29 de mar. de 2010

No caso Nardoni, bandidos foram para cadeia


A possibilidade de anular o julgamento do casal Nardoni com base em lei que já não existe é bem o retrato de um país em que, na Justiça, leis são feitas para protelar, enrolar, retardar e não para fazer Justiça. Leis boazinhas, que refletem a cultura nacional da impunidade e estimulam o crime.

O caso Nardoni é um caso típico de crime com todos os ingredientes para levar à pena máxima. A primeira impressão, de que finalmente o bandido vai para a cadeia (foi isso que decidiu o júri) já está tremilhando ante a possibilidade de decepção com aquilo que, no futebol, se chama de tapetão. É uma instituição nacional essa história de ganhar na chicana. Imaginem uma lei que desestimula uma lei acima de 20 anos porque o júri pode ser anulado.

A lei não existe mais e ainda se pensa que ela pode ser aplicada porque vigorava na época em que Isabella foi morta.

Também chamou atenção a comoção das pessoas do lado de fora do fórum, em São Paulo. É um marco. É um caso em que os bandidos foram para a cadeia. Alexandre teve pena maior porque é o pai. Não teve sequer o arrependimento que levaria à confissão. Os jurados se aplicaram para não cometer injustiça. Exerceram a cidadania.

Mas e os outros bandidos: os de colarinho branco, da corrupção, que também matam? Matam na saúde pública, onde falta UTI para crianças? E o que foi para paraíso fiscal, para meias, para bolsas, para cuecas, para mensalões de várias siglas? O que sobre no caixa 2 e falta na educação, matando o futuro? Ou falta na segurança, ferindo o presente? Falta no asfalto, para a Justiça de primeira instância? Contra esses ainda não há a mesma indignação que se viu na frente do fórum de Santana.

http://colunas.bomdiabrasil.globo.com/alexandregarcia/

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