a vida financeira mais flexível, sem compromissos fixos, é mais interessante e fácil de administrar”. Ainda de acordo com o especialista, o cálculo pode ser estendido para os automóveis que custam até R$ 45 mil reais. “Os carros de luxo estão fora porque os donos não tem essa preocupação. A análise vale para pessoas das classes B e C”, diz Cerbasi. Para o arquiteto do programa de gestão urbana da PUC Clóvis Ultramari, quecompanha a mesma opinião, Curitiba é uma cidade que permite a combinação de táxi e ônibus. “É irracional chegar de carro ao Centro. Curitiba permite que as pessoas façam muitas combinações e evitem a qualquer custo o automóvel”, afirma. Instrumento de trabalho Mesmo com gastos elevados na manutenção e conservação do automóvel, alguns proprietários têm no veículo uma ferramenta importante no seu dia a dia. O técnico em informática Adriano Carlos Pacher percorre diariamente cerca de 100 quilômetros por conta dos seus compromissos profissionais e algumas tarefas pessoais. “Eu visito uma média de seis clientes por dia em várias partes da cidade, além de levar e buscar a minha filha na escola e ir para academia de natação. Sem carro seria impossível trabalhar, tanto que, no mês que fiquei sem carro, peguei um emprestado”, explica. Os gastos com o modelo Uno, escolhido propositalmente por ser um carro econômico, chegam aos R$ 800 mensais, sendo metade apenas com combustível. Em determinados períodos, quando é época de revisão ou há gasto extra com estacionamento, o valor ultrapassa os R$ 1 mil. “Mesmo assim, não consigo cogitar a minha vida sem carro”, ressalta Pacher. “Se fosse fazer as visitas aos clientes de táxi, parte considerável do valor cobrado seria consumida. E, de ônibus, eu perderia muito tempo e só conseguiria cumprir metade dos compromissos”.
10 de abr. de 2011
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