23 de out. de 2011

Com Cristina como favorita, Argentina dá início a eleição geral

Os colégios eleitorais abriram as portas neste domingo para que 28,6 milhões de argentinos votem para escolher o presidente do país para os próximos quatro anos, em um pleito em que a atual governante Cristina Kirchner parte como ampla favorita para vencer já no primeiro turno.

As urnas ficarão abertas até as 18h (19h de Brasília).

Como foi determinado nas primárias de 14 de agosto, além de Cristina, líder do peronista Frente para a Vitória, outros seis candidatos lutarão pela Presidência.

O socialista Hermes Binner, o radical Ricardo Alfonsín, os peronistas dissidentes Eduardo Duhalde e Alberto Rodríguez Saá, a centrista Elisa Carrió e o esquerdista Jorge Altamira.

Pela legislação do país, o vencedor deverá somar 45% dos votos ou 40% com dez pontos de diferença sobre o segundo para se tornar o próximo líder no primeiro turno.


Arte/Folhapress

Além de eleger aquele que vai dirigir o país até 2015, este renova 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço das 72 do Senado.

Ao todo, 86.061 mesas mistas foram distribuídas em 12.728 centros de votação no país e no exterior. A estimativa é que 50 mil argentinos votem em outros países.

Conforme o diretor nacional eleitoral, Alejandro Tulio, neste pleito vão trabalhar 180 mil presidentes de mesa, 250 mil fiscais partidários, 20 mil delegados eleitorais e 100 mil empregados do serviço estatal dos correios.

Para este dia serão mobilizados ainda 115 mil agentes das Forças Armadas e policiais de 24 distritos eleitorais do país.

FAVORITISMO DE CRISTINA

Impulsionada pela forte recuperação da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, 58, deverá ser reeleita neste domingo no primeiro turno com a chance de se tornar um dos presidentes mais bem votados da história do país, ao lado de nomes como Juan Perón.

Única representante do projeto político iniciado por seu marido, Néstor Kirchner (1950-2010), em 2003, e explorando o luto e o legado do ex-presidente, Cristina encontrou um caminho tranquilo para a reeleição com uma oposição fragmentada.

Segundo os prognósticos, a presidente pode superar o segundo colocado em até 40 pontos, algo inédito na história das eleições argentinas.

Pesquisa mais recente da consultora Management & Fit dá a Cristina 54,3% dos votos. Os indecisos estão em segundo, com 14,3%. Logo atrás vêm o socialista Hermes Binner, com 11%, Rodríguez Saá (peronista dissidente) e Ricardo Alfonsín (UCR), ambos empatados com 5,5%.

Quem mais caiu foi o também peronista dissidente Eduardo Duhalde, com 4%. A conservadora Elisa Carrió, que chegara em segundo na primeira eleição de Cristina, mal consegue 1% dos votos.

Para Mariel Fornoni, diretora da Management & Fit, o fato de a oposição ter ido tão mal nas primárias, em agosto, fez muita gente se decepcionar com os candidatos e retirar os seus votos -daí o grande número de indecisos.

Eleita em 2007 após mandatos no Congresso, Cristina seguiu na Casa Rosada a cartilha do marido, responsável por reerguer o país após a crise de 2001. Com forte intervenção do Estado, os governos Kirchner fizeram a economia crescer à média de 9% ao ano e reduziram a pobreza com programas sociais.

Ela também apoiou bandeiras progressistas, como o casamento gay e uma política de direitos humanos que incentiva o julgamento de militares que cometeram crimes na última ditadura (1976-83).

"Eles conseguiram algo semelhante ao que Lula fez no Brasil, de recuperar a autoestima, principalmente dos mais pobres", disse à Folha o analista Ricardo Rouvier.

A repentina viuvez de Cristina contribuiu para sua popularidade. Antes da morte de Néstor (por infarto, em 27 de outubro de 2010), sua avaliação estava em declínio.

Além do luto que já dura quase um ano, Cristina passou a se referir a Néstor em discursos, quando costuma chorar, usando apenas "Ele".

A morte do marido amenizou o tom de confrontação que lhe era característico, embora seu governo continue promovendo ações contra a imprensa independente e empresas não alinhadas.

A presidente também distanciou-se do sindicalismo para fomentar o crescimento do La Cámpora, grupo jovem criado por seu filho Máximo cujos integrantes ocupam diversos cargos no governo.

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