6 de ago. de 2016

Uber da hospedagem, site Airbnb traz 66 mil turistas para Rio 2016

Locação de quartos e imóveis por meio de site é opção econômica para turista e lucrativa para anfitrião

Marlos Mendes
Rio - Os juros sobem, o pagamento do Estado atrasa, as contas a pagar se acumulam sobre a mesa, assim como as tranqueiras naquele "quartinho da bagunça" e o abandono do quarto do filho que foi estudar em outro estado, casou, ou simplesmente bateu asas. Dois problemas. Ou um problema e uma solução. Muitos brasileiros já descobriram como fazer espaço que está sobrando — ou até mesmo a casa inteira — render uma graninha extra e ajudar no orçamento. Dos turistas que virão ao Rio para a olimpíada, mais de 66 mil ficarão hospedadas em casas de pessoas que se tornaram anfitriões por temporada. A senha do sucesso: Airbnb
Os bês significam para "bed and breakfast" (cama e café da manhã), sigla conhecida no exterior como sinônimo de hospedagem mais em conta que hotel tradicional e que começa a entrar no vocabulário do brasileiro. O site chegou com a Copa de 2010 e é parceiro oficial da Rio 2016. A ideia por trás do site é a "economia de compartilhamento". Soa familiar? E é. O Airbnb é como um Uber para hospedagem. O site conecta pessoas que buscam acomodações com outras que podem oferecê-las, oferece um sistema de pagamentos por cartão de crédito ou boleto, e um sistema de reputação em que visitantes e anfitriões comentam suas experiências. Uma alternativa econômica e lucrativa que não esbarrou na legislação em vigor. No mundo, são 2 milhões de acomodações em 34 mil cidades espalhadas por 191 países.
Leonardo Tristão, diretor geral no Brasi e Joe Gebbia, co-fundador e CTO do Airbnb
Foto: Divulgação
Mas quem hospedaria estranhos em casa? No Rio de Janeiro são 21.500 anfitriões (53% mulheres) e 33 mil anúncios ativos. A maioria deixa o imóvel todo para os hóspedes (75% dos anúncios) e menos de um terço disso (23% dos anúncios) oferece quarto privativo. A média de idade do anfitrião airbnb no Rio é de 42 anos, e ganho anual de R$ 7.000. Entre os hóspedes (metade brasileiros), a média é de 3 pessoas por reserva e 6 dias de estadia. Segundo o Airbnb, esse público vai gerar R$ 81 milhões para os anfitriões e deixar R$ 247 milhões na cidade.
A história do airbnb remete ao sonho de todo empreendedor da área de tecnologia. Em 2008, Joe teve a ideia de alugar o espaço que estava sobrando em seu apartamento em São Francisco. Passou alguns apertos, como toda start up, conseguiu financiamento, cresceu, bombou e hoje está em 191 países. A Copa de 2010 foi a primeira etapa no Brasil. A demanda por hospedagem criada pela Rio 2016 caiu como uma luva. "Pelo tamanho do evento, fazia sentido acomodar as pessoas em casas que já existem. E o que pode ser melhor para um turista do que ser recebido por um carioca", comentou Joe Gebbia, co-fundador e CTO do Airbnb em encontro com jornalistas no Rio (numa casa que é alugada pelo site, claro).
O maior desafio para um público preocupado com segurança como o carioca deve ser convencer os novos usuários de que o serviço é seguro. Segundo Leonardo Tristão, dirertor geral do Airbnb no Brasil, a empresa tem como pilares de segurança o sistema de pagamentos e de comentários. "O anfitrião só recebe 24 horas após o check-in. E há um seguro de até 1 milhão de dólares para o imóvel", explica. Nas contas do Airbnb, há uma queixa de anfitrião por dano a cada 105 mil hospedagens. "A plataforma me dá total segurança. Já recebi 103 convidados e nunca apareceu um risco de caneta na minha casa", conta Eliana Gringo, moradora de Ipanema que, mantém perfil no site com o marido Savério.
Após as olimpíadas, o objetivo é se consolidar como opção para o turismo doméstico. Se na Copa o público era principalmente estrangeiro e na olimpíada a divisão foi quase meio a meio, a partir de agosto as reservas de brasileiros, principalmente famílias, devem aumentar. Afinal, a olimpíada passa logo, mas fica a vocação do Rio de Janeiro para o turismo, e aquela necessidade de um reforço no orçamento.

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