21 de fev. de 2011

Militares já estão a caminho de Missão de Paz no Haiti

Canoas - O embarque da primeira turma de militares para o Haiti ontem à tarde foi marcado pela emoção. Sentimentos de tristeza, saudade e orgulho se misturavam nos olhos marejados daqueles que ficaram no Brasil na esperança de que daqui a seis meses, quando a tropa retornar, o abraço seja de boas vindas. A despedida dos 128 homens de Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Porto Alegre, Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Itaqui, Jaguarão, Nova Santa Rita, Pelotas, Rio Grande, Rosário do Sul, Santa Maria, Santana do Livramento, São Gabriel, além de militares de Brasília (DF), Florianópolis (SC), Juiz de Fora (MG), Resende (RJ) e Rio de Janeiro (RJ), ocorreu na Base Aérea de Canoas.
Às 13h56, o primeiro militar ingressou no avião KC 137 que levará a tripulação até Boa Vista, em Roraima, e seguirá hoje pela manhã para a capital Porto Príncipe. A previsão de chegada é hoje ao meio-dia (horário do Haiti). Essa é a primeira viagem de sete que serão necessárias para levar os 800 militares que formaram o 14.º Contingente do Batalhão Brasileiro no país, integrando a Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah). As viagens prosseguem até dia 7 de março.

Sargento de volta a Porto Príncipe

Sete anos após ter auxiliado o povo haitiano, o sargento Adron Schmidt Steindorff, 40 anos, retorna à capital Porto Príncipe. A experiência adquirida em 2004 quando integrou o primeiro contigente brasileiro no Haiti será aliada para sua segunda missão. ‘‘Estou curioso para verificar de perto como está a situação e ajudar no que for preciso’’, disse o sargento, que deixa a esposa Marlei Rosane, 38, e a filha Gabriela, 15. ‘‘A saudade vai apertar, mas já vivi a experiência da distância, então será mais ameno’’, completou.

Dispensa a cada três meses

Para quem ficou, a certeza do reencontro é um dos motivos para suportar a saudade. ‘‘Não é fácil deixá-lo partir, mas sei que ele em breve estará de volta’’, diz a administradora Angélica Colvero Della Valentina, 34 anos, esposa do comandante da 1ª Companhia de Força de Paz, capitão Jefferson Della Valentina, do 19º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMtz), que liderará os 200 militares de São Leopoldo na missão de paz. Para diminuir a saudade da família, Della Valentina levou fotos dos momentos que passou com filho Matheus, 2 anos. Ao lado da mãe e da avó Hilda, 76 anos, o pequeno Matheus olhava os retratos antes de entregá-los ao pai, que explica que a cada três meses os militares têm 33 dias de dispensa. ‘‘Espero vir ao aniversário do meu filho em maio.’’

Telefone e Internet para matar a saudade

Internet e telefone serão as armas para matar a saudade dos familiares. O cabo Marcelo da Rosa, 22, prometeu tentar se comunicar com a namorada Flávia Batista de Souza, 19, sempre que possível. ‘‘Quando estiver liberado da missão farei contato, é única forma de diminuir a saudade’’, disse ele. A mesma promessa fez o sargento José Vivaldino Rosa do Santos, 29, à esposa Shirlei Santos, 28, e à mãe Gessi, 58. ‘‘Mesmo distante, estarei presente, mesmo que seja com auxílio de uma webcam’’, garantiu.

Região presente

Dos 800 homens que serão levados ao Haiti, 200 são do 19º BIMtz de São Leopoldo e 143 do 18º BIMtz de Sapucaia do Sul, sendo que ontem embarcam 40 homens de Sapucaia e 11 de São Leopoldo. A cada três dias um novo efetivo será enviado ao Haiti. Pouco mais de um ano depois do terremoto que assolou o país, a nova tropa terá a missão de manter o ambiente seguro e estável. Para isso, durante seis meses participou de treinamento, que incluiu estudo dos idiomas locais creole e francês. Essa é a quarta vez que o 19º BIMtz participa da missão. O 18º BIMTz participa pela segunda vez.

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