A nova política venceu com a eleição de Davi Alcolumbre para presidir o Senado, mas velhas raposas insistem em manter o seu poder com indicações políticas
Davi Alcolumbre ainda tenta mudar práticas antigas, mas precisará de muito trabalho para vencer o poder paralelo na Casa
Talvez o maior exemplo desse poder paralelo venha justamente daquele que foi o principal adversário de Davi na disputa pela presidência do Senado: Renan Calheiros (MDB-AL). No final de março, Alcolumbre começou uma série de demissões no Senado para limpá-lo da velha política. Foram cerca de 150 exonerações que atingiram em cheio velhos caciques como o próprio Renan, o senador Jáder Barbalho (MDB-PA), o ex-presidente José Sarney (MDB-AP) e o ex-presidente do Senado, Eunício de Oliveira (MDB-CE).
Uma das pessoas exoneradas na época foi Paula Meschesi de Oliveira Souza, que é mãe de um neto do senador Renan Calheiros. Ela trabalhava como assessora parlamentar do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), com salário de aproximadamente R$ 23 mil. Era, sem dúvida alguma, um dos maiores rendimentos do Senado. Oficialmente, Paula passou um mês desempregada. Graças a Renan, ela voltou a trabalhar no próprio ILB, em um cargo um pouco inferior ao que tinha. Para não fazer muito alarde, agora Paula recebe salário de R$ 13,3 mil.
Poderosos
Sarney também conseguiu fazer um movimento parecido de proteção aos seus aliados. Ex-senador, ele ainda é poderoso no Senado. Igualmente conseguiu manter no cargo, na Secretaria-Geral da Mesa, Tânia Fusco, que exerce função como assistente parlamentar intermediário. Ela também ficou no Senado sob o guarda-chuva de Renan, que continua mostrando seu poder paralelo.
Uma outra jogada dos caciques foi feita pelo senador Jáder Barbalho (MDB-PA). Ele tinha uma aliada no Senado, Iara Jonas, ocupando o posto de assessora parlamentar na Presidência da Casa. Iara foi exonerada por Alcolumbre e Jáder foi obrigado a abrigá-la como assessora parlamentar no seu próprio gabinete, com salário de R$ 22,9 mil. Essa servidora ficou conhecida em 2016 ao ser citada por um delator da Lava Jato, Felipe Rocha Parente, como uma das pessoas que ajudavam no processo de distribuição de propinas obtidas por meio de contratos da Transpetro junto à cúpula do MDB.
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