Há quase três semanas, o país está mergulhado em uma crise social que não dá trégua.
Um dia depois de confrontos, saques e incêndios terem sido registrados no bairro de Providencia, alcançando lugares até então relativamente ilesos dos protestos, Piñera divulgou nove medidas para reforçar o controle da ordem pública, ao mesmo tempo em que propôs dar urgência a um projeto de lei contra manifestantes encapuzados que provoquem confusão nas ruas.
“Estamos convencidos de que esta agenda representa e constitui um aporte significativo e importante para melhorar nossa capacidade de resguardar a ordem pública”, justificou Piñera, em uma mensagem no Palácio presidencial.
O presidente anunciou ainda a criação de uma equipe especial de advogados para tratar dos crimes de desordem, de um estatuto especial para a proteção de policiais e a modernização do sistema nacional de Inteligência.
Piñera também convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional (Cosena), integrado pelas principais autoridades do país.
O chefe do Executivo não fez qualquer nova proposta social ou política para enfrentar a crise, o que despertou fortes críticas na oposição.
“A convocação do Cosena é o pior sinal que se pode dar à população que exige uma mudança pacífica. Isto favorece o protagonismo dos grupos minoritários violentos, que buscam o confronto”, avaliou o senador do Partido Socialista José Miguel Insulza.
– Tour ao “oásis” –
Nesta quinta-feira, uma convocação pelas redes sociais chamava para um “grande tour ao oásis”, em referência ao bairro de Las Condes, uma região “nobre” de Santiago.
Poucos dias antes do início dos protestos, Piñera havia qualificado o Chile como “um oásis” na América Latina.
Um protesto chegou a Vitacura, um bairro de residências e sedes de organismos internacionais, embaixadas e comércio de luxo.
Representantes do Colégio Médico, estudantes e funcionários de consultórios públicos exigiram da OMS que se posicione sobre “as violações dos Direitos Humanos e as mortes que ocorreram no Chile” durante os protestos.
A onda de protestos atinge com força a economia chilena, especialmente o peso, que chegou ao seu menor valor em 16 anos, junto às atividades de comércio e turismo.
“Para a economia foi um desastre. Este trimestre vamos ter crescimento negativo, sem qualquer dúvida, e o dólar vai subir muito mais. Então é um quadro muito complicado e estou muito pessimista”, avaliou nesta quinta-feira o economista Sebastián Edwards, professor da Universidade da Califórnia em Los Ángeles (UCLA).
Neste cenário, os organizadores da popular campanha Teletón, que arrecada dinheiro para ajudar crianças deficientes, decidiram adiar o evento para abril de 2020.
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