16 de fev. de 2009

MENSALÃO


Dirceu pagará para STF ouvir estrangeiros
Ex-ministro e outros acusados preferem que testemunhas do exterior não venham ao Brasil
Felipe Recondo, BRASÍLIA

O ex-ministro José Dirceu foi o primeiro a responder ao Supremo Tribunal Federal e a manter a decisão de, no processo do mensalão, pedir que o STF ouça suas testemunhas no exterior. Uma conta simples demonstra que a estratégia de 10 dos réus da ação do mensalão ao arrolarem testemunhas fora do Brasil é atrasar a conclusão do processo.
Para que a Justiça ouça as testemunhas no exterior - Portugal, Bahamas, Argentina e Estados Unidos -, os réus terão de desembolsar, por decisão do ministro que relata o processo, Joaquim Barbosa, R$ 19,1 milhões, custo da tradução juramentada de todos os 91 volumes da ação. Se pagassem para que as 13 testemunhas viessem ao Brasil, o custo baixaria para R$ 107 mil, incluindo passagens aéreas de ida e volta e estada de três dias na mais luxuosa suíte de um dos melhores hotéis de Brasília.
Além de mais barato, o processo correria mais rápido. E é exatamente por essa celeridade que os réus devem optar por pagar muito mais caro e deixar as testemunhas longe do Brasil. Para ouvi-las, a Justiça terá de cumprir um trâmite burocrático que atrasará o andamento do caso. Quanto mais o tempo passar, mais fácil para alguns se livrarem de uma condenação. Diante dos altos custos, Barbosa deu prazo para que os réus decidam se querem ou não arcar com as despesas de um interrogatório no exterior.
Dirceu confirmou a disposição de pagar para que sejam ouvidos, em Portugal, Miguel Horta e Costa, da Portugal Telecom, e António Luís Guerra Nunes Mexia, ministro de Obras públicas, Transportes e Comunicações. A opção do ex-ministro é barata porque os processos não precisarão passar pela tradução juramentada, uma vez que as testemunhas são portuguesas. Outros nove réus ainda não responderam à consulta.

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